Preso na Opera��o Cobra, fase 42 da Lava-Jato, o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine pediu propina ao empreiteiro Marcelo Odebrecht 'na v�spera de assumir a presid�ncia' da estatal, afirma o Minist�rio P�blico Federal. Bendine assumiu o cargo em 6 de fevereiro de 2015.
Na ocasi�o, a Lava-Jato estava pr�xima de completar um ano. A fase ostensiva da investiga��o foi deflagrada em mar�o de 2014.
Segundo o Minist�rio P�blico Federal, 'as indica��es s�o de que o pedido foi feito para que o grupo empresarial Odebrecht n�o fosse prejudicado na Petrobras, inclusive em rela��o �s consequ�ncias da Opera��o Lava Jato'.
A pedido da for�a-tarefa do Minist�rio P�blico Federal no Paran�, a Justi�a expediu e a Pol�cia Federal cumpre, na manh� desta quinta-feira, 27, tr�s mandados de pris�o tempor�ria e 11 de busca e apreens�o em nova fase da Lava Jato.
Os focos principais desta opera��o s�o, al�m de Aldemir Bendine, operadores financeiros suspeitos de operacionalizarem o recebimento de R$ 3 milh�es em propinas pagas pela Odebrecht em favor do ex-presidente da Petrobras.
O principal alvo desta nova fase esteve � frente do Banco do Brasil entre 17 de abril de 2009 e 6 de fevereiro de 2015, e foi presidente da Petrob�s entre 6 de fevereiro de 2015 e 30 de maio de 2016.
"H� evid�ncias indicando que, numa primeira oportunidade, um pedido de propina no valor de R$ 17 milh�es foi realizado por Aldemir Bedine � �poca em que era presidente do Banco do Brasil, para viabilizar a rolagem de d�vida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial", diz a Procuradoria.
Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, executivos da Odebrecht que celebraram acordo de colabora��o premiada com o Minist�rio P�blico, teriam negado o pedido de solicita��o de propina porque entenderam que Bendine n�o tinha capacidade de influenciar no contrato de financiamento do Banco do Brasil.
De acordo com o Minist�rio P�blico Federal, em decorr�ncia deste novo pedido e com receio de ser prejudicada na estatal petrol�fera, a Odebrecht, conforme depoimentos de colaboradores, informa��es colhidas em busca e apreens�o na 26ª fase da Lava Jato (opera��o Xepa) e outras provas de corrobora��o, optou por pagar a propina de R$ 3 milh�es. O valor foi repassado em tr�s entregas em esp�cie, no valor de R$ 1 milh�o cada, em S�o Paulo. Esses pagamentos foram realizados no ano de 2015, nas datas de 17 de junho, 24 de junho e 1º de julho, pelo Setor de Opera��es Estruturadas da Odebrecht.
J� neste ano de 2017, um dos operadores financeiros que atuavam junto a Bendine confirmou que recebeu a quantia de R$ 3 milh�es da Odebrecht, mas tentou atribuir o pagamento a uma suposta consultoria que teria prestado � empreiteira para facilitar o financiamento junto ao Banco do Brasil. Todavia, a investiga��o revelou que a empresa utilizada pelo operador financeiro era de fachada.
Al�m disso, n�o foi apresentado nenhum material relativo � alegada consultoria e n�o foi explicado o destino de valores, a forma oculta do recebimento, a aus�ncia de contrato escrito para servi�os de valor milion�rio e o motivo da diminui��o do valor de tais servi�os, que inicialmente seriam, conforme reconhecido pelo pr�prio operador, de R$ 17 milh�es, para R$ 3 milh�es.
Buscando dar apar�ncia l�cita para os recursos, o operador financeiro, ap�s tomar ci�ncia das investiga��es, efetuou o recolhimento dos tributos relacionados � suposta consultoria, cerca de dois anos ap�s os pagamentos, com o objetivo de dissimular a origem criminosa dos valores. H� ind�cios que a documenta��o tamb�m foi produzida com intuito de ludibriar e obstruir as investiga��es.
"A colabora��o premiada dos executivos da Odebrecht foi o ponto de partida das investiga��es. A partir da�, a investiga��o se aprofundou e revelou estreitos v�nculos entre os investigados e permitiu colher provas de corrobora��o dos il�citos narrados", diz a for�a-tarefa.
Dentre as dilig�ncias efetuadas est�o an�lise de liga��es telef�nicas, identifica��o junto a hot�is de reuni�es secretas, descoberta mediante an�lise de cart�es de cr�dito de encontros em restaurantes, colheita de comunica��es ocultas por aplicativos de celular que eram destru�das em tempo pr�-determinado para apagar os vest�gios de crimes, bem como exame de anota��es que apontam para pagamentos de despesas de hospedagem em favor de familiares de Aldemir Bendine.
Para o procurador da Rep�blica Athayde Ribeiro Costa, "� incr�vel topar com evid�ncias de que, ap�s a Lava Jato j� estar em est�gio avan�ado, os criminosos tiveram a aud�cia de prosseguir despojando a Petrobras e a sociedade brasileira. Os crimes recentes s�o a prova viva de que a pris�o � necess�ria para frear o �mpeto criminoso de um esquema que vem desviando bilh�es h� mais de d�cada".
"H� quem fale que as investiga��es contra a corrup��o t�m que acabar, mas casos como esse deixam claro que os criminosos n�o v�o parar. Pregar o fim da Lava Jato � defender a liberdade para os ladr�es do dinheiro p�blico prosseguirem. Se queremos um Brasil com menos corrup��o, � preciso ir at� onde eles foram e est�o dispostos a ir", disse a procuradora da Rep�blica Jerusa Burmann Viecili.
"Preocupa a todos n�s o arrefecimento do investimento na Lava Jato pela dire��o da Pol�cia Federal", destacou o procurador da Rep�blica Deltan Dallagnol, coordenador da for�a-tarefa no MPF/PR. "Das �ltimas sete opera��es da Lava Jato, seis foram pedidas pelo Minist�rio P�blico. � preciso preservar o trabalho da Pol�cia Federal nas investiga��es. O Ministro da Justi�a e o Delegado-Geral t�m poder e a consequente responsabilidade sobre o tamanho do efetivo, que foi reduzido para menos de metade", completou.
Defesa
O advogado Pierpaolo Bottini, que defende Aldemir Bendine, afirmou que desde o in�cio das investiga��es "Bendine se colocou � disposi��o para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e banc�rios ao inqu�rito, demonstrando a licitude de suas atividades". "A cautelar � desnecess�ria por se tratar de algu�m que manifestou sua disposi��o de depor e colaborar com a justi�a", disse Bottini.