Aldemir Bendine 'Cobra' era presidente da Petrobras quando encontrou o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, em 31 de julho de 2015, para celebrar a devolu��o de R$ 139 milh�es desviados da estatal e recuperados pela Opera��o Lava-Jato. Trinta dias antes do evento - um marco na guerra contra a corrup��o que devastou a estatal petrol�fera -, Bendine recebeu, segundo o Minist�rio P�blico Federal, a terceira parcela de R$ 1 milh�o da propina paga pela Odebrecht.
Segundo a for�a-tarefa da Lava-Jato, na v�spera de assumir a presid�ncia da Petrobras, Aldemir Bendine e um de seus operadores financeiros exigiram propina aos executivos Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, da Odebrecht. O pedido teria sido feito para que o grupo empresarial n�o fosse prejudicado na Petrobras e em rela��o �s consequ�ncias da Lava Jato.
Em decorr�ncia deste novo pedido e com receio de ser prejudicada na estatal petrol�fera, a Odebrecht optou por pagar a propina de R$ 3 milh�es. O valor foi repassado em tr�s entregas em esp�cie, no valor de R$ 1 milh�o cada, em S�o Paulo. Esses pagamentos foram realizados no ano de 2015, nas datas de 17 de junho, 24 de junho e 1º de julho, pelo Setor de Opera��es Estruturadas - o departamento de propina da empresa.
O encontro com Janot ocorreu 30 dias depois do pagamento da �ltima parcela de propina da Odebrecht a Bendine 'Cobra'.
Em 31 de julho de 2015, em clima solene, o ent�o presidente da Petrobras e o procurador-geral da Rep�blica assinaram um termo de restitui��o de R$ 139 milh�es aos cofres da estatal.
Deste total, R$ 69 milh�es foram devolvidos pelo ex-gerente executivo da Petrobras Pedro Jos� Barusco Filho e R$ 70 milh�es devolvidos pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa.
Na ocasi�o, Bendine anunciou que a estatal havia tornado mais rigoroso o processo de gest�o de fornecedores. O ent�o presidente da Petrobras, que chegou � estatal com a miss�o de implantar um modelo exemplar de governan�a, afirmou que a corrup��o era 'uma pr�tica individual, mas cabia �s empresas criar mecanismos para impedir danos � reputa��o'.
"Fornecedores que falharem nessas condi��es ser�o exclu�dos de cadastro", advertiu Bendine, com autoridade. E lan�ou um desafio aos corruptos. "N�o aceitaremos passivamente o papel de v�tima. Fomos v�timas de pessoas que usaram seus cargos para obter benef�cios."
R$ 139 milh�es foram a segunda parcela devolvida � Petrobras. Em 11 de maio de 2015, Bendine j� havia participado da primeira devolu��o de dinheiro desviado da estatal. Naquele dia, o Minist�rio P�blico Federal fez uma entrega simb�lica de mais R$157 milh�es, tamb�m recuperados de contas secretas de Pedro Barusco na Su��a.
"A orienta��o que eu recebi da presidente Dilma � clara: n�o hesitaremos em defender os interesses da companhia diante dos malfeitos e buscaremos sem descanso a repara��o integral por todos eles", bradou Bendine 'Cobra', na ocasi�o.
"Um dia como esse em que retomamos a primeira parcela dos recursos perdidos por conta destas pr�ticas refor�a que a Petrobras est� no rumo certo para superar essa crise e voltar a ser a fonte, n�o s� de orgulho, mas de boas perspectivas e de bons resultados para seus empregados, seus acionistas e todo o conjunto da sociedade brasileira."
Defesa
O advogado Pierpaolo Bottini, que defende Aldemir Bendine, afirmou que desde o in�cio das investiga��es "Bendine se colocou � disposi��o para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e banc�rios ao inqu�rito, demonstrando a licitude de suas atividades". "A cautelar � desnecess�ria por se tratar de algu�m que manifestou sua disposi��o de depor e colaborar com a justi�a", disse Bottini