Janot revela o 'plano de a��o t�tica' de A�cio contra investiga��es

No mais recente pedido de pris�o - o terceiro - de A�cio Neves, em recurso protocolado no Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira, 31, o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, destaca que o tucano j� � alvo de oito inqu�ritos na Corte. Janot atribui a A�cio um 'plano de a��o t�tica�. Segundo o procurador, a estrat�gia do senador 'era o direcionamento da escolha de delegados de Policia Federal supostamente 'cooptados' para salvar autoridades'.

Em 64 p�ginas, Janot sustenta que no caso JBS, em que pediu R$ 2 milh�es, em maio, ao empres�rio Joesley Batista, o senador integrou organiza��o criminosa.

"Quanto ao crime de obstru��o de investiga��o relacionada � organiza��o criminosa, vale lembrar que A�cio Neves encontrava-se em estado de ilicitude permanente em 17 de maio de 2017, motivo pelo qual configurou-se flagrante pr�prio".

O procurador se baseia em grampos, inclusive, para refor�ar a necessidade do decreto de pris�o de A�cio. "Como se v�, conforme grava��es ambientais e intercepta��es telef�nicas, o senador A�cio Neves vem adotando, constante e reiteradamente, estrat�gias de obstru��o de investiga��es da Opera��o Lava Jato, seja por meio de altera��es legislativas para anistiar il�citos ou restringir apura��es, seja mediante interfer�ncia indevida nos trabalhos da Policia Federal, seja atrav�s da cria��o de obst�culos � celebra��o de acordos de colabora��o premiada relacionados ao caso."

No cap�tulo em que revela o 'plano de a��o t�tica' do senador contra o avan�o das investiga��es, o procurador transcreveu di�logo de A�cio e Joesley. Eles falam sobre o ent�o ministro da Justi�a Osmar Serraglio (PMDB/PR), o presidente Michel Temer, Pol�cia Federal e das opera��es Lava Jato e Carne Fraca.

Leia trechos da conversa gravada por Joesley.

A�CIO - T� na cadeira (�) O Ministro � um bosta de um caralho, que n�o d� um al�, peba, est� passando mal de sa�de pede para sair MICHEL t� doido. Veio s� eu e ele ontem de S�o Paulo, mandou um cara l� no OSMAR SERRAGLIO, porque ele errou de novo de nomear essa porra desse (�). Porque ai mexia na PF O que vai acontecer agora? Vai vim inqu�rito de uma porrada de gente, caralho, eles s�o t�o bunda mole que eles n�o (t�m) o cara vai distribuir os inqu�ritos para o delegado. Voc� tem l� cem, sei l�, dois mil delegados da Policia Federal. Voc� tem que escolher dez caras, n�? do MOREIRA, que interessa a ele vai pro JO�O.

JOESLEY - Pro JO�O.

A�CIO - �. O AECIO vai pro ZE, o filho da puta vai pro foda-se solta.

JOESLEY - Tem que trocar, tem que estar alinhado l�.

A�CIO - Tem que tirar esse cara.

JOESLEY - �, p�. Esse cara j� era. T� doido.

A�CIO - E o motivo igual a esse?

JOESLEY - Claro. Criou o clima.

A�CIO - � ele pr�prio j� estava at� preparado para sair.

JOESLEY - Claro. Criou o clima. Se n�o trocar agora com ele, fudeu. (�)

A�CIO - Pressionaram. A polida tem que fazer um gesto. Errou. N�o adianta os caras ficarem falando que n�o, a Policia Federal tem que falar: �, realmente, foi um erro do delegado, que, enfim, n�o dimensionou a porra. Era um neg�cio pontual. Em tr�s lugares. J� est� contido e tal. O lado (p�p�p�) e zarpar com esse cara.

JOESLEY - E �, se perder essa chance�

A�CIO - N�o vai ter outra.

JOESLEY - N�o vai ter outra. Porque n�s nunca tivemos uma chance onde a PF ficou por baixo, n�?

JOESLEY - Toda vez �.Dessa vez.

A�CIO - Ai vai ter quem vai fala; � por causa da Lava Jato. N�o, � por causa da carne fraca.

JOESLEY - E. Est� bom. [vozes intercaladas]

A�CIO - N�. Deixa n� [vozes intercaladas]

JOESLEY - Ficou bom. [vozes intercaladas]

Defesa

Nota da defesa do senador A�cio Neves

"O agravo apresentado pelo PGR limita-se a repetir os mesmos argumentos j� refutados pelo Ministro Marco Aur�lio, por representarem afronta direta � Constitui��o Federal.

Nenhum fato novo foi apontado pela Procuradoria para justificar a pris�o do Senador A�cio Neves.

Ao insistir na pris�o do Senador, o PGR, como j� reconheceu o Ministro Marco Aur�lio, ignora princ�pios elementares de um Estado Democr�tico, como a triparti��o de poderes. Mais, o agravo ministerial pretende substituir-se ao que diz a Constitui��o Federal, sugerindo que se ignore seu art. 53 e que se adote uma 'pauta hermen�utica' inventada pelo pr�prio PGR.

Assim, a Defesa segue tranquila quanto � manuten��o da decis�o que revogou as medidas cautelares impostas contra o Senador, pois, diferentemente do agravo do PGR, est� ancorada no que diz a legisla��o vigente no pa�s.

Alberto Zacharias Toron

Advogado"

(Luiz Vassallo e Julia Affonso)