Quinze meses depois de definir o futuro pol�tico da ent�o presidente Dilma Rousseff (PT), os 513 deputados federais t�m novamente, em suas m�os, o poder sobre um presidente da Rep�blica. Desta vez, est� em jogo o mandato de Michel Temer (PMDB) – acusado pela Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) de corrup��o passiva.
As acusa��es s�o baseadas na dela��o feita por executivos da JBS e, para que Temer seja processado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), � preciso autoriza��o da C�mara dos Deputados. Caso n�o haja o voto de pelo menos 342 parlamentares, a den�ncia � arquivada, hip�tese que Temer j� d� com certa. “Quem ganha � o Brasil”, afirmou o presidente em entrevista � imprensa.
Apenas o ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS), dever� permanecer no cargo, j� que est� �s voltas com a crise envolvendo a viol�ncia no Rio de Janeiro. Outra estrat�gia do governo foi atender a interesses da bancada ruralista, um dos grupos mais organizados dentro da C�mara.
Nessa ter�a-feira (1º), o presidente recebeu para almo�o mais de 60 deputados da Frente Parlamentar da Agropecu�ria, em Bras�lia, a chamada bancada ruralista. O encontro, que n�o estava na agenda do presidente, ocorreu no mesmo dia em que o Di�rio Oficial da Uni�o (DOU) publicou uma medida provis�ria que renegocia d�vidas de produtores rurais com contribui��es previdenci�rias. Essa era uma reivindica��o do setor. Nos �ltimos dois meses, Temer ainda liberou bilh�es de reais em emendas parlamentares ao or�amento, dinheiro que os deputados usam para projetos em suas bases eleitorais.
A reuni�o para a vota��o do parecer do mineiro Paulo Abi-Ackel (PSDB) – que recomenda o arquivamento da den�ncia – come�a �s 9h desta quarta-feira, sem hora para acabar. Mas a expectativa do presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), � de que o assunto esteja liquidado ainda � tarde. “Vai dar qu�rum, a gente vai votar. � nossa obriga��o. N�o pode ter um presidente denunciado e o Parlamento n�o deliberar sobre isso. Independentemente da posi��o de cada um, � importante que a C�mara delibere”, afirmou.
DESESPERADO A declara��o do presidente da C�mara n�o agradou em nada � oposi��o, que defende a vota��o apenas � noite. Al�m de decidir n�o registrar presen�a para n�o dar qu�rum, vai questionar o rito estabelecido por Rodrigo Maia. “Solicitamos uma reuni�o com Maia; n�o d� para fazer um rito resumido. Votar a den�ncia � noite � fundamental para que o trabalhador acompanhe”, disse o l�der da minoria na Casa, deputado Jos� Guimar�es (PT-CE). Ap�s encontro na tarde dessa ter�a-feira (1º), cerca de 15 deputados do PT, PCdoB, PDT, PSol e Rede afirmaram que o governo est� “desesperado” para derrubar a den�ncia e que n�o v�o aceitar descumprimento de etapas a favor do governo.
Eles questionam que Maia permitir� o in�cio dos debates com apenas 52 parlamentares no plen�rio. E essa fase pode ser interrompida ap�s quatro discursos – dois de cada lado. Os governistas j� teriam pronto um requerimento para encerrar os debates, dependendo da aprova��o de 257 deputados. A estrat�gia dos oposicionistas � inviabilizar o qu�rum durante o dia para for�ar que a vota��o ocorra � noite, quando um maior n�mero de pessoas est� em casa e poder� assistir � sess�o. (Com ag�ncias)