Bras�lia - A vota��o da bancada do PSDB na C�mara sobre a den�ncia contra o presidente Michel Temer refletiu a disputa interna vivida no partido. Mesmo licenciado do comando da legenda, o senador A�cio Neves (MG) trabalhou para obter maioria pr�-governo entre os tucanos. Do outro lado, o senador Tasso Jereissati (CE) e o governador Geraldo Alckmin (SP) foram as principais for�as aglutinadoras contra Temer.
O placar entre os tucanos ficou apertado: 22 foram contra o prosseguimento da den�ncia e 21 a favor. Houve ainda quatro aus�ncias, das quais tr�s eram considerados votos certo contra Temer: Sh�ridan (RR), Pedro Vilela (AL) e Eduardo Barbosa (MG) - este �ltimo faltou por causa da morte de sua mulher em um acidente.
A ala tucana pr�-desembarque atribuiu a estrat�gia a A�cio. Outro foco de atua��o do senador mineiro teria resultado na aus�ncia da deputada Sh�ridan, que era contabilizada como voto contr�rio ao governo. Aos colegas, ela teria prometido desembarcar em Bras�lia at� o meio-dia, mas n�o atendeu mais �s liga��es.
A�cio, no entanto, nega ter influenciado a vota��o da bancada, dizendo que o assunto � "exclusivamente da C�mara". Nos bastidores, a ala mineira acusou Alckmin de pressionar os deputados paulistas a votarem contra o governo.
"Agora o racha � evidente. N�o tem mais ningu�m em cima do muro. N�o tem nada pessoal, mas h� uma disputa partid�ria de dois grupos. A discuss�o sobre o desembarque anda com a escolha do presidente do partido", disse o deputado Daniel Coelho (PSDB-PE), um dos l�deres do grupo que defende a elei��o permanente de Tasso para o comando da legenda.
Sem unidade
Do lado de Tasso, as movimenta��es foram feitas na reuni�o da bancada na C�mara. O encontro, feito antes do in�cio da sess�o, foi esvaziado pelos simp�ticos a Temer, mas o l�der do PSDB na C�mara, deputado Ricardo Tripoli (SP), decidiu orientar a bancada pelo prosseguimento da den�ncia.
Na pr�tica, a decis�o significava recomendar voto da bancada contra o relat�rio do pr�prio partido, uma vez que o deputado Paulo Abi-Ackel (MG) assinou parecer recomendando a rejei��o do pedido de investiga��o.
"Fa�o uma considera��o ao meu colega, a quem estimo e respeito, mas cujo parecer n�o representa o partido, nem foi respaldado previamente pelos colegas", disse Tripoli. O l�der � visto como um aliado de Tasso, presidente interino do partido, e admitiu que conversou com o senador cearense sobre o posicionamento da bancada. Entre os paulistas, 11 dos 12 votaram pelo prosseguimento da den�ncia.
"Isso pegou a bancada de surpresa e n�o reflete o sentimento da maioria do partido", afirmou o deputado Domingos S�vio (MG), aliado de A�cio. A medida tamb�m foi vista como uma forma de constranger os ministros tucanos - Antonio Imbassahy (BA), da Secretaria de Governo, e Bruno Ara�jo (PE), das Cidades.
Antes de o resultado da vota��o ter sido proclamado, A�cio e Tasso j� tinham combinado de se encontrar hoje para discutir o comando do PSDB. A reportagem apurou que A�cio quer seguir como presidente licenciado at� maio de 2018, enquanto Tasso n�o aceita mais permanecer como presidente interino.
'Vit�ria moment�nea'
Ap�s a derrota no plen�rio, deputados da oposi��o afirmaram que o governo obteve uma vit�ria moment�nea, mas reconheceram que ter�o de mudar de estrat�gia para aprovar uma nova den�ncia que poder� ser apresentada contra o Michel Temer pela Procuradoria-Geral da Rep�blica. "O desafio � mobilizar a popula��o pelo 'fora, Temer'", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Deputados tamb�m afirmaram que o governo gastou todas as armas para barrar a den�ncia e, se tiver de enfrentar nova acusa��o, n�o ter� mais o que oferecer. "Temer vai ter dificuldade de se manter no governo, porque o custo pol�tico vai ficando cada vez maior", disse o deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Para a deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), novas den�ncias v�o recair sobre Temer. "Esse processo n�o acaba aqui."