
Bras�lia – Com os olhos em 2018, o mundo da pol�tica tem sido de flertes. Em julho, o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), esteve perto da principal cadeira do Pal�cio do Planalto.
O prefeito de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB) � a novidade. Fen�meno eleitoral e das redes sociais, o tucano ainda n�o conseguiu conquistar os medalh�es do pr�prio partido para se cacifar como candidato nas elei��es presidenciais do ano que vem, mas tem chamado a aten��o de concorrentes, como PMDB e DEM.
Al�m de contar com o apoio de empres�rios no pa�s, para especialistas, Doria carrega no nome um dos crit�rios mais almejados atualmente: o sentimento de renova��o.
A divis�o interna no PSDB apimenta ainda mais o ass�dio com outras legendas. A diverg�ncia de opini�o entre os novatos e veteranos — cada vez mais latente — potencializa o cerco em torno do prefeito.
“Hoje, a c�pula ainda comandada pelo senador A�cio Neves (presidente licenciado), � um entrave para Doria. E tem tamb�m aquela hist�ria de que Geraldo Alckmin est� na fila e esse partido tem tradi��o em respeitar as filas. Mesmo que isso signifique perder, como foi nas �ltimas quatro vezes”, comenta um tucano que prefere n�o se identificar.
Entretanto, o tucano pr�ximo ao prefeito afirma que esse movimento nasceu de baixo para cima dentro do partido para pressionar a c�pula a entender o sentimento de renova��o em voga na sociedade.
“Ele n�o cogita sair do PSDB. N�o faria sentido da forma como as coisas est�o colocadas hoje. Ele se apresenta como um cara novo, que n�o � pol�tico, como vai concorrer pelo PMDB, por exemplo? No m�nimo, prejudica o discurso da �tica. No DEM, ser� acusado de traidor. A estrat�gia � mais para pressionar o PSDB mesmo”, comenta.
SUPORTE E n�o � s� o sucesso na internet que faz de Doria um partid�o para legendas com o projeto de chegar ao Pal�cio do Planalto. Ex-presidente e fundador do Grupo de L�deres Empresariais (Lide), que re�ne as principais empresas do pa�s em mais de 25 frentes de atua��o, Doria conta com uma rede de apoio em 14 unidades da Federa��o. E suporte de gente com influ�ncia e dinheiro, fator que far� diferen�a nas elei��es do ano que vem, considerando que o financiamento empresarial de campanha � proibido.
Na disputa para a Prefeitura de S�o Paulo, em 2016, o prefeito teve R$ 5,9 milh�es em doa��es. A maior quantia foi investimento do pr�prio bolso — mais de R$ 2,9 milh�es, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O restante ficou dividido em doa��es de partidos pol�ticos (R$ 1,5 milh�o) e de pessoas f�sicas (R$ 1,5 milh�o).
Pela atual lei eleitoral, os empres�rios amigos de Doria podem doar valores para a campanha com o limite de 1% da quantia declarada no imposto de renda. “E ele tem uma rede de relacionamentos sem igual no pa�s”, lembra o amigo correligion�rio.
No fim de junho, o paulistano esteve em Bras�lia onde foi recebido em almo�o pelo presidente regional do Lide, o ex-vice-governador Paulo Oct�vio. Mais de 150 empres�rios da capital estavam presentes — a maioria da constru��o civil — quando Doria foi anunciado como pr�-candidato ao Planalto no ano que vem.
A rede � ampla e influente, mas a matem�tica n�o � simples. Ao assumir a prefeitura de S�o Paulo, Doria abriu m�o do Lide, se afastou e dentro do pr�prio grupo h� diverg�ncias.
A representa��o na Bahia, por exemplo, � mais fiel ao governador Geraldo Alckmin. E, mesmo assim, o peso baiano n�o contaria muito, j� que a fonte de recursos praticamente secou depois que a Opera��o Lava-Jato revelou o envolvimento da OAS e da Odebrecht em esquemas de corrup��o. Na filial do Mato Grosso, quem manda � o agroneg�cio, ou seja, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), que andou conversando recentemente com Alckmin a respeito de uma chapa para 2018 tamb�m.
TEMER A disputa interna do PSDB pela vaga de candidato � Presid�ncia em 2018 chegou a partidos aliados dos tucanos. PMDB e DEM, que integram a n�cleo duro de apoio ao governo Temer, se aproximaram de Doria e sinalizaram com a possibilidade de lan��-lo candidato ao Planalto.
A abordagem do PMDB foi feita pelo pr�prio Temer. Ele afirmou ao prefeito que “as portas do PMDB est�o abertas” para o tucano disputar a Presid�ncia da Rep�blica no ano que vem.
O “convite” foi feito durante conversa na semana passada, na prefeitura, pouco antes de um evento no qual o presidente distribuiu publicamente afagos a Doria, segundo relatos de quem estava no local. Procurada, a assessoria do Planalto negou o convite.
O DEM tamb�m sondou Doria sobre a disputa presidencial tendo no horizonte uma dobradinha entre ele e um quadro do partido em 2018. No limite, o DEM tamb�m est� de portas abertas a Doria caso ele n�o consiga se candidatar a presidente pelo PSDB em 2018. Os nomes citados para compor a chapa s�o o prefeito de Salvador, ACM Neto, e o ministro da Educa��o, Mendon�a Filho. (Com ag�ncias)
Apoio empresarial n�o garante vit�ria
Bras�lia – Na opini�o do professor de comunica��o e marketing digital da ESPM Marcelo Vitorino, o apoio do empresariado � importante, mas n�o conquistou resultados nos �ltimos anos.
“� muito bom, mas em uma elei��o t�o grande, n�o � t�o preponderante. A vantagem do prefeito Jo�o Doria n�o � s� essa. � a vontade do povo pelo novo. O movimento 2018 � de renova��o e ele vem carimbado com essa marca.”
Vitorino afirma que est� clara a inten��o de Doria em ser candidato � Presid�ncia e tem chances de ser pelo PSDB. “O partido cansou de perder e j� mostrou que pode abrir m�o do medalh�o com a elei��o do pr�prio Doria”, afirma.
O cientista pol�tico e professor do Insper Carlos Melo tamb�m ressalta que o apoio do empresariado n�o significou vit�ria nas �ltimas disputas.
“� importante, claro que tem um peso no jogo, mas n�o define elei��o. E tem mais. O apoio deles n�o � restrito a Doria. Imagina Lula e Bolsonaro candidatos se o setor n�o estaria ao lado do Alckmin?”, questiona.
Para Melo, os cen�rios para as elei��es de 2018 ainda est�o muito incertos e qualquer previs�o � blefe. “Tem um monte de jantares, encontros, flertes e paqueras, mas, por enquanto, ningu�m foi pedido em casamento.”
O que � o grupo Lide
O Grupo de L�deres Empresariais (Lide), fundado em 2003 por Jo�o Doria, tem representa��es em 18 unidades no pa�s – Amazonas, Bahia, Bras�lia, Cear�, Goi�s, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paran�, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, S�o Paulo, Campinas (SP), Ribeir�o Preto (SP), S�o Jos� do Rio Preto (SP) e Vale do Para�ba (SP), al�m das internacionais.
Conta com a filia��o de 1.700 empresas que representam 52% do PIB privado. Atua nas �reas de agroneg�cio, cidadania, com�rcio, conte�do, cultura, economia, educa��o, empreendedorismo social, energia, esporte, infraestrutura, inova��o, internacional, justi�a, log�stica, master, mulher, sa�de, seguran�a, solidariedade, sustentabilidade, tecnologia, terceiro setor e turismo.