A divis�o entre o grupo liderado pelo presidente do partido, senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE), e os integrantes da ala que defendem a perman�ncia no governo se acentuou na sexta-feira (18), um dia ap�s a veicula��o da pe�a pol�tica.
O presidente Michel Temer recebeu os ministros tucanos Aloysio Nunes Ferreira e Antonio Imbassahy para um almo�o no Planalto. Os dois ministros criticaram publicamente o programa, dizendo que ele n�o os representava. Em Fortaleza, Tasso, durante evento ao lado do prefeito de S�o Paulo, Jo�o Doria, deixou clara sua posi��o.
“N�o me arrependo de nada e assumo total responsabilidade pelo programa. Enquanto eu for presidente do PSDB, a orienta��o ser� a minha”, resumiu o senador tucano.
A crise, portanto, est� aberta. “Temo que esse processo leve a uma cis�o interna ainda maior. Qualquer posi��o que prevale�a, ao t�rmino desse epis�dio, vai provocar insatisfa��o interna no outro grupo, o que poder� levar at� a uma debandada da legenda”, lamenta um cabe�a preta tucano.
“Isso s� nos afasta dos planos de voltar ao Planalto no ano que vem”, prosseguiu ele. Para um tucano alinhado ao Planalto, � cedo para avaliar quem ganha mais com a crise do PSDB: se a direita emergente, centrada no DEM, ou PT, eterno rival dos tucanos nas corridas presidenciais.
A aliados pr�ximos, A�cio tem reclamado sobre o que considera deslealdade de Tasso. Quando foi alvejado pela Lava-Jato, A�cio abriu m�o da presid�ncia do partido e deixou Tasso como presidente interino. Ap�s a crise abrandar, tentou voltar ao comando partid�rio, mas alega que o senador cearense lhe fechou as portas. Mas a tend�ncia � que Tasso permane�a no posto at� dezembro, quando uma conven��o escolher� o novo presidente do PSDB.
Temer n�o ficou nem um pouco satisfeito com a propaganda tucana. A pe�a publicit�ria critica o apoio ao governo, compra briga com senadores e deputados ao indicar que a ades�o � fisiol�gica e retoma o debate em torno do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, assunto que o peemedebista queria ver sepultado. “Eles (o grupo ligado ao senador Tasso) acreditam ter agido certo ao dizer que a legenda errou. Me diga, qual eleitor vai virar o voto por causa de uma autocr�tica partid�ria?”, questiona um tucano aecista.
Vice-presidente do Senado, C�ssio Cunha Lima (PB) discorda, afirmando que “o fato de a propaganda ter virado assunto mostra que a linha adotada est� correta”. E rebateu as cr�ticas feitas ao centralismo de Tasso na escolha do discurso pol�tico e das cr�ticas ao governo.
“A express�o ‘coopta��o’ foi uma sugest�o do pr�prio FHC. Ia ser coaliz�o e ele sugeriu coopta��o”, afirmou o senador. Para o l�der do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), o partido poderia ter optado por outro caminho. “Ao falar do impeachment, por exemplo, poder�amos ter destacado que, sem o empenho das lideran�as do PSDB, n�o ter�amos conclu�do o ciclo do PT no poder”, lembrou Bauer.
DISTANCIAMENTO
Um parlamentar tucano critica o fato de o petista Lindberg Farias (RJ) ter virado garoto propaganda, aparecendo em diversas imagens ao longo da pe�a publicit�ria. “Imagina o cen�rio. Agora, toda vez que um de n�s for � tribuna fazer qualquer cr�tica, os petistas v�o indagar: n�o foram voc�s que disseram que o PSDB errou? Voc�s n�o assumiram que esse governo � fisiol�gico?”, diz o pol�tico.
A divis�o refor�a, em grau m�ximo, o distanciamento entre Tasso e A�cio. E o Planalto estimula essa ciz�nia. Temer e o n�cleo palaciano adoraram a escolha do mineiro Paulo Abi-Ackel para relatar a den�ncia por corrup��o passiva contra o presidente.
Peemedebistas enfurecidos
Depois do programa de quinta-feira, lideran�as do PMDB e do Centr�o, grupo do qual fazem parte PP, PSD, PR e PRB, subiram o tom e passaram a cobrar publicamente que o PSDB entregue os quatro minist�rios no governo: Cidades, Secretaria de Governo, Rela��es Exteriores e Direitos Humanos.
“Se eles est�o achando que o governo � t�o ruim, pe�am para sair, sen�o vira aquela hist�ria do discurso apenas”, afirmou o deputado L�cio Vieira Lima (BA), um dos vice-l�deres do PMDB na C�mara. Para o parlamentar baiano, o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), deveria, no m�nimo, emitir nota dizendo que os quatro ministros do partido n�o representam a sigla e que, a partir daquele momento, ser�o da cota pessoal do presidente.
O deputado Jo�o Arruda (PMDB-PR) tamb�m cobrou do presidente Michel Temer “puni��o” ao PSDB. Para o peemedebista paranaense, � uma “falta de coer�ncia absurda” de Temer concordar com a puni��o aos seis deputados do PMDB que votaram a favor da den�ncia por corrup��o passiva contra ele na C�mara e n�o punir os tucanos, que o criticam. “N�o tem sentido agir com rigor em rela��o aos colegas e passar a m�o na cabe�a de quem ocupa espa�o enorme e ainda critica o modelo de gest�o”, disse.
Enquanto isso...
...Doria chama Lula de ‘covarde’ e ‘corrupto’
O prefeito Jo�o Doria xingou o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva de “sem-vergonha”, “corrupto”, “covarde” e “pregui�oso”, ontem, durante almo�o com empres�rios em Fortaleza. “Eu n�o queria. Tinha prometido a mim mesmo que n�o faria, mas vou mandar um recadinho para o ex-presidente Lula: voc�, al�m de sem-vergonha, pregui�oso, corrupto e covarde, declarou que o Jo�o Doria n�o deveria viajar, mas administrar a cidade de S�o Paulo. Lula, al�m de tudo talvez voc� n�o saiba ler. Voc� � inexpressivo. Na primeira avalia��o (da gest�o) eu fechei com 70% de aprova��o, enquanto o seu prefeito Fernando Haddad fechou com 15%”, disse o tucano em tom exaltado. Ap�s a fala de Doria, que usava um bottom com bandeira do Brasil, o tema da vit�ria de Ayrton Senna come�ou a tocar nas caixas de som. O prefeito encerrou o discurso com uma varia��o do seu slogan das elei��es de 2016: Acelera, Brasil. Lula n�o comentou as ofensas.