S�o Paulo - A Opera��o Lava-Jato encontrou documento com "diretrizes" para cria��o de uma empresa, denominada "Brasil Trade", que pode ser a formata��o de uma sociedade entre corruptos, corruptores e operadores de propinas, respons�veis por desvios em contratos com a Petrobras, que beneficiaria PT e PMDB: 40% para os partidos.
Os dois advogados, que s�o s�cios, fariam parte da sociedade capitaneada pelos lobistas Jorge Luz e Bruno Luz - pai e filho -, presos desde fevereiro, pela Lava-Jato.
Al�m deles, a firma tinha participa��o de um executivo da empresa norte-americana Sangeant Marine, do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, de outro ex-gerente da estatal e de um operador do ex-ministro Edison Lob�o, entre outros.
"Refer�ncia a ambos (Cedraz e Dantas) foram encontradas no pr�prio documento que estabelecia as diretrizes iniciais do grupo denominado de 'Brasil Trade', assim como em outro que estabelecia aparente participa��o nos lucros a cada um dos envolvidos em oportunidade negocial ainda n�o identificada", informou o delegado da PF Filipe Hille Pace, em seu pedido de buscas na Abate II.
"Em decorr�ncia do n�vel de cogni��o investigativa que havia se alcan�ado at� aquele momento, julgou-se prov�vel que dirigentes da empresa norte-americana Sargeant Marine tivessem se beneficiado indevidamente com recursos gerados mediante a contrata��o, mediante corrup��o, da empresa pela Petrobr�s com o aux�lio do grupo criminoso ent�o denominado 'Brasil Trade'", informa a PF. "40% do comissionamento era destinado ao pagamento de propina a C�ndido Elp�dio de Souza Vaccarezza e outro agente pol�tico e 20% a Paulo Roberto Costa", informa o pedido enviado ao juiz federal S�rgio Moro.
Em outro registro encontrado pela PF referente a Trade Brasil, h� uma divis�o: "CONVERSADO / 40% POL (PT/PMDB) / 40% COORDENA��O / 20%: CASA".
O documento com as "diretrizes" tem 12 itens sobre a forma��o da firma. "Forma��o da TRADE BRASIL - Como explanado por CH e BO, o custo para implementa��o de uma Trading no Brasil � alto, raz�o pela qual a Trade Brasil dever� ser constitu�da inicialmente de forma OFF SHORE para as opera��es iniciais", informa o item 6, da lista de "diretizes" apreendida pela PF. "E logo que se tenha sustenta��o pr�pria viabilizaria-se uma empresa no Brasil visto ser inten��o de que a Funda��o venha entrar de s�cia ou mesmo operar com a Trade Brasil."
H� refer�ncia ainda ao local de funcionamento, que seria no Rio, men��o a uma reuni�o inicial em 2010, com aporte inicial de R$ 100 milh�es previstos, neg�cios com "BR Distribuidora", Petrobras, fornecimento de asfalto para Salvador e Fortaleza, na Argentina e em Tampa (EUA).
Os registros est�o todos em siglas, que a pol�cia tenta confirmar os significados. "Casa" seria a propina para os agentes da Petrobras, entre eles Paulo Roberto Costa, M�rcio Ach� e Murilo Barbosa Sobrinho. , Jos� Raimundo Pereira Brand�o
A forma��o da Brasil Trade tem rela��o com o neg�cio alvo da Opera��o Abate, 44ª fase da Lava-Jato, fechado com a empresa Sargeant Marine, que levou para a cadeia Vaccarezza, no dia 18 passado.
A atua��o do grupo em favor da empresa norte-americana com a Petrobras culminou na celebra��o de doze contratos, entre 2010 e 2013, no valor de aproximadamente US$ 180 milh�es. A empresa fornecia asfalto para a estatal e foi citada na primeira dela��o do esc�ndalo, feita pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa em agosto de 2014.
Segundo Jorge Luz, Edison Lob�o teria sido, ao lado do ex-deputado C�ndido Vaccarezza, padrinhos pol�ticos do contrato. Vaccarezza n�o desfruta mais de foro especial. Ele havia sido preso por ordem do juiz federal S�rgio Moro. Na noite ter�a-feira passada, 22, o ex-l�der dos Governos Lula e Dilma na C�mara foi solto.
No �mbito do termo para fornecimento de asfalto, Vaccarezza � investigado por propinas de US$ 500 mil; j� Lob�o e seu suposto representante, Murilo Barbosa Sobrinho, s�o atrelados a repasses de US$ 450 mil em planilhas de pagamentos via offshore entregues pelos operadores de propinas.
"Em virtude da proximidade do ent�o agente da Petrobras M�rcio Ach� com o Murilo, que seria o representante dos interesses de Lob�o, foi acomodado uma parte dos valores que eram recebidos da comiss�o pelos contratos da Sargeant Marine para o senador. Isso foi dito pelos operadores, j� est� em sigilo e contra isso n�o foram tomadas medidas nenhuma aqui na primeira inst�ncia", afirmou o delegado da PF.
Desdobramento
A segunda etapa da Abate alcan�a o filho do ministro do TCU e seu s�cio na Trade Brasil. O suposto envolvimento de Cedraz, e tamb�m do advogado S�rgio Tourinho - igualmente, alvo de buscas na Abate II -, foi revelado pelos operadores de propinas do PMDB Jorge Luz e Bruno Luz, pai e filho.
Para a PF, Cedraz e Tourinho "tinham fun��es espec�ficas dentro do 'Brasil Trade' para acompanhamento de outros assuntos negociais de interesse do grupo.
Defesas
O criminalista Ant�nio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, que Defende Lob�o, divulgou nota sobre o assunto. "O senador n�o conhece nem pai nem filho, nunca ouviu falar nesta empresa que eles citam e n�o tem nenhum tipo de rela��o e nunca esteve pessoalmente com eles - salvo se participaram de alguma audi�ncia p�blica. E, sobre a outra pessoa (Murilo), ele conhece, tem um relacionamento pessoal, mas nunca participou de campanha de arrecada��o para ele", diz o texto.
O advogado Tiago Cedraz reitera sua tranquilidade quanto aos fatos apurados por jamais ter participado de qualquer conduta il�cita, confia na apura��o conduzida pela For�a Tarefa da Lava-Jato e permanece � disposi��o para quaisquer esclarecimentos necess�rios.