S�o Paulo, 31 - A advogada Janaina Concei��o Paschoal, autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff ao lado dos juristas Miguel Reale Jr. e H�lio Bicudo, disse que hoje se sente "mais madura, mais velha e mais tolerante". Segundo ela, o Brasil saiu "maior" do processo de cassa��o da petista.
Professora de Direito Penal da USP, Janaina disse que tem o "sentimento de ter cumprido uma miss�o". A rotina, apesar do ass�dio e das pol�micas nas redes sociais, � a mesma: aulas, bancas, concursos. Para ela, Temer perdeu a �oportunidade� de ser um "estadista". Leia trechos da entrevista:
O que mudou na sua vida nesse �ltimo ano?
Vida normal. Eu me sinto uma pessoa mais madura, mais velha em todos os sentidos, mas a vida segue normal. Dou aulas normalmente, nada mudou. Voc� fica mais tolerante depois de passar por tudo aquilo. Eu j� era tolerante, e fiquei ainda mais tolerante.
Como avalia sua responsabilidade nesse processo?
Sobre o crime dos outros, eu n�o tenho responsabilidade nenhuma. Sinto um al�vio muito grande, um sentimento de ter cumprido uma miss�o. N�o me omiti, esse � o sentimento. Responsabilidade � forte demais. Trabalhei para que um comportamento il�cito tivesse consequ�ncia. O meu sentimento � de tranquilidade porque ter feito o que precisava.
Qual o balan�o a senhora faz dos rumos do governo Temer nesse per�odo?
� importante deixar bem claro que, quando eu pedi o impeachment da presidente, n�o foi com o objetivo de colocar Temer no poder. Pedi o impeachment por for�a dos crimes que foram cometidos. E o PT tinha convidado Michel Temer (para ser vice). O problema que eu vejo � que Temer poderia ter aproveitado essa oportunidade hist�rica para ser um estadista. Os fatos mostram que n�o foi assim.
O que faltou para Temer se tornar um estadista?
O problema foi a mala (entregue por um executivo da JBS ao ex-assessor do presidente Rodrigo Rocha Loures). Aconteceu algo na vida dele que d� a oportunidade de ele dar uma virada. E o sujeito pega esta oportunidade e joga no lixo. � muito grave. Nada do que ele fa�a na economia, em qualquer campo, nada vai apagar a mala.
Como v� o trabalho do STF, do MPF e da PF contra a corrup��o?
Tenho algumas diverg�ncias pontuais, mas elas n�o impedem de reconhecer o m�rito do trabalho do Minist�rio P�blico, da Pol�cia Federal, dos ju�zes. Com rela��o ao STF, tenho grandes preocupa��es.
Quais preocupa��es?
O discurso de alguns ministros � um discurso que vai no sentido de anular tudo.
Quais ministros?
As decis�es do ministro (Ricardo) Lewandowski, do ministro (Dias) Toffoli, algumas liberta��es que eu acho que as pessoas n�o seriam libertadas se n�o fossem importantes. Agora, o discurso mais assustador � o do ministro Gilmar Mendes. � muito assustador.
E em rela��o � PF e ao MP que ter� uma nova chefe?
Nunca soube de nada que desabonasse a doutora Raquel (Dodge). Em rela��o � pol�cia, as mudan�as (na Lava Jato) n�o s�o algo assim t�o incomum. No Supremo, o risco � total. O Supremo hoje � o maior perigo que o Pa�s corre nesse processo.
Passado um ano, como o Brasil saiu desse processo?
O Brasil saiu maior, porque mostrou que a gente tem a capacidade de enfrentar a nossa triste realidade.
Se a senhora for chamada ou sentir que algo precisa mudar entraria novamente numa briga t�o grande quanto foi aquela?
Eu acho que sim. Mas tem de ser uma coisa que eu entenda que seja determinante para o Pa�s, como eu entendi que era naquele momento. No caso do Temer, a OAB j� tomou a frente. Eu acredito que, a depender do rumo, eu entro de novo, sim.
Pretende entrar na pol�tica?
Na vida pol�tico-partid�ria, n�o tenho pretens�o, mas na vida pol�tica, sim. Sou engajada h� muito tempo. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(William Castanho)