Bras�lia, 05 - As investiga��es abertas pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, colocando em xeque a dela��o do empres�rio Joesley Batista e de executivos da JBS, deram muni��o ao Pal�cio do Planalto. Para auxiliares de Michel Temer, o pronunciamento de Janot "destr�i" a dela��o de Joesley, que atingiu o presidente, e enfraquece a prov�vel segunda den�ncia contra ele.
Embora Janot tenha dito que a prov�vel rescis�o do acordo de dela��o "n�o invalida nenhuma prova", a defesa de Temer avalia a possibilidade de questionar o depoimento do dono da JBS no Supremo Tribunal Federal (STF).
Foi com base no depoimento de Joesley que Janot ofereceu den�ncia contra Temer por corrup��o passiva. No dia 2 de agosto, a C�mara barrou o prosseguimento da acusa��o, mas Temer ainda poder� ser julgado no STF quando deixar o cargo.
O pronunciamento de Janot foi visto no governo como uma demonstra��o de que a prov�vel segunda den�ncia contra o presidente, por obstru��o de Justi�a, ficou totalmente prejudicada. No Planalto, Joesley � chamado de "mentiroso" e "bandido".
Na madrugada de s�bado, 2, o empres�rio rebateu as declara��es de auxiliares do presidente e divulgou nota qualificando Temer como "ladr�o-geral da Rep�blica" que "envergonha" os brasileiros.
Assim que Janot iniciou sua fala, auxiliares de Temer telefonaram para a China, onde est� o presidente, para tentar articular a rea��o ao an�ncio do procurador-geral. Para eles, os "ind�cios" a que Janot se referiu provam que as acusa��es feitas por Joesley contra Temer s�o "ineptas e infundadas".
O presidente foi acordado por assessores e surpreendido com as declara��es. Ele recomendou que sua equipe mantivesse a serenidade e disse ser preciso ter conhecimento sobre os fatos antes de um posicionamento oficial. Tamb�m afirmou que conversaria com o seu advogado, Antonio Claudio Mariz, para avaliar poss�veis caminhos jur�dicos diante do que foi revelado por Janot.
Em junho, Temer acusou o ex-procurador Marcelo Miller - agora alvo de Janot - de "trabalhar em empresa que faz dela��o premiada" com o procurador-geral. "Ganhou milh�es em poucos meses. O que talvez levaria d�cadas para poupar", afirmou o presidente, � �poca. "Garantiu ao seu novo patr�o (Joesley) um acordo benevolente, uma dela��o que o tira das garras da Justi�a, que gera uma impunidade nunca antes vista."
Segundo Janot, conversa entre dois delatores cont�m ind�cios de crimes cometidos por Miller e integrantes do STF.
Nota
Na sexta-feira passada, dia 1�, a Secretaria de Comunica��o Social da Presid�ncia (Secom) divulgou nota desqualificando Joesley e o operador L�cio Funaro, que tamb�m firmou acordo de dela��o premiada com o Minist�rio P�blico.
A estrat�gia foi uma "vacina" � apresenta��o de uma nova den�ncia que o procurador-geral da Rep�blica pretende apresentar contra Temer. "O presidente Michel Temer se resguarda o direito de n�o tratar de fic��es e inven��es de quem quer que seja. Jamais obstruiu a Justi�a e isso est� registrado no di�logo gravado clandestinamente por Joesley Batista", afirmava a nota da Secom.
No comunicado, o Pal�cio do Planalto dizia que Joesley Batista "mentiu" e omitiu fatos em seu acordo de dela��o premiada firmado e, mesmo assim, "continua tendo o perd�o eterno" do procurador-geral da Rep�blica. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(T�nia Monteiro, Vera Rosa e Carla Ara�jo)