Bras�lia, 5, 05 - A ex-presidente Dilma Rousseff foi "amplamente" beneficiada com recursos de propina inseridos em planilhas que somam R$ 170,4 milh�es, acusou o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, ao apresentar a den�ncia contra a petista, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e outras seis pessoas por organiza��o criminosa.
De acordo Janot, esses valores tamb�m serviram para os interesses do grupo pol�tico beneficiado com a perman�ncia da petista no poder. O processo tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) porque uma das investigadas � a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), que possui foro privilegiado.
A den�ncia contra a c�pula do PT � embasada nas dela��es premiadas da Odebrecht, da JBS, do casal M�nica Moura e Jo�o Santana, e dos ex-executivos da Petrobras Paulo Roberto Costa, Nestor Cerver� e Pedro Barusco.
Ao analisar a planilha "Italiano", referente a recursos de uma conta corrente mantida pela Odebrecht, Janot diz "� poss�vel afirmar que Dilma recebeu no m�nimo uma parte ou a totalidade das vantagens il�citas de R$ 26 milh�es pagas pela Odebrecht a Jo�o Santana (marqueteiro respons�vel pelas duas campanhas presidenciais da petista) em 2011, referentes a d�vidas por servi�os de marketing prestados � sua campanha de 2010 � Presid�ncia da Rep�blica, e de R$ 30 milh�es repassadas a Palocci (ex-ministro da Casa Civil de Dilma), coordenador da referida campanha, em julho, agosto e setembro de 2010, meses coincidentes com o per�odo eleitoral daquele ano".
No que diz respeito � planilha "P�s-It�lia", o procurador-geral da Rep�blica infere terem sido transferidos em benef�cio de Dilma parte ou a totalidade "das vantagens il�citas de R$ 21 milh�es repassadas pela Odebrecht em 2014 a Jo�o Santana, de R$ 69,4 milh�es repassadas pela Odebrecht entre setembro e outubro de 2014" mediante autoriza��o do ent�o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Janot tamb�m citou o suposto pagamento de R$ 24 milh�es para a compra de apoio de partidos pol�ticos � candidatura de Dilma � Presid�ncia da Rep�blica em 2014, visando � amplia��o do tempo no hor�rio pol�tico gratuito.
"Somados os referidos valores, verifica-se que Dilma foi favorecida, em 2010, com a quantia de R$ 56 milh�es, com d�bitos da Planilha 'Italiano', e, em 2014, de R$ 114,4 milh�es, com descontos da Planilha 'P�s-It�lia'", concluiu Janot.
Organiza��o criminosa.
Segundo Janot, Dilma integrou a organiza��o criminosa em quest�o desde 2003, quando assumiu o Minist�rio de Minas e Energia a convite de Lula.
"Desde ali contribuiu decisivamente para que os interesses privados negociados em troca de propina pudessem ser atendidos, especialmente no �mbito da Petrobras, da qual foi Presidente do Conselho de Administra��o entre 2003 e 2010", disse Janot.
"Durante sua gest�o junto � Presid�ncia da Rep�blica deu seguimento a todas as tratativas il�citas iniciadas no governo Lula, com destaque para a atua��o direta que teve nas negocia��es junto ao grupo Odebrecht", acusou o procurador-geral da Rep�blica.
Outro lado.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa de Dilma informou que Janot ofereceu uma den�ncia "sem qualquer fundamento".
"Caber� ao STF garantir o amplo direito de defesa e reparar a verdade, rejeitando-a. A Justi�a ser� feita e n�o prevalecer� o Estado de Exce��o. N�o h� mais espa�o para a Justi�a do Inimigo", diz a nota da assessoria.
A Odebrecht n�o se manifestou nesta ter�a-feira. Em outras oportunidades, a empresa informou que est� colaborando com a Justi�a e que "j� reconheceu os seus erros, pediu desculpas p�blicas, assinou um Acordo de Leni�ncia com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Su��a, Rep�blica Dominicana, Equador e Panam�, e est� comprometida a combater e n�o tolerar a corrup��o em quaisquer de suas formas".
(Rafael Moraes Moura e Breno Pires)