O empres�rio Demerval de Souza, dono da construtora DAG, confirmou que comprou o terreno em S�o Paulo para a constru��o da sede do Instituto Lula, em acordo com a Odebrecht. O empreiteiro revelou ao juiz federal S�rgio Moro pagamentos ao advogado do ex-presidente, Roberto Teixeira, e diz ter recebido, de forma l�cita, R$ 7,2 milh�es da Odebrecht ap�s o ex-presidente Lula "n�o ter gostado do local e desistido da transa��o".
O empres�rio tentou acordo de dela��o premiada com a for�a-tarefa da Lava-Jato, mas um dos procuradores na audi�ncia esclareceu que as tratativas foram interrompidas porque ele n�o atende a requisitos de um colaborador.
Demerval � r�u acusado de usar sua empresa para intermediar a compra, pela Odebrecht, de terreno onde seria sediado o Instituto Lula, que, segundo o Minist�rio P�blico Federal, teria sido custeado com recursos il�citos oriundos de contratos da Petrobr�s.
O empres�rio alegou a Moro ter sido procurado pelo delator Paulo Mello, da Odebrecht, que prop�s a compra do terreno, sem mencionar que seria destinado a Instituto. "Ele disse que n�o via com bons olhos a Odebrecht ser identificada como compradora do terreno".
"Poucos dias depois, encontro com Marcelo. Temos um almo�o de dois amigos, e no meio da conversas Marcelo pergunta se Paulo Melo havia comentado da compra do terreno para constru��o do Instituto Lula", afirmou.
Demerval disse ter sido informado por Marcelo Odebrecht que poderia, depois de adquirir o terreno e construir a sede do Instituto, alugar ou vender o im�vel para a entidade, porque um "pool de empresas" faria doa��es ao IL.
Ele alegou ter sido combinado que, em face da demora que teria para obter tal retorno, combinou um adiantamento de R$ 8 milh�es da Odebrecht em outro contrato no qual teria sido subcontratado pela empreiteira, no �mbito do Prosub, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos.
O empres�rio ainda contou ter sido solicitado a fazer uma limpeza do local para uma visita do ex-presidente Lula.
"Fui surpreendido, em junho de 2011. O (Jo�o Alberto) Louveira me chama: 'Olha Demerval aconteceu uma coisa inesperada'. Eu percebi que ele estava t�o surpreso quanto eu fiquei".
Louveira � um dos 77 delatores da Odebrecht. Ele teria dito, segundo Demerval: "Houve a visita, o presidente chegou l� e n�o gostou do terreno".
"E a� eu disse: Espere a� Louveira! Eu gastei dinheiro, deram a garantia, como n�o?". Houve desgaste com Louveira e Paulo. "Eu disse: Paulo, o dinheiro que eu coloquei aqui era um dinheiro meu que eu lucraria no Prosub".
Demerval ainda reclamou de pagamentos que alega ter feito ao advogado e compadre de Lula, Roberto Teixeira: "Eu paguei ao Roberto Teixeira mesmo n�o tendo advogado pra mim. Ele era advogado de todo mundo, menos meu, mas eu paguei. Saiu da conta corrente da minha empresa para a dele. Da mesma forma que o contrato do Glaucos saiu de minha conta da minha empresa para a do Glaucos".
Glaucos mencionado por Demerval � Glaucos da Costamarques, que � r�u nesta a��o por supostamente ter emprestado seu nome para a aquisi��o do terreno do Instituto Lula e de apartamento vizinho ao do ex-presidente em S�o Bernardo do Campo.
COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA CRISTIANO ZANIN MARTINS, QUE DEFENDE LULA:
"O ex-Presidente Lula esteve uma �nica vez no terreno juntamente com a diretoria do Instituto Lula para avaliar o interesse da entidade na compra ou loca��o do im�vel. Mas de pronto foi descartado o interesse no im�vel. O Instituto Lula � associa��o sem fins lucrativos e jamais teve a posse ou a propriedade desse im�vel".
(Luiz Vassalo, Julia Affonso e Ricardo Brandt)