Dono de construtora diz que entrou como 'laranja' e saiu como 'pato' de processo

S�o Paulo, 07 - O empres�rio Demerval de Souza, dono da construtora DAG, que confirmou ter comprado o terreno em S�o Paulo para a constru��o da sede do Instituto Lula, disse ter entrado como �um laranja�, e acabou sendo �um pato�, das negocia��es. Segundo o empreiteiro, o petista desistiu do neg�cio e ele teve de receber R$ 7,2 milh�es por meio de uma �triangula��o� envolvendo a Odebrecht e outra empresa. Demerval se diz enganado por ver, nos autos, que a construtora pagou uma offshore fora do Pa�s a t�tulo da compra do terreno.

O depoimento do empres�rio ocorreu nesta quarta-feira, 6, na Justi�a Federal em Curitiba, base da Opera��o Lava Jato.

O empres�rio tentou acordo de dela��o premiada com a for�a-tarefa da Lava Jato, mas um dos procuradores na audi�ncia esclareceu que as tratativas foram interrompidas porque ele n�o atende a requisitos de um colaborador.

Demerval � r�u acusado de usar sua empresa para intermediar a compra, pela Odebrecht, de terreno onde seria sediado o Instituto Lula, que, segundo o Minist�rio P�blico Federal, teria sido custeado com recursos il�citos oriundos de contratos da Petrobras.

Ele afirmou a Moro que comprou o terreno onde seria a sede do Instituto Lula a pedido da Odebrecht e lembrou ter sido avisado que o im�vel seria destinado ao petista.

Ele alegou ter sido combinado que, em face da demora que teria para obter tal retorno, combinou um adiantamento de R$ 8 milh�es da Odebrecht em outro contrato no qual teria sido subcontratado pela empreiteira, no �mbito do Prosub, o Programa de Desenvolvimento de Submarinos.

Apesar de ter comprado o terreno, Demerval diz que Lula acabou n�o gostando do im�vel e desistiu da compra.

De acordo com o empres�rio, ele fez um primeiro contrato de compra do im�vel, mas a Odebrecht acabou propondo outro termo, mais tarde, que envolvia pagamentos de R$ 234 mil reais ao advogado de Lula, Roberto Teixeira, e mais R$ 800 mil.

�A contragosto, eu fiz esse pagamento, primeiro porque eu j� tinha gasto 7 milh�es, segundo porque eu percebi que Roberto Teixeira tinha uma intimidade muito grande com a fam�lia do ex-presidente. Fora isso, eu poderia pagar um pouco mais para o terreno�, alegou.

Demerval ainda disse ter recusado fazer pagamentos, em dinheiro vivo, solicitados por executivos da Odebrecht a Roberto Teixeira, e reclamou de pagamentos ao advogado de Lula.

�Eu paguei ao Roberto Teixeira mesmo n�o tendo advogado pra mim. Ele era advogado de todo mundo, menos meu, mas eu paguei. Saiu da conta corrente da minha empresa para a dele. Da mesma forma que o contrato do Glaucos saiu de minha conta da minha empresa para a do Glaucos�.

De acordo com o empreiteiro, ele teria pedido � Odebrecht, depois da desist�ncia de Lula, que a construtora comprasse dele o im�vel para evitar preju�zo. E alegou que a construtora acabou compensando R$ 7,2 milh�es em uma �triangula��o� que envolveu a venda do im�vel.

Demerval nega ter recebido dinheiro fora do pa�s e se disse enganado, j� que a Odebrecht confessou pagamentos de R$ 15 milh�es no exterior, por meio de uma offshore chamada Beluga.

�Marcelo deu duas hip�teses. Ou induziu que algu�m passou a perna na empresa, ou os colaboradores est�o escondendo quem � Beluga. Se o senhor somar o que a DAG gastou, mais a offshore, mais R$ 192 mil valor pago, se gastou quase 25 milh�es de reais. E eu paguei 7 e est� contabilizado 12 milh�es�.

Questionado pela defesa de Lula se � o dono do terreno, o empres�rio desabafou:

�Se o senhor me perguntasse na �poca, eu afirmaria que o terreno era meu. Hoje, o desenrolar desse processo, vendo a quantidade de pagamentos feitos � minha revelia, que eu n�o tinha a menor ci�ncia, por fora, o que eu posso dizer ao senhor � que eu fui enganado. Hoje, eu entrei como �laranja�, nesse processo, e eu vejo que eu fui um pato. Isso que eu fui�.

(Luiz Vassallo)