Bras�lia, 14 - Na den�ncia contra o presidente Michel Temer e integrantes do PMDB por forma��o de organiza��o criminosa, o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, relaciona a sa�da do partido da base aliada da ex-presidente Dilma Rousseff ao avan�o das opera��es Lava Jato.
"A crise dentro do n�cleo pol�tico da organiza��o criminosa aumentava � medida que a Opera��o Lava Jato avan�ava, desvendando novos nichos de atua��o do grupo criminoso. Nesse cen�rio, os articuladores do PMDB do Senado Federal, em especial o senador Romero Juc�, iniciaram uma s�rie de tratativas para impedir que a Opera��o Lava Jato continuasse a avan�ar. Como n�o lograram �xito em suas tratativas, em 29.03.2016, o PMDB decidiu deixar formalmente a base do governo e, em 17.04.2016, o pedido de abertura de impeachment da Presidente Dilma Rousseff foi aprovado pela C�mara dos Deputados", escreveu Janot, na den�ncia encaminhada nesta tarde ao Supremo Tribunal Federal.
Segundo o procurador-geral, as campanhas eleitorais de 2014 tiveram a maior arrecada��o hist�rica de dinheiro repassado por empresas o que, segundo ele, "certamente � fruto do vasto esquema criminoso montado nos mais diversos �rg�os e empresas estatais". Ele apontou que s� o PMDB teve incremento, em 2014, de R$ 122,7 milh�es em rela��o aos valores recebidos em 2010.
"Embora a organiza��o criminosa tenha conhecido o �pice da sua arrecada��o de propina no ano de 2014, foi neste ano tamb�m que teve in�cio a Opera��o Lava Jato", escreveu Janot. O procurador-geral apontou que a princ�pio a opera��o era focada na Petrobras, mas verificou-se um "verdadeiro loteamento" entre as diretorias da estatal entre os partidos aliados do governo.
Janot argumenta que em 2015 a rela��o dos integrantes do PMDB da C�mara com a presidente Dilma Rousseff estava "fortemente abalada", em raz�o da exonera��o do ent�o ministro Moreira Franco da Secretaria de Avia��o Civil. "No meio deste clima de descontentamento, no in�cio de 2015, Eduardo Cunha decidiu n�o observar o acordo de altern�ncia entre PT e PMDB e lan�ou-se candidato � Presid�ncia da C�mara dos Deputados numa disputa com o candidato do PT Arlindo Chinaglia. Esse epis�dio marcou uma virada importante no relacionamento entre os integrantes do n�cleo pol�tico da organiza��o criminosa do 'PMDB da C�mara' e do PT", escreveu Janot.
Segundo ele, os "caciques do PMDB" achavam em 2015 que o governo "n�o estava agindo para barrar a Opera��o Lava Jato em rela��o aos 'aliados' porque queriam que as investiga��es prejudicassem os peemedebistas". "J� os integrantes do PT da organiza��o criminosa desconfiavam que aqueles queriam fazer uma manobra pol�tica para afastar a ent�o presidente Dilma do poder e assumir o seu lugar", escreveu Janot. As desconfian�as, segundo ele, cresceram em raz�o da instaura��o no STF de inqu�ritos da Lava Jato.
Eduardo Cunha, do PMDB, foi um dos primeiros da lista de inqu�ritos da Lava Jato instaurada a pedido de Janot que foi denunciado. Para o procurador, o grupo do PMDB avaliava que apenas os inqu�ritos dos 'aliados' e n�o os de integrantes do PT avan�ariam.
"A tens�o originada entre os integrantes do n�cleo pol�tico da organiza��o criminosa, em especial integrantes que pertenciam ao PT e ao 'PMDB da C�mara', ocasionou uma forte crise pol�tica", escreveu Janot, mencionando a carta escrita por Temer, ent�o vice-presidente, a Dilma.
O procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, ofereceu ao Supremo Tribunal Federal nesta tarde nova den�ncia contra o presidente Michel Temer. O peemedebista � acusado agora pelas pr�ticas de organiza��o criminosa e obstru��o de justi�a. Em junho, Janot ofereceu den�ncia contra Temer por corrup��o passiva, mas a C�mara dos Deputados barrou a acusa��o.
Tamb�m foram denunciados por organiza��o criminosa os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco; o ex-ministro Geddel Vieira Lima; e os ex-presidentes da C�mara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures.
Por obstru��o de justi�a foram denunciados Temer, e os executivos Joesley Batista e Ricardo Saud.
(Beatriz Bulla, Breno Pires e Rafael Moraes Moura)