Bras�lia, 22 - Ap�s o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acusar o PMDB e o governo de dar uma "facada nas costas" do DEM, o presidente Michel Temer assumiu nesta quinta-feira, 21, a articula��o para tentar contornar a insatisfa��o na base. Horas depois de chegar de Nova York, onde participou da Assembleia-Geral da ONU, Temer reuniu auxiliares e disse que marcaria uma conversa com Maia para resolver o problema e conter a rebeli�o.
As declara��es do presidente da C�mara foram feitas no momento em que Temer precisa de apoio parlamentar para barrar a segunda den�ncia contra ele no plen�rio. Nesta quinta, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 10 votos a 1, que a acusa��o apresentada pelo ex-procurador-geral da Rep�blica Rodrigo Janot contra o presidente, por organiza��o criminosa e obstru��o da Justi�a, deve ser encaminhada aos parlamentares e entregou � C�mara a acusa��o.
O desabafo de Maia foi feito ap�s o ass�dio do PMDB a parlamentares do PSB que estavam prestes a ingressar no DEM. O partido de Temer conseguiu, recentemente, filiar o senador Fernando Bezerra Coelho (ex-PSB-PE). Pelo menos outros seis deputados do PSB, que estavam em negocia��o com o DEM, foram procurados pela c�pula peemedebista, enfurecendo Maia.
O Planalto, por�m, viu nas declara��es raivosas do presidente da C�mara algo muito al�m do simples desabafo. Nos �ltimos dias, Maia tem feito movimentos em dire��o aos dissidentes do PMDB e � esquerda.
Ele jantou na quarta-feira na casa da senadora K�tia Abreu (PMDB-TO), que foi suspensa das fun��es partid�rias ap�s entrar em confronto com l�deres da sigla. "Sobraram ali estocadas � condu��o pol�tica do governo", afirmou o deputado Orlando Silva (PC do B-SP), um dos presentes ao encontro. "Mas o Rodrigo n�o conspira. Ali�s, se ele quisesse, Temer j� teria ca�do. O pal�cio � que est� fissurado pela sobreviv�ncia e v� fantasmas em todo canto."
O jantar reuniu, ainda, os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Eduardo Braga (PMDB-AM), ambos cr�ticos do governo, al�m do presidente do Senado, Eun�cio Oliveira (PMDB-CE), e de deputados de outros partidos, como Alexandre Baldy (Podemos-GO).
Na noite de quinta, Maia esteve com o prefeito Jo�o Doria (PSDB-SP). A aproxima��o do presidente da C�mara com o tucano � vista pelo Planalto como mais um gesto pol�tico para a elei��o de 2018. Tanto o PMDB como o DEM convidaram Doria para ser candidato � Presid�ncia.
Mais cedo, em um evento no Rio, Maia negou que os problemas entre PMDB e DEM possam influenciar na tramita��o da den�ncia contra Temer. "N�o vamos misturar uma coisa t�o grave, que � a den�ncia, com um problema que envolve dois partidos e parte do Planalto", disse.
Embora aliados do presidente avaliem que o governo enfrentar� menos dificuldade na segunda acusa��o, h� muitos "fios desencapados". O l�der do governo no Senado, Romero Juc� (PMDB-RR), admitiu que a nova acusa��o "perturbar�" vota��es de interesse do Planalto.
Ministro
Al�m da revolta de Maia, deputados do Centr�o - que re�ne partidos m�dios, como PP, PTB e PSD - pressionam pela sa�da do ministro da Secretaria de Governo, Ant�nio Imbassahy (PSDB). H� tamb�m descontentamento por causa da pol�mica em torno da medida provis�ria que cria o novo Refis.
O l�der do PMDB, Baleia Rossi, disse ao Estado que Imbassahy se fortaleceu com sinal de apoio m�tuo dos demais ministros do PSDB como Bruno Ara�jo (Cidades) e Aloysio Nunes (Itamaraty). "Imbassahy tem uma fun��o de atendimento dos parlamentares, ent�o � natural que haja reclama��o. Mas ele tem trabalhado direito."
Para o deputado Marcos Montes (MG), l�der do PSD, os descontentamentos est�o relacionados a indica��es para cargos de terceiro escal�o. Segundo ele, o partido se sente desprestigiado e gostaria de ter um espa�o maior no governo, al�m do Minist�rio de Ci�ncia e Comunica��es, ocupado por Gilberto Kassab.
Montes mostrou-se solid�rio � Maia. "A atua��o do Rodrigo na presid�ncia pode n�o alterar o resultado, mas � determinante em algumas situa��es. Ele est� com espinho atravessado na garganta. N�o sei de que tamanho �, se de lambari ou de pirarucu." As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Vera Rosa, Felipe Fraz�o, T�nia Monteiro e Carla Ara�jo)