Bras�lia, 22 - Apontado pelos delatores do Grupo J&F como recebedor de R$ 1 milh�o em propina destinada ao presidente Michel Temer, o coronel aposentado Jo�o Baptista da Lima Filho se valeu de uma offshore sediada no Uruguai para comprar dois im�veis em S�o Paulo. Um deles, no qual Lima Filho mora e onde a Pol�cia Federal realizou busca e apreens�o no �mbito da Opera��o Patmos, � um duplex.
As informa��es sobre os im�veis e a offshore Langley Trade Co. SA constam em relat�rio da PF sobre os itens apreendidos com o coronel no dia da deflagra��o da Patmos, em 18 de maio. O documento foi anexado pela Procuradoria-Geral da Rep�blica na den�ncia oferecida contra o presidente Michel Temer por obstru��o de Justi�a e organiza��o criminosa.
O jornal
O Estado de S. Paulo
revelou em junho que a PF havia encontrado 17 recibos relacionados a offshore Langley na casa do coronel amigo de Temer. Na Receita Federal, a Langley est� registrada como empresa domiciliada em Montevid�u. No banco de dados do Panam� Papers, do Cons�rcio Internacional de Jornalistas Investigativos, que teve participa��o de jornalistas do Estado, o endere�o est� atrelado a v�rias offshores.
No relat�rio anexado � den�ncia, a PF afirma que os recibos est�o atrelados �s transa��es para compra e venda dos im�veis e que o representante na offshore seria o uruguaio Emilio Gaston Tuneu Mohr. Segundo a PF, o uruguaio � o mesmo que j� foi alvo da opera��o Castelhana, realizada em 2006 e respons�vel por desarticular um grupo criminoso que atuava na "blindagem patrimonial" de grandes empres�rios.
"Observadas as informa��es apresentadas no item 3.1 deste relat�rio, considera-se a possibilidade da offshore Langley Trade CO SA ser na verdade de Jo�o Baptista Lima Filho e integrar o mesmo esquema denunciado na Opera��o Castelhana", diz o relat�rio da PF.
Dela��o
No acordo de colabora��o dos executivos da J&F, o contador Florisvaldo Caetano de Oliveira, apontado pela JBS como respons�vel por entregar dinheiro a pol�ticos, relatou ao menos dois encontros com Lima Filho. O primeiro, segundo Oliveira, teve como objetivo conhecer o destinat�rio, chamado de "coronel", e combinar a forma de entrega dos valores. No segundo encontro, o contador afirmou ter entregue R$ 1 milh�o em esp�cie para Lima Filho.
Outro delator, o diretor de Rela��es Institucionais da J&F, Ricardo Saud, entregou uma s�rie de documentos � Procuradoria-Geral da Rep�blica mostrando que o endere�o citado por Oliveira era o da empresa Argeplan Arquitetura e Engenharia, cujo dono � o amigo de Temer. A Argeplan integra um cons�rcio que ganhou concorr�ncia em 2012 para executar servi�os na Usina de Angra 3. As obras s�o investigadas na Lava Jato.
Defesa
A reportagem entrou em contato com o coronel Lima Filho por meio de uma liga��o para sua empresa, a Argeplan, mas o telefonema n�o foi atendido. O espa�o est� aberto para sua manifesta��o.
(Fabio Serapi�o e Beatriz Bulla)