Receita registra movimenta��o suspeita em contas de 'laranja' de Lula

S�o Paulo, 04 - Equipe de investiga��o da Receita Federal na Opera��o Lava Jato identificou que o suposto "laranja" de Lula na compra do apartamento 121, do Edif�cio Hill House, em S�o Bernardo do Campo (SP), Glaucos da Costamarques, tem movimenta��o patrimonial e financeira suspeita, tendo suas contas possivelmente utilizadas para lavagem de dinheiro.

"H� razo�vel suspeita de que em alguns anos (especialmente 2010, 2011 e 2013), al�m da possibilidade de sonega��o de receita, as contas banc�rias de Glaucos da Costamarques podem ter sido utilizadas apenas como interposi��o para passagem de expressivos valores de terceiros", informa a Receita.

Primo do pecuarista Jos� Carlos Bumlai, amigo de Lula que tinha livre acesso ao Planalto em seus governos e foi preso pela Lava Jato em 2015, Glaucos � r�u em processo em que o petista � acusado de receber um pr�dio para ser sede do Instituto Lula e o apartamento 121, no Hill House, vizinho ao 122 em que Lula mora desde a d�cada de 1990.

Glaucos da Costamarques � acusado pela Lava Jato de ser "laranja" de Lula nas duas opera��es, que envolveram R$ 12,4 milh�es em propinas da Odebrecht. Por isso, recebeu R$ 172 mil de pagamento como "comiss�o" por figurar como suposto dono dos neg�cios - ambos feitos em 2010 e conduzidos pelo advogado Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente.

"H� incompatibilidade entre recursos e origens declaradas e movimenta��es banc�rias a cr�dito nas contas do investigado Glaucos da Costamarques, em v�rios anos calend�rios, alguns mais expressivos", informa a Informa��o de Pesquisa e Investiga��o 20160052, das equipe da Receita em Curitiba.

A Receita suspeita que cerca de R$ 758 mil passaram apenas pelas contas do "laranja", nunca tendo pertencido a ele, em t�pica opera��o de lavagem de dinheiro.

Segundo a Receita, em 2010 al�m dos R$ 800 mil pagos pela DAG, o "laranja" recebeu empr�stimo de R$ 1,66 milh�o de dois filhos. H� outros empr�stimos tamb�m do primo e amigo de Lula, Bumlai, como em 2012, no valor de R$ 450 mil.

O documento � de 30 de setembro de 2017 e integra a acusa��o do Minist�rio P�blico Federal contra Lula, o compadre e o "laranja", que deve ser julgada ainda esse ano pelo juiz federal S�rgio Moro.

Lula foi condenado pelo juiz da Lava Jato em 12 de junho no processo do caso do triplex do Guaruj� (SP), que ocultaria propinas da OAS, a 9 anos e 6 meses de pris�o - ele recorre em liberdade e nega as acusa��es.

No caso do apartamento, Glaucos da Costamarques � o comprador dos direitos do im�vel, em 2010, por R$ 504 mil. Ele afirma que alugou o bem para a fam�lia Lula, em contrato feito por Teixeira em nome de Dona Marisa Let�cia (que morreu em fevereiro).

Em declara��o feita durante apura��o da Receita, Glaucos da Costamarques explica que comprou o apartamento 121 do Hill House e fez neg�cios do pr�dio para o Instituto Lula por indica��o de Roberto Teixeira.

Relata ainda que comprou o apartamento por ver nele uma boa oportunidade de neg�cio imobili�rio. A Receita destaca que o 121 em S�o Bernardo � a �nica propriedade urbana de Costamarques fora de Campo Grande, onde reside e � propriet�rio rural.

Recibos

De 2011 a 2015, o "laranja" afirma n�o ter recebido o aluguel, apesar de lan�ar os pagamentos feitos pela fam�lia Lula. Na declara��o de Imposto de Renda do ex-presidente tamb�m constam os pagamentos.

No �ltimo m�s, a defesa de Lula entregou � Justi�a 26 recebidos que comprovariam os pagamentos, com datas que v�o de 2011 a 2015 - dois deles com erros de datas.

Costamarques afirmou que assinou todos em um dia a pedido de Roberto Teixeira, que em novembro de 2015 teria o procurado no hospital, �s v�speras da pris�o do primo Bumlai pela Lava Jato, e informado que passaria a pagar os alugueis do apartamento usado pela fam�lia Lula.

A defesa do presidente diz que os recibos comprovam o pagamento dos alugu�is e que Lula n�o cometeu nenhuma irregularidade. Afirma, ainda, que os erros constantes em dois dos recibos n�o comprometem o valor dos documentos entregues � Justi�a.

(Ricardo Brandt e Julia Affonso)