Bras�lia - Confiantes de que a segunda den�ncia contra o presidente Michel Temer ser� rejeitada na pr�xima quarta-feira, 25, pelo plen�rio da C�mara, governo e deputados j� articulam a agenda para o dia seguinte, mas divergem sobre as prioridades. Enquanto o Pal�cio do Planalto d� prefer�ncia a propostas que ajudem a fechar as contas p�blicas, a maioria impopular, parlamentares buscam impor uma agenda pr�pria, com forte apelo na sociedade, como projetos ligados � �rea da seguran�a p�blica.
Esses pontos devem ser tema de duas medidas provis�rias (MP) que o governo pretende enviar � C�mara logo ap�s a vota��o da segunda acusa��o formal contra o presidente - por organiza��o criminosa e obstru��o da Justi�a. A aprova��o da reforma da Previd�ncia tamb�m � dada como improv�vel na atual legislatura, mesmo que seja um texto mais enxuto. Juntos, esses partidos somam, pelo menos, 240 dos 513 deputados.
A press�o da base ocorre em um momento de desgaste entre o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Temer. Maia tem procurado se descolar do governo e adotado um discurso de que � preciso uma nova agenda para o Pa�s. Ao mesmo tempo, almeja protagonismo nas decis�es econ�micas.
"Para essa pauta de desgaste, vai ser muito dif�cil ele (Temer) contar com o n�mero suficiente da base para aprovar. Os partidos podem at� encaminhar a favor, mas n�o ter� correspond�ncia nas bancadas", disse o l�der do PR na Casa, Jos� Rocha (BA).
Ele defende como pauta principal propostas ligadas � seguran�a p�blica. Segundo o parlamentar baiano, Maia se comprometeu a reservar uma semana em novembro para votar no plen�rio s� projetos nessa �rea.
Colegiado
Nesta semana, Maia criou uma comiss�o de parlamentares e juristas para elaborar projetos de moderniza��o da legisla��o contra o tr�fico de drogas e armas. O colegiado ser� presidido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e funcionar� inicialmente por 120 dias. "A sociedade ver� que a C�mara tem agenda de temas que afetam o dia a dia das pessoas", disse Maia na ter�a-feira.
O l�der do DEM, Efraim Filho (PB), tamb�m v� a seguran�a p�blica como "prioridade", principalmente projetos que fortale�am o combate ao contrabando e valorizem a atividade policial. "Esse tema vem sendo adiado por causa dessa pauta trancada por MPs e pela den�ncia, mas � important�ssimo para sociedade", afirmou.
Para ele, os parlamentares precisam de um "f�lego" de pautas positivas, em sintonia com a popula��o. "S� assim o plen�rio vai ganhar confian�a para voltar a votar pautas econ�micas."
'Medidas necess�rias'
J� o l�der do partido de Temer na C�mara, Baleia Rossi (PMDB-SP), diz que a prioridade precisa ser a agenda de recupera��o da economia. "Temos que pensar com responsabilidade. O ideal � n�o votar medida impopular, mas isso n�o � poss�vel no momento de dificuldade pelo qual o Brasil passa. Para o momento extraordin�rio, essas medidas s�o necess�rias. � um esfor�o que todos os l�deres devem fazer."
Para o l�der do PRB, deputado Cleber Verde (MA), a C�mara deve entrar na discuss�o da reforma tribut�ria, tema tamb�m defendido pelo PR. Mas a preocupa��o � votar medidas que reduzam a carga tribut�ria, e n�o a proposta mais ampla defendida pelo governo.
"Essa agenda impopular � ruim para o deputado. J� vai ter o desgaste da vota��o da den�ncia pela segunda vez. O deputado n�o vai enfrentar essa agenda pesada", afirmou o l�der do PSD, Marcos Montes (MG). Para ele, as propostas s�o importantes, mas n�o � a hora certa de serem votadas. "A agenda que queremos � a nossa, como mudan�as no licenciamento ambiental", disse o deputado, integrante da bancada ruralista.
A maioria dos l�deres partid�rios avalia que nem mesmo uma reforma da Previd�ncia mais enxuta, como vem sendo discutida pelo Planalto, tem chances de ser aprovada na C�mara em ano pr�-elei��o. Essa � a percep��o at� do l�der do PMDB. "Ela � apenas uma das medidas que t�m que ser adotadas, mas n�o � a mais importante, aquela que, se n�o votar, o Pa�s acaba. Mesmo uma reforma mais enxuta n�o � inteligente", afirmou Baleia Rossi.
O l�der do governo na C�mara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), disse que somente ap�s a vota��o da segunda den�ncia poder� avaliar melhor o ambiente para a vota��o das mat�rias de interesse do Executivo.