
A luta do presidente Michel Temer (PMDB) para se manter no poder, depois de ser alvo de duas den�ncias por corrup��o feitas pela Procuradoria-Geral da Rep�blica, tem encontrado suporte fundamental nos deputados federais de Minas Gerais. Foi deles o maior n�mero de votos na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a, na �ltima quarta-feira, para barrar o prosseguimento da nova acusa��o por obstru��o de Justi�a e organiza��o criminosa. Os mineiros tamb�m haviam sido os campe�es de votos a favor do presidente quando o plen�rio apreciou, em agosto, a primeira den�ncia apresentada pelo ex-procurador Rodrigo Janot. A fidelidade ao Planalto se mant�m mesmo com as constantes cobran�as por mais recursos para o estado.
Minas Gerais ficou a frente de S�o Paulo, que deu sete votos a Temer na CCJ. Os demais estados deram de um a 3 votos. A pr�pria CCJ � presidida pelo mineiro Rodrigo Pacheco (PMDB), a quem coube articular as duas vota��es. Na primeira den�ncia, quando o relator S�rgio Sveiter (PMDB/RJ) fez relat�rio contr�rio a Temer e o parecer foi rejeitado, Pacheco nomeou o mineiro Paulo Abi-Ackel para fazer novo texto, pedindo a suspens�o da den�ncia contra o presidente.

Ao chegar ao plen�rio em agosto, Minas Gerais tamb�m deu o maior placar favor�vel na primeira den�ncia contra Temer: foram 33 votos a 18 pelo arquivamento da den�ncia. Mais uma vez, o estado ficou � frente de S�o Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Paran� e todos os demais estados brasileiros. Na propor��o, o resultado tamb�m foi maior j� que o estado tem 53 parlamentares, enquanto os paulistas ocupam 70 cadeiras.
Segundo o deputado Paulo Abi-Ackel, que relatou a primeira den�ncia, a postura da bancada mineira se justifica pela responsabilidade. “Os mineiros s�o respons�veis e fazem pol�tica com as virtudes de grandes articuladores pol�ticos do passado, como Tancredo. N�o se deixam influenciar por redes sociais quando est� em jogo a estabilidade do pa�s, o desemprego e a necessidade de se fazer reformas”, disse. Por redes sociais, Abi Ackel disse se referir a “movimentos meio robotizados de persegui��o � liberdade do parlamentar”, que, segundo ele, afetam deputados de outros estados. O tucano disse que votou contra a den�ncia porque “n�o admitiria que o presidente fosse destitu�do por um flagrante forjado pela PGR”.
Abi-Ackel negou que Temer desprestigie Minas Gerais, apesar de o estado n�o ter nenhum minist�rio e, recentemente, ter perdido a batalha contra a venda de usinas da Cemig. Para ele, as perdas do estado s�o “decorr�ncia de uma s�rie de fatores, mas n�o de uma m� vontade (de Temer) com os mineiros”. O tucano disse que situa��es como a venda da Cemig s�o “herdadas do governo do PT (do qual Temer era vice-presidente)”.
Amea�a
Um dos dois �nicos mineiros que votaram contra Temer na CCJ (o outro foi Patrus Ananias (PT), o deputado J�lio Delgado (PSB) disse se envergonhar da bancada mineira. “Na primeira den�ncia, dos cinco estados mais populosos do pa�s (SP, RJ, MG, RS e BA), Temer s� ganhou em Minas. A bancada tinha de estar mais sintonizada com a vontade popular, que deseja n�o s� o afastamento do presidente como uma investiga��o para que ele possa responder �s den�ncias. Infelizmente a bancada vai no caminho inverso, sendo puxada por outros sentimentos, como desejo de emendas, cargos e outras benesses”, disse. Delgado disse esperar que os deputados mineiros n�o repitam o feito da primeira den�ncia na vota��o em plen�rio, quando o estado deu a Temer o maior percentual de aprova��o.
O coordenador da bancada mineira, F�bio Ramalho (PMDB), disse que a bancada deve manter a posi��o de votar a favor de Temer no plen�rio. “Ser� a mesma coisa no plen�rio, at� porque o Bonif�cio Andrada � muito respeitado pelos colegas e n�o ia fazer um relat�rio que n�o fosse baseado na lei”, disse. Ramalho disse que a bancada mineira tem estado ao lado do governo independentemente do tratamento dado ao estado por uma quest�o de “sobreviv�ncia do governo” e “responsabilidade”.
Sobre a falta de atendimento �s demandas de Minas, Ramalho afirmou que a resposta ser� na vota��o do or�amento da Uni�o. Em nova “amea�a” ao governo Temer, a bancada apresentou a Temer uma lista de pedidos que inclui verba para a BR 381 e R$ 1 bilh�o para a sa�de como forma de compensar a perda das usinas da Cemig. Os deputados dizem que se n�o forem atendidos n�o v�o aprovar o or�amento.