S�o Paulo - A esperan�a na Lava-Jato continua, mas a percep��o de que a classe pol�tica vai conseguir p�r um ponto final nas investiga��es cresce a cada dia. � o que mostra a mais recente pesquisa Pulso Brasil, do instituto Ipsos, sobre o futuro da maior opera��o anticorrup��o j� deflagrada no Pa�s. "A pesquisa mostra que o anseio por justi�a continua sendo melhor representado pela Lava-Jato, mas, ao mesmo tempo, indica que a popula��o n�o est� indiferente ao poder de rea��o do mundo pol�tico aos seus desdobramentos", disse o diretor da Ipsos Public Affairs, Danilo Cersosimo.
Al�m disso, a pesquisa apontou em setembro que, para 76% dos entrevistados, a opera��o "vai fortalecer a democracia no Brasil". Embora a cren�a no poder transformador da Lava Jato ainda seja significativa, ela j� foi maior. Em maio, 86% se diziam confiantes na contribui��o da opera��o para o amadurecimento da democracia no Pa�s.
Ainda segundo o levantamento, 71% concordam que a Lava Jato pode transformar o Brasil em um Pa�s s�rio. Mais da metade dos entrevistados (56%) acreditam que a opera��o est� investigando todos os partidos - mas 40% j� sentem o cheiro de "pizza" saindo do forno.
Para o cientista pol�tico Vitor Oliveira, da consultoria pol�tica Pulso P�blico, o desejo quase que un�nime de que a opera��o "continue at� o fim, custe o que custar", remonta aos primeiros dias do movimento pr�-impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff. "Esse desejo ainda � resqu�cio daquilo que parecia ser um dos poucos consensos na sociedade: a import�ncia da Lava Jato. A opera��o sempre esteve acima das institui��es que ela investigou e investiga. Por isso, ainda guarda esse prest�gio entre a popula��o."
Apesar do "prest�gio", Oliveira se concentrou no dado que aponta a percep��o popular de um contra-ataque pol�tico em rela��o aos desdobramentos das investiga��es. "A ideia de que a Lava Jato n�o vai atingir os pol�ticos come�a a crescer quando a opera��o esbarra no foro privilegiado, quando esbarra em nosso pr�prio sistema e na lentid�o dos julgamentos."
"� evidente que a tramita��o no Supremo Tribunal Federal � diferente do que acontece em Curitiba, com o juiz S�rgio Moro (que conduz a Lava Jato na primeira inst�ncia). �s vezes, isso causa confus�o na popula��o, que acaba entendendo que a pr�pria Lava Jato estaria fraquejando na hora de condenar os pol�ticos", afirmou Oliveira.
Lula
J� para o cientista pol�tico e professor do Mackenzie Rodrigo Augusto Prando, a percep��o de que o mundo pol�tico pode frear a Lava Jato pode ser ilustrada com o caso do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. "Veja o caso do ex-presidente. Embora condenado em primeira inst�ncia, ele continua livre e fazendo campanha pelo Brasil contra a pr�pria Lava Jato. Isso � muito forte. A Lava Jato colocou empreiteiros na cadeia, mas n�o conseguiu que Lula se tornasse um indiv�duo como outro qualquer e fosse preso."
Prando ainda citou outros fatores para que o receio de que a Lava Jato termine esmagada pela pol�tica cres�a. "Al�m do Lula, o excesso de ativismo do Judici�rio tamb�m trouxe desgastes � opera��o. Tamb�m podemos colocar nesse pacote as a��es do ex-procurador-geral da Rep�blica Rodrigo Janot. A forma como a dela��o dos irm�os Batista da JBS foi tratada serviu para o desprest�gio da investiga��o", afirmou.
O cientista pol�tico Marco Ant�nio Teixeira, da Funda��o Getulio Vargas (FGV), disse que os resultados da pesquisa mostram que a Lava Jato se prolongou demais. "Apesar da dura��o da opera��o, a popula��o ainda n�o viu uma melhora do quadro pol�tico - e at� alguns apoiadores ferrenhos da Lava Jato j� foram pegos em casos de corrup��o", afirmou. "Ent�o, come�a a arrefecer a sensa��o de que a Lava Jato pode acabar com os abusos da classe pol�tica. Ao contr�rio, aumenta a sensa��o de que a classe pol�tica � quem vai triunfar."
A pesquisa ouviu 1.200 pessoas entre 1º e 12 de setembro. "� prov�vel que as pr�ximas pesquisas ainda mostrem um crescimento desse receio de que a classe pol�tica acabe com a Lava Jato. Fatores como a recusa em aceitar a segunda den�ncia contra o presidente Michel Temer e a vit�ria do senador A�cio Neves no Senado podem aumentar a desconfian�a da popula��o", disse Cersosimo.