S�o Paulo, 24 - O juiz federal Sergio Moro, respons�vel pela Opera��o Lava Jato na primeira inst�ncia, afirmou nesta ter�a-feira, 24, que faz tudo subordinado � lei, "sem jeitinhos ou caminhos alternativos". "Posso proferir alguma decis�o da qual as pessoas divirjam, mas minha interpreta��o est� ali. Nunca tor�o meu entendimento para chegar a alguma outra verdade", afirmou durante debate no F�rum Estad�o Opera��o M�os Limpas & Lava Jato, realizado na capital paulista.
"N�s temos a� nossas liberdades, e as liberdades dentro do processo penal s�o importantes", disse o juiz, ressaltando que as pessoas divergem sobre a aplica��o da lei, �s vezes de forma importante, "mas n�o h� caminhos fora da lei".
Tamb�m no debate, o procurador da Rep�blica, Deltan Dallagnol, coordenador da For�a-Tarefa da Lava Jato, afirmou que a mec�nica do dinheiro funciona como fluidos, "e tendem a escapar para �reas de menor press�o". "Eles v�o buscar outros mecanismos de lavagem de dinheiro alternativos. Embora alguns tenham sido presos, muitos operadores ainda est�o soltos", disse ele.
Moro, durante o debate, tamb�m comentou sobre a discuss�o da pris�o em segunda inst�ncia, que voltou ao Supremo depois de, no ano passado, a corte a ter aprovado. "O Supremo teve sensibilidade de ver que Justi�a sem fim � Justi�a nenhuma", disse, esperando que esse entendimento seja mantido.
Questionado sobre as raz�es de os brasileiros terem parado de protestar contra a corrup��o, Moro brincou dizendo que � um juiz e "n�o um motivador de multid�es". Mas que a Lava Jato se insere em ciclo positivo de redu��o da impunidade no Brasil � h� "infinitas raz�es" para se ter esperan�as no Pa�s. "As pessoas precisam ser menos consumidoras e mais cidad�s em suas reivindica��es."
JBS
O juiz federal afirmou tamb�m que n�o conhece o caso da dela��o da JBS, sen�o pela m�dia, mas disse que as eventuais cr�ticas sobre o instrumento de colabora��o premiada devem ser feitas para aprimor�-lo, n�o para elimin�-lo.
Segundo ele, h� a impress�o da sociedade de que h� uma leni�ncia excessiva. "Eu acredito que, tanto quanto poss�vel, o Minist�rio P�blico (MP) deve ser mais duro. O problema � que muitas vezes se trabalha num contexto de impunidade, no qual � muito mais dif�cil fazer esses acordos", disse Moro. E completou: "Quem fica preso 10 anos no Brasil? Ningu�m." Ele afirmou que o MP tem evolu�do sobre a colabora��o premiada ao longo do tempo.
Moro tamb�m afirmou que � falso dizer que a Lava Jato se baseia somente em acordos de colabora��o. Ele sustentou que h� sempre uma investiga��o e eventual confirma��o posterior dos depoimentos.
Dallagnol tamb�m disse que n�o conhece detalhes do acordo de dela��o da JBS, mas considera ser f�cil criticar de fora. "Quando olho a mesa de negocia��o com a JBS, vejo que os empres�rios estavam muito confort�veis. N�o tinham buscas e apreens�es contra eles, eram investigados mas n�o estavam indiciados, n�o tinham pressa e colocaram seu pre�o na negocia��o, que era a imunidade", afirmou Dallagnol
O procurador afirmou ainda que alguns aspectos do acordo de leni�ncia da JBS possuem algumas falhas. "Basta voc� comparar o tempo de negocia��o dessa dela��o da JBS e o tempo de negocia��o da dela��o da Odebrecht", disse Dallagnol, ressaltando que foram meses de negocia��es e v�rias reuni�es.
(Altamiro Silva Junior e Thais Barcellos)