
Bras�lia e Rio - O clima de tens�o desencadeado pelas graves acusa��es feitas pelo ministro da Justi�a, Torquato Jardim, contra a c�pula de Seguran�a P�blica do Rio de Janeiro, era tudo que o presidente Michel Temer menos queria depois de conseguir se livrar da segunda den�ncia contra ele. As falas do ministro, al�m de acabar no Supremo Tribunal Federal (STF), repercutiram na C�mara dos Deputados e no primeiro escal�o do pr�prio Planalto. O presidente da C�mara, Rodrigo Maia, que � do Rio e com quem Temer tenta resgatar as boas rela��es que tinha no in�cio do seu governo, disse que est� “perplexo” e aguarda “provas” de Torquato. Maia declarou, inclusive, que “o sil�ncio do governo (federal) vai aprofundar muito a crise na �rea de seguran�a no Rio”. At� o fim do dia, esperava-se um posicionamento de Temer sobre as declara��es de Torquato, o que n�o ocorreu. Nos bastidores, rumores era de uma poss�vel exonera��o do ministro da Justi�a, caso o desgaste seja irrevers�vel.
O ministro do Esporte, Leonardo Picciani, que, assim como Maia, � do Rio, criticou Torquato em troca de mensagens no WhatsApp com deputados federais do estado. Segundo ele, se o ministro da Justi�a tem alguma prova do que disse, deveria determinar � Pol�cia Federal a abertura imediata de inqu�rito sobre os fatos. “Do contr�rio, � fanfarronice ou prevarica��o”, escreveu Picciani, segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo.

Na ter�a-feira, em entrevista, o ministro acusou pol�ticos e comandantes de batalh�o de serem s�cios do crime organizado no Rio. Tamb�m afirmou que o governador fluminense, Luiz Fernando Pez�o (PMDB), e o secret�rio de Seguran�a P�blica do estado, Roberto S�, n�o t�m controle sobre a Pol�cia Militar. Torquato disse ainda que o comando da PM decorre de “acerto com deputado estadual e o crime organizado”. Em meio ao turbilh�o que causou, nesta quarta, desta vez em entrevista ao jornal O Globo, voltou a criticar a seguran�a estadual dizendo que “voltamos � Tropa de Elite 1 e 2”. Disse tamb�m que j� esperava esse tipo de rea��o. “S�o normais.”
“Fiquei perplexo esperando recuo do ministro. Em vez disso, ele deu uma longa entrevista ao jornal O Globo reafirmando suas acusa��es – graves e relevantes. O que esperamos, quando o ministro da Justi�a, respons�vel pela �rea de seguran�a p�blica, d� uma declara��o dessas, � que ele apresente as provas”, afirmou Maia. Na entrevista, Torquato desafiou as autoridades fluminenses a provarem que ele est� errado sobre as conex�es de comandantes da PM do Rio e o crime organizado.

“Parece uma invers�o de valores. Ou duas coisas: uma empolga��o juvenil – que n�o cabe pela experi�ncia, idade dele – ou uma vontade n�o proposital inclusive de ajudar os bandidos – que foi o que basicamente ele fez dando informa��es do governo”, afirmou o presidente da C�mara.
Maia chamou a manifesta��o do ministro de “atitude infantil e irrespons�vel” e disse esperar posi��o oficial do Planalto. “Espero que o governo aproveite o feriado para tomar uma posi��o oficial sobre o assunto.” “Esperamos que o tema fique esclarecido, que o que o ministro disse tenha provas. Ele � o homem mais importante na �rea de seguran�a p�blica no Brasil, depois do presidente, e esperamos n�o precisar convoc�-lo no plen�rio da C�mara. N�o em comiss�o, plen�rio, porque o tema � muito grave”, afirmou o presidente da C�mara.
INTERPELA��O

Pez�o anunciou nesta quarta-feira que entrou no Supremo com uma interpela��o judicial contra o ministro para que Torquato “informe o que ele tem contra a c�pula (da pol�cia) e os policiais”. A interpela��o judicial � usada para casos, refer�ncias, alus�es ou frases, em que se infere cal�nia, difama��o ou inj�ria. Quem se julga ofendido, pode pedir explica��es em ju�zo. Quem se recusa a responder, ou n�o se justifica, pode responder por ofensa.
Ainda na ter�a-feira, o governador rebateu as acusa��es em nota. “O governador Luiz Fernando Pez�o afirma que o governo do estado e o comando da pol�cia n�o negociam com criminosos”, diz o texto. Pez�o destacou tamb�m que “as escolhas de comandos de batalh�es e delegacias fluminenses s�o decis�es t�cnicas e que jamais recebeu pedidos de deputados para tais cargos”. Torquato afirmou que a solu��o para o problema do Rio s� vir� em 2019, quando haver� outro presidente e outro governador.
REUNI�O EMERGENCIAL
Na tarde desta quarta-feira, o governo do Rio convocou oficiais para uma reuni�o de emerg�ncia no Pal�cio Guanabara, sede do poder executivo estadual, para discutir as declara��es do ministro. Ap�s o encontro, o secret�rio Roberto S�, revelou que Pez�o manifestou solidariedade � c�pula da PM e a cada integrante da institui��o.

Sobre a escolha de Wolney Dias, um coronel j� reformado, para comandar a PM, S� declarou que o nome do oficial foi uma indica��o sua, aceita ppelo governador devido � conduta irrepar�vel de Dias e � experi�ncia acumulada em mais de 30 anos de carreira, tendo ocupado diversos cargos na c�pula da corpora��o.
Logo depois, Dias complementou a fala do secret�rio repetindo que comanda uma “legi�o de her�is” que “tingem o solo do estado de sangue”. O comandante acrescentou que tamb�m � signat�rio da interpela��o judicial que exige explica��es do ministro.