
Em meio ao descr�dito generalizado da classe pol�tica, cresce o desejo dos brasileiros de ter no comando dos espa�os executivos candidatos fora do establishment, os chamados outsiders, aqueles que n�o fazem parte do sistema pol�tico/partid�rio tradicional, mas que podem, pelo menos no imagin�rio coletivo, fazer algo diferente. Esse desejo j� vem sendo observado por diversas pesquisas de opini�o que tentam prever o que se passa na cabe�a do eleitorado depois do turbilh�o que virou a vida pol�tica nacional.
Outros nomes que de tempos em tempos surgem s�o os do procurador Deltan Dallagnol e do juiz S�rgio Moro. Ambos ganharam status de celebridade diante da repercuss�o da Opera��o Lava-Jato, a maior investiga��o de casos de corrup��o do pa�s, que descobriu um megaesquema de desvio de dinheiro na Petrobras.
A �ltima especula��o em torno de uma eventual candidatura de Huck, seria uma composi��o com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), cujo nome tamb�m � cotado, para fazer contraponto a uma poss�vel polariza��o na disputa, j� indicada pelas pesquisas, entre Lula e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), cujas posi��es extremamente conservadoras podem assustar o mercado.
O apresentador global tem tido reuni�es com algumas siglas pol�ticas, economistas e empres�rios que querem torn�-lo candidato, mas a desculpa para os encontros � o lan�amento de um movimento de milion�rios que pretende criar um fundo para financiar algumas candidaturas ditas independentes.
Huck nega que seja candidato e, recentemente, reafirmou essa posi��o nas redes sociais. “Acho engra�ado... As pessoas leem as mesmas palavras, mas cada uma interpreta de um jeito diferente. Ent�o vamos ser mais claros: n�o estou me lan�ando a nada, escrevi claramente ‘reafirmo que continuo achando que de onde estou, fora do dia a dia da pol�tica, minha contribui��o pode ser mais efetiva e relevante. Mas como cidad�o, quero e vou apoiar os movimentos de renova��o pol�tica’”, reiterou Huck.
REFLEXO DA LAVA-JATO
Tamb�m cotado como candidato outsider est� o procurador da for�a-tarefa da Lava-Jato Deltan Dallagnol. Recentemente, ele admitiu pela primeira vez uma eventual candidatura, mas garante que essa possibilidade n�o � para 2018. “Hoje n�o tenho pretens�es pol�ticas. Fui convidado por quatro partidos, mas educadamente recusei”, disse ele, para depois deixar a possibilidade em aberto. “N�o descarto no futuro servir em diferentes posi��es p�blicas ou privadas”, complementou.
O nome de Dallagnol � cotado para um vaga no Senado pelo Paran�. Especula��es d�o conta de que ele teria tratado disso com o senador �lvaro Dias, que deixou o PSDB recentemente para migrar para o Podemos, antigo PTN, legenda que poderia abrigar o procurador.
“A especula��o sobre esse assunto � falsa. A �nica vez em que conversei com ele foi sobre o projeto envolvendo o fim do foro privilegiado. Tamb�m n�o tive quaisquer tratativas com Marina Silva ou a Rede sobre candidatura. A especula��o tamb�m � falsa. Jamais tive, ali�s, qualquer contato direto com Marina Silva. Al�m disso, nunca conversei com qualquer partido pol�tico sobre minha filia��o ou candidatura”, afirmou o procurador por meio de sua p�gina no Facebook, onde � muito ativo e j� contabiliza quase 700 mil seguidores.
Segundo ele, “qualquer not�cia nesse sentido � falsa. Meu foco profissional atualmente � apenas a Lava-Jato e a busca de mudan�as que possam contribuir para a diminui��o dos �ndices de corrup��o no Brasil”.
Outro fora do meio pol�tico, o juiz S�rgio Moro, que coordena as a��es da Lava-Jato na primeira inst�ncia, j� teve seu nome inclu�do nas sondagens, mas, na mais recente, ele n�o apareceu na estimulada nem mesmo na espont�nea. De qualquer forma, Moro nega qualquer interesse em largar a carreira jur�dica. “Penso que precisa ter um certo perfil e, sinceramente, n�o me vejo com esse perfil. Fiz uma op��o na minha carreira pela magistratura. N�o me vejo e j� disse mais uma vez e reitero quantas vezes forem necess�rias, n�o sou candidato, n�o serei candidato. Nada disso”, afirmou em entrevista recente.
FEN�MENO NA DISPUTA MUNICIPAL
Para o cientista pol�tico Malco Camargos, nomes fora dos grandes partidos e do meio pol�tico podem ser a bola da vez na disputa de 2018. Malco lembra que esse fen�meno j� ocorreu nas elei��es municipais de Belo Horizonte com a vit�ria do prefeito Alexandre Kalil, cartola, ne�fito na pol�tica, eleito por um partido pequeno – o PHS – sem tempo na televis�o e com poucos recursos financeiros. O pr�prio Jo�o Doria se elegeu em S�o Paulo com uma plataforma em que dizia n�o ser “pol�tico profissional”.
Segundo ele, antes, esse tipo de candidatura tinha pouca ou quase nenhuma chance, pois alguns dos pressupostos para um desempenho vitorioso era estar em um partido grande com tempo de televis�o, capilaridade e recursos financeiros, fazer boas alian�as para ter respaldo de grupos pol�ticos fortes. “Isso agora mudou, n�o s� pelo des�nimo da popula��o com o flagelo da nossa pol�tica, mas tamb�m por conta das redes sociais e das mudan�as no sistema de financiamento”, afirma.
Para ele, nesse cen�rio h� grande chances de candidatos para al�m dos j� colocados nas pesquisas de opini�o: l�deres evang�licos com grande patrim�nio, alta c�pula do jogo do bicho ou do tr�fico de drogas e personalidades da m�dia. A terceira op��o, na qual Huck se encaixa, � a mais vi�vel, acredita o especialista. “O apresentador � conhecido, querido, transita bem em diversas classes sociais, tem valores liberais e possibilidade de angariar apoios financeiros para sua campanha.”
Camargos lembra que foi em um contexto extremamente parecido com o que o Brasil enfrenta hoje que a It�lia elegeu, ap�s a Opera��o M�os Limpas, que inspirou a Lava-Jato, um milion�rio dos meios de comunica��o – S�lvio Berlusconi – para o comando do pa�s, em 1994.