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Estado de Minas

Artista preferido dos pol�ticos, Romero Britto est� 'triste'

A tristeza do artista est� relacionada � apreens�o de quadros seus pela Pol�cia Federal


postado em 13/11/2017 09:01 / atualizado em 13/11/2017 10:07

Romero Britto(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press - 09/05/2007 )
Romero Britto (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press - 09/05/2007 )

S�o Paulo - � tanto tempo vivendo fora do pa�s que o artista pl�stico Romero Britto tem sotaque at� por escrito. “Nunca imaginava (sic) que os retratos que eu presenteei fossem um dia ser motivo de tristeza para mim. Eu nunca quis criar obras tristes. Sempre quis criar obras alegres”, escreveu, ao ser perguntado sobre um suposto arrependimento por ter pintado algum pol�tico - especialmente os quadros que estavam na casa do ex-governador do Rio S�rgio Cabral, em Mangaratiba, apreendidos na Opera��o Calicute, um desdobramento da Lava-Jato, em novembro de 2016.

A Pol�cia Federal apreendeu tr�s obras, retratos do governador e de sua mulher, Adriana Ancelmo (sorridentes com um cora��ozinho pintado no rosto) e um cl�ssico abstrato e multicolorido do artista. A per�cia apontou que, juntos, os quadros valem quase R$ 150 mil. Perto do que o Minist�rio P�blico Federal do Rio de Janeiro j� diz ter recuperado de propinas pagas ao ex-governador, cerca de R$ 270 milh�es, os “Brittos” na parede de Cabral t�m um valor quase simb�lico.

Ali�s, simbolismo � um artista, conhecido pela “utopia da alegria” e por sua total falta de compromisso com temas sociais, estar entre os preferidos da classe pol�tica. “Por ter nascido e crescido no Brasil, todos sempre imaginam o otimismo, o colorido e a alegria dos brasileiros na minha arte”, afirmou.

Britto j� homenageou outros pol�ticos. O quadro da ex-presidente cassada Dilma Rousseff, por exemplo, foi pintado em 2011 - e apresentado ao mundo em um an�ncio pago pelo pr�prio artista nas p�ginas da revista dominical do

The New York Times


Na imagem, o mesmo cora��o colorido no rosto. Em 2008, Britto tamb�m presenteou o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, com um quadro sobre os 450 anos da cidade de S�o Paulo.

A pintura voltou ao notici�rio em 2016, quando Britto presenteou o prefeito de S�o Paulo Jo�o Doria com uma obra parecida - a diferen�a eram os n�meros 450 espalhados pela tela. Doria, que n�o criou caso com a semelhan�a das obras, �, dentre os pol�ticos brasileiros, aquele que parece ter mais identifica��o com o artista. O prefeito tem obras de Britto em sua casa (uma delas com a fam�lia inteira retratada) e em seu gabinete na Prefeitura.

Britto n�o faz distin��o ideol�gica. Perguntado sobre o assunto, esquivou-se e escreveu “n�o ter entendido a pergunta”. J� quando questionado especificamente sobre Lula, o artista usa tintas mais fortes: “Como poderia admirar a situa��o que a administra��o do presidente Lula e seu partido deixou o Brasil...” E suaviza: “Mas tudo que se passou no Brasil n�o � s� do partido do Lula, mas tamb�m de outros partidos”.

Na lista de pol�ticos que ainda n�o entristeceram o pintor est�o personalidades americanas. “O ex-senador Teddy Kennedy, por exemplo, prometeu me fazer um omelete. Fui para um caf� da manh� na resid�ncia de amigos e ele preparou um omelete para mim. Foi uma grande honra.” Britto tamb�m cita a fam�lia Obama e os Bush como pol�ticos que acredita.

E no Brasil? “Acho que o Jo�o Doria ser� a salva��o para este momento t�o complicado brasileiro. Acho isso por ele n�o ter uma hist�ria na pol�tica suja brasileira, que est� quase que todos os dias nos jornais, um esc�ndalo atr�s do outro...”, escreveu. “Acho que ele poder� trazer esperan�a e credibilidade para o Brasil - e em particular para a economia e aos investidores nacionais e internacionais que est�o com muito cuidado com tanta instabilidade. Acho que o Jo�o Doria � muito preparado para representar o Brasil.”

Romero Britto ser� homenageado pela Casa da Moeda do Brasil com o lan�amento de uma medalha comemorativa. Ser�o 10 mil medalhas - 8 mil em bronze, 600 em prata e 1.400 em bronze dourado. Os pre�os v�o variar entre R$ 70 e R$ 245. A data do lan�amento depende da agenda do artista e de uma vinda dele ao Brasil.

Visitas r�pidas e pontuais n�o s�o problema para o artista. Isso n�o significa que voltar a morar no pa�s esteja em seus planos. “J� moro nos Estados Unidos h� mais de 30 anos. Tenho saudade e adoro o Brasil, mas viver no Brasil como artista � dif�cil, especialmente pelo fato que o mercado de arte quase n�o existe - e em particular o de pop arte. No Brasil, poucos apoiam e valorizam as artes.”

Britto come�ou sua carreira vendendo quadros nas ruas do Recife. Aos 23 anos, foi tentar a sorte nos Estados Unidos. Antes de vender seu primeiro quadro, trabalhou como lavador de carros e entregador de pizza. Suas obras come�aram a ser expostas em uma pequena galeria - onde sua primeira venda teria sido forjada. O artista deu US$ 300 nas m�os da namorada para que ela comprasse um quadro dele e impressionasse o dono da galeria.

A sorte mudou em 1989, quando o presidente da marca de vodca Absolut conheceu seu trabalho e montou uma campanha publicit�ria com as cores do artista brasileiro. A marca j� tinha trabalhado com artistas como Andy Warhol e Roy Linchenstein. O mercado publicit�rio abra�ou ent�o o brasileiro.

A arte de Britto parecia estar conectada com o que Miami gostaria de vender como imagem. N�o demorou para que o artista se tornasse um �cone oficial da cidade. Assim, as celebridades e pol�ticos n�o demoraram a grudar sua imagem na dele. Em sua terra natal, ele conseguiu passar a imagem do brasileiro vencedor e de otimismo.

Nos �ltimos anos, principalmente por meio das redes sociais, o artista tem sido contestado e seu trabalho considerado “menor” ou “cafona”. Britto nunca se deixou abalar e responde esse tipo de cr�tica comparando-se ao pintor espanhol Picasso.

Pol�ticos das mais diversas cores e partidos viram na arte de Britto algo positivo (e inofensivo) para suas pr�prias imagens. Por outro lado, o artista n�o cobra os retratos que faz dos pol�ticos e sempre os retrata como figuras sorridentes e confi�veis - reflexo, talvez, dos muitos anos longe do pa�s.


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