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Estado de Minas

Livro afirma que ditadura ignorou pistas sobre morte de diplomata em Haia


postado em 23/11/2017 11:13 / atualizado em 23/11/2017 12:19

S�o Paulo, 23 - Paulo Dion�sio de Vasconcelos tinha 34 anos e era segundo-secret�rio da embaixada brasileira em Haia, na Holanda, quando o encontraram em seu Lancia Fulvia com um corte profundo no pesco�o. Era 4 de agosto de 1970. Em 24 horas, a pol�cia holandesa concluiu que se tratava de suic�dio - havia uma l�mina de barbear em uma po�a de sangue no carro e testemunhas diziam n�o ter visto ningu�m, al�m do diplomata, no carro. Em sua rapidez, a apura��o desprezou provas de uma chantagem ou conspira��o contra o diplomata. Como as pistas que levavam a um homem em Londres nunca foram investigadas, o caso foi encerrado para o al�vio do Itamaraty.

� essa hist�ria que o jornalista Eumano Silva reconstr�i em seu livro "A morte do diplomata, um mist�rio arquivado pela ditadura militar" (Tema editorial, 205 pag. R$ 35,00). Eumano contou com a ajuda da fam�lia de Paulo Dion�sio - de sua vi�va, filhas e irm�os, entre eles o ex-deputado federal Paulino C�cero (MG) -, que nunca aceitou a tese do suic�dio, para reconstruir a vida e a carreira do diplomata. Consultou di�rios, cartas e documentos do Itamaraty. Encontrou na correspond�ncia diplom�tica mais preocupa��o com o monitoramento de opositores do regime militar exilados na Europa do que interesse em elucidar todas as circunst�ncias da morte do brasileiro.

Era uma �poca em que diplomatas se haviam tornado alvo das guerrilhas latino-americanas. Eles foram sequestrados e mortos em 1970. Na Guatemala, o embaixador alem�o ocidental Karl von Spreti foi sequestrado e morto por guerrilheiros. No Uruguai, o c�nsul brasileiro Aloysio Gomide era mantido em cativeiro pelos Tupamaros e, no Brasil, o embaixador alem�o Erenfried von Hollenben, sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucion�ria (VPR) e pela A��o Libertador Nacional (ALN), havia sido solto em troca da liberta��o de 40 presos pol�ticos.

Europa


A viol�ncia pol�tica tamb�m explodia na Europa. Meses antes, uma bomba fascista deixara 17 mortos e 80 feridos na sede do Banco Nacional da Agricultura, em Piazza Fontana, em Mil�o. Assim, quando a not�cia da morte de Paulo Dion�sio chegou a Bras�lia, o Itamaraty logo se viu diante de mais uma crise - naquele momento, guerrilheiros Tupamaros mantinham em cativeiro o c�nsul Gomide.

A conclus�o da pol�cia holandesa, afastando a hip�tese de homic�dio, nunca respondeu ao que teria provocado um diplomata se matar �s v�speras do nascimento da sua segunda filha. Seus di�rios nada revelam, exceto a preocupa��o banal com a conta de telefone de um inquilino que ele teria de pagar em Bras�lia.

� a� que o trabalho do rep�rter Eumano ganha relevo. O contraste entre a dedica��o de diplomatas � persegui��o de opositores do regime � real�ado pelo descaso com que s�o tratadas v�rias cartas enviadas a Paulo Dion�sio - algumas das quais chegaram � embaixada ap�s sua morte - por um misterioso remetente de Londres. Elas acusam o diplomata de ter participado de uma conspira��o que levou um homem � pris�o na Inglaterra e exigem que ele entre em contato com um escrit�rio de advocacia londrino. Apesar das boas conex�es da embaixada brasileira coma pol�cia londrina, nada foi apurado. Eumano descobriu que o escrit�rio existia, assim como os advogados. Mas o mist�rio permanece: por que o diplomata morreu? A diplomacia do regime n�o quis indagar at� o fim.

A MORTE DO DIPLOMATA

Autor: Eumano Silva

Editora: Tema Editorial

208 p�ginas,

R$ 35,00


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