'Na nossa opini�o, ladr�o tem que ir para a cadeia', diz Lula no Esp�rito Santo

Vit�ria, 05 - Um dia depois de o relator do processo que pode torn�-lo ineleg�vel terminar seu voto, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva voltou nesta ter�a-feira, 5, a desafiar a Justi�a, o Minist�rio P�blico e a Pol�cia Federal a apresentarem provas de que ele seja corrupto. Lula disse ser alvo de mentiras disseminadas pela internet e lembrou as medidas de combate � corrup��o adotadas nos governos do PT para dizer que o lugar de corruptos � na cadeia.

"Voc�s sabem que eu tenho nove processos. Nove. E posso dizer para voc�s de c�tedra que o processo contra o Lula � o processo contra as coisas que n�s fizemos no governo. Eu n�o vou entrar em detalhe, mas estou desafiando o (juiz S�rgio) Moro, o Minist�rio P�blico e a Pol�cia Federal a apresentarem um centavo que eu cometi algum deslize nesse Pa�s", disse o ex-presidente.

O ex-presidente voltou a exaltar a import�ncia da cria��o de �rg�os de controle criados nas gest�es petistas. "Ningu�m prendeu mais servidor p�blico do que n�s. Ningu�m deu mais independ�ncia para o Minist�rio P�blico e fez mais investimento na intelig�ncia da Pol�cia Federal do que n�s. Quem aperfei�oou o Coaf (Conselho de Controle de Aplica��es Financeiras) e criou a Controladoria-Geral da Rep�blica fomos n�s. Porque na nossa opini�o ladr�o tem que ir para a cadeia", afirmou.

Lula fez as declara��es em visita ao campus de Cariacica do Instituto Federal do Esp�rito Santo (IFES), constru�do durante seu governo. A visita faz parte da segunda etapa da caravana de cinco dias pelos Estados do Esp�rito Santo e Rio de Janeiro.

Na segunda-feira, 4, o desembargador Jo�o Pedro Gebran Neto, relator do recurso de Lula no Tribunal Regional Federal da 4� Regi�o (TRF-4), terminou seu voto. O ex-presidente foi condenado por Moro a nove anos e meio de pris�o por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guaruj�. Se o TRF-4 confirmar a decis�o de Moro, Lula pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa e ficar ineleg�vel.

O petista, que � pr�-candidato ao um terceiro mandato nas elei��es do ano que vem, disse desconfiar que o objetivo dos processos � impedi-lo de participar da campanha do ano que vem. Lula lidera todos os cen�rios testados nas pesquisas eleitorais.

"Acho que eles est�o tentando encontrar um jeito de evitar que eu seja candidato quando seria muito mais honesto, muito mais decente, eles me derrotarem. J� perdi em 89, 94 e 98. Se eles est�o preocupados comigo, se juntem e me derrotem. Mas com mentiras eles n�o me tirar�o do p�reo", afirmou o ex-presidente.

A estrat�gia de Lula e do PT para 2018 � seguir em frente com a candidatura do ex-presidente mesmo em caso de condena��o no TRF-4 e tentar garantir o direito de disputar a elei��o nos tribunais superiores.

Mantendo o tom de desafio, Lula voltou a cobrar da Lava Jato pedidos de desculpas aos investigados contra quem a for�a-tarefa n�o encontrou provas. "Entraram na minha casa, cada um deles entrou com uma m�quina pendurada no pesco�o, e n�o encontraram nada. Ao n�o constatar nada deveriam ter a dec�ncia de pedir desculpas. Quando eles encontram fazem um carnaval, quando n�o encontram fazem sil�ncio", disse o ex-presidente. "N�o sei se eles est�o acostumados a lidar com pol�tico que tem medo, que fica com o rabo entre as pernas. Pois bem, eles resolveram brigar comigo e eu resolvi enfrent�-los em nome da minha honra e da minha dec�ncia", completou.

Animado com a lideran�a nas pesquisas, Lula disse que sempre foi alvo de ataques durante toda sua trajet�ria e sugeriu que vai derrotar a Lava Jato nas urnas. "N�o constru� minha hist�ria sob aplausos, n�o. A minha hist�ria foi constru�da a sangue, ferro e fogo por causa de voc�s", afirmou. "� por isso que tenho orgulho de dizer que quem vai derrotar eles n�o sou eu, quem vai dar uma li��o nessa gente � o povo brasileiro que est� com o saco cheio de ser enganado".

'Clima de �dio'

O petista foi aplaudido de p� pela plateia que lotou o audit�rio do IFES em Cariacica. Do lado de fora do audit�rio, um grupo de aproximadamente 50 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) que faziam a escolta do ex-presidente gritavam palavras de ordem. Quando uma estudante pediu sil�ncio foi chamada de "ot�ria" e "coxinha".

O comportamento dos apoiadores contrastou com o discurso de Lula condenando o clima de "�dio" que, segundo ele, se instalou no Pa�s. "A gente est� vendo que o Brasil est� contaminado pelo �dio. Nunca vi o Pa�s t�o nervoso quanto est� agora. Nunca vi as pessoas t�o raivosas como est�o agora. Eu n�o sei por qu�. N�o sei se � s� pol�tica, se � internet, o notici�rio, mas as pessoas j� chegam no elevador mal-humoradas, n�o falam mais bom dia, n�o conversam mais", disse o ex-presidente.

Rio

Antes de deixar o Esp�rito Santo, Lula apontou a pris�o de ex-governadores e do deputado Jorge Piciani (PMDB-RJ), presidente da Assembleia Legislativa do Rio, seu pr�ximo destino, como uma das causas do aumento da viol�ncia no Estado.

"A viol�ncia do Rio de Janeiro sempre existiu e est� muito mais violenta agora porque primeiro, que todos os governantes est�o presos, o presidente da Assembleia; segundo porque a Petrobras est� pagando a metade do que pagava, os servidores p�blicos est�o tr�s ou quatro vezes sem receber, mais de 1,4 milh�o de pessoas desempregadas", justificou.

No IFES, Lula usou a maior parte de seu discurso para falar de educa��o, um de seus temas favoritos nos �ltimos meses. Ao relembrar a primeira reuni�o ministerial de seu governo, Lula evitou citar nominalmente o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci preso pela Lava Jato que em sua carta de desfilia��o do PT fez fortes acusa��es contra o ex-presidente.

"O meu ministro da Fazenda disse que n�o dava para gastar mais com educa��o e eu disse: 'pare de usar a palavra gasto e comece a usar a palavra investimento'", lembrou Lula.

(Ricardo Galhardo, enviado especial)