Rio, 08 - Juiz de primeira inst�ncia da Opera��o Lava Jato, S�rgio Moro fez sugest�es � diretoria da Petrobras de pr�ticas que devem ser adotadas para evitar que a corrup��o tome conta da empresa novamente, ao participar do 4� Evento Petrobras em Compliance, na sede da empresa, no centro do Rio de Janeiro.
Entre as sugest�es est�o o controle dos patrim�nios dos diretores e conselheiros, "n�o s� no papel". A ideia proposta pelo juiz � que uma equipe de sindic�ncia interna acompanhe o modo de vida e a moradia dos executivos, por exemplo. Moro ainda sugeriu que a Petrobras ofere�a dinheiro aos empregados em troca de den�ncias de corrup��o.
"Talvez fosse o caso de pensar em incentivos � atua��o dos denunciantes, inclusive compensa��o financeira, desde que apresentada informa��o verdadeira, relevante, que atrav�s dela seja desbaratado esquema de corrup��o. Ningu�m deve enriquecer com isso, mas o incentivo deve ser oferecido para tirar as pessoas da zona de conforto", afirmou.
Em resposta, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse que estudar� a melhor forma de tirar os denunciantes da zona de conforto e que buscar� fazer um trabalho de intelig�ncia para buscar poss�veis enriquecimentos il�citos de executivos.
"E vamos fazer um acompanhamento por palavras-chave e em tempo real dos e-mails dos empregados. N�o � desprovido de uma certa pol�mica. Isso pode dar uma ideia que ainda h� um problema grande na empresa. N�o � isso. � preventivo", acrescentou Parente, respondendo � terceira proposta de Moro, para que todos os temas de neg�cio sejam tratados exclusivamente por meio das ferramentas corporativas de correspond�ncia.
Em palestra durante o evento, Moro ainda criticou o loteamento pol�tico da diretoria, que identificou como a "corrup��o sist�mica" que tomou conta da Petrobras durante anos. Em sua opini�o, o atual presidente da companhia, Pedro Parente, possui um curr�culo reconhecido, mas nada garante que o loteamento pol�tico da empresa n�o voltar� a ocorrer.
"H� d�vida, at� quando isso vai durar. N�o existe sistema de compliance (governan�a corporativa) que funcione de forma efetiva se a lideran�a n�o estiver comprometida. O peixe come�a a apodrecer pela cabe�a", disse Moro. "N�o sou especialista em compliance. Um juiz criminal cuida do aspecto patol�gico da corrup��o. Mas � dif�cil para o sistema de compliance, muitas vezes, identificar os crimes", afirmou.
Moro n�o citou nomes, mas destacou que, na Petrobras, um diretor substituiu outro porque o primeiro n�o conseguiu dar conta do recolhimento de propina exigido pelo partido. Embora os diretores n�o tenham sido identificados, os dois �nicos condenados que viveram essa situa��o de revezamento de cargo foram Nestor Cerver� e Jorge Zelada, ex-diretores da �rea Internacional.
Para o juiz, a Lei das Estatais contribui para coibir a corrup��o nas empresas p�blicas, mas, em sua opini�o, as mesmas exig�ncias impostas �s empresas devem ser estendidas � administra��o p�blica direta, ou seja, ao Executivo e ao Legislativo.
(Fernanda Nunes e Denise Luna)