Bras�lia – O presidente Michel Temer, 77 anos, diz que est� revigorado. “Depois que coloquei os stents (pr�tese expans�vel para repor o fluxo sangu�neo), a circula��o melhorou e a dor de cabe�a passou. Eu me sinto renascido”, afirmou ele, nessa ter�a-feira (19), durante uma conversa com o Correio Braziliense/Estado de Minas de quase duas horas na sede do Correio.
Mostrando disposi��o e bom humor, o peemedebista falou, al�m de aspectos da pr�pria sa�de, sobre as elei��es 2018, a reforma da Previd�ncia, Joesley Batista, Rodrigo Janot e governabilidade.
Segundo ele, processo de candidatura deve ocorrer naturalmente.
Na sequ�ncia da conversa, ao falar da gest�o, Temer fica mais s�rio. “Foi muito sacrificante para mim esse um ano e meio. A campanha contra mim � feroz, voc�s n�o fazem ideia. Ningu�m apanhou tanto quanto eu”, afirmou ele. “Hoje, tocamos um programa de governo, ao contr�rio do que muitos candidatos fazem, a maioria faz isso de forma eleitoreira.” E come�a a falar dos n�meros da economia, com a queda dos juros, da infla��o e a retomada do emprego.
Ao falar dos �ndices negativos de popularidade, Temer citou o publicit�rio Nizan Guanaes, integrante do Conselho Econ�mico e Social da Presid�ncia. “Ele, certa vez, falou: ‘Aproveite a sua impopularidade e fa�a o que for necess�rio ao pa�s’. A popularidade acaba tolhendo a��es necess�rias.” O peemedebista acredita que a reforma da Previd�ncia ser� aprovada e n�o passou por muito pouco na semana passada.
“Mas demos o recado que n�o vamos desistir da Previd�ncia. Em fevereiro aprova”, disse ele, citando os desafios de 2018, tema do Correio Debate, que ocorreu ontem. “As pessoas precisam entender o que est� acontecendo em v�rios estados, Rio Grande do Sul, Rio de janeiro, Minas Gerais. Daqui a pouco n�o haver� recursos para aposentadoria.”
Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
Elei��es 2018
“O eleitorado vai acabar procurando algu�m centrado. Ningu�m quer radicalizar ainda mais a situa��o. O povo vai esperar algu�m que represente o centro, a harmonia, e tenha a capacidade de conjugar as todas essas for�as. O radicalismo n�o combina com o Brasil.”
For�a dos petistas
“O PT n�o vai sair grande em 2018. Eles n�o v�o incomodar.”
Temer candidato?
“As pessoas t�m falado muito sobre isso... Foi muito sacrificante para mim esse um ano e meio. A campanha contra mim � feroz, voc�s n�o fazem ideia. Ningu�m apanhou tanto quanto eu. Hoje, tocamos um programa de governo, ao contr�rio do que muitos candidatos fazem, a maioria faz isso de forma eleitoreira. Eu toco um programa, a ‘Ponte para o futuro’, desde que eu era vice. E ela (Dilma Rousseff) fazia oposi��o j� naquela �poca, porque era o contr�rio do que ela pensava. A ‘Ponte para o futuro’, num governo quase acidental, � um programa de governo e � cumprido. Se eu estivesse pensando em reelei��o desde o come�o, eu n�o teria tocado todos esses projetos. Talvez eu esteja fazendo tudo isso porque n�o estava pensando em reelei��o. Mas tenho convic��o de que serei reconhecido pelo que estou fazendo. Mas eu n�o penso, confesso. Como Ulysses (Guimar�es) dizia, eu n�o postulo, eu me posiciono. Para fazer o que fizemos no governo � at� uma ousadia irrespons�vel eleitoralmente. As coisas acontecem com naturalidade. Mas os indicadores melhoraram, inclusive o do emprego. Foram mais de 1 milh�o e 300 mil postos de trabalho, R$ 42 bilh�es (FGTS) e R$ 12 bilh�es (PIS/Pasep).”
O lado positivo da impopularidade
“O Nizan Guanaes, que � do Conselho da Presid�ncia, certa vez falou: ‘Aproveite a sua impopularidade e fa�a o que for necess�rio ao pa�s’. A popularidade acaba tolhendo a��es necess�rias. O sujeito pensa, n�o vou fazer isso ou aquilo porque � impopular.”
Reforma da Previd�ncia
“Em 2018, acredito que a reforma ser� aprovada. Aprendi que o nosso assunto principal � a Previd�ncia. De futebol a carnaval, temos de falar sobre a necessidade da Previd�ncia. Se o cidad�o chega para falar de um tema, eu mudo o assunto e come�o a falar da necessidade da Previd�ncia, da necessidade do nosso projeto. ‘A Fernanda Montenegro � uma boa atriz’, algu�m diz, e eu emendo: ‘� preciso cuidar da Previd�ncia’. ‘E o Gr�mio?’, outro fala, eu respondo: ‘Mas os jogadores em todo o pa�s um dia v�o se aposentar’. Veja, o texto da reforma da Previd�ncia est� enxuto e preserva os mais pobres. Geralmente, as pessoas mais pobres t�m dificuldades de comprovar tempo de contribui��o. Agora, esse tempo baixou para 15 anos e talvez muitos consigam se aposentar antes mesmo dos 65 anos.”
Votos no Congresso
“Faltaram 20 votos para o projeto ser aprovado agora, foi por muito pouco. Eu fa�o a negocia��o diretamente, � o que mais gosto de fazer. At� porque eu fa�o isso h� muito tempo, receber deputados, conversar com l�deres. Se n�o fosse o Congresso, eu n�o estaria aqui e n�o conseguiria me segurar. O mais importante � que a Previd�ncia continua como prioridade do governo. O teto da Previd�ncia no servi�o p�blico tem que ter uma previd�ncia complementar. O �nico preju�zo que teriam era ter que fazer uma contribui��o durante um certo per�odo para ter a sua aposentadoria. No entanto, a reforma gera um benef�cio extraordin�rio para a economia do pa�s, porque as proje��es revelam que num prazo de 10 anos, uma economia de, aproximadamente, R$ 600 milh�es. Eu penso que at� fevereiro haver� um conhecimento pleno, j� houve um esclarecimento muito significativo. Acho que a imprensa tem colaborado muito, mas, principalmente, a consci�ncia popular j� est� muito favor�vel � reforma da previd�ncia. Penso que em fevereiro poderemos realiz�-la.”
Juc� e o tempo do projeto
“N�s t�nhamos combinado mesmo de nos encontrarmos, eu, o presidente da C�mara, Rodrigo (Maia), e o do Senado, Eun�cio (Oliveira), e deixar para depois, para n�o for�ar. Ele (Juc�) falou a verdade. A press�o estava muito grande. Na nota do Planalto, depois, demos o recado que n�o vamos desistir da Previd�ncia. Em fevereiro, aprova. As pessoas precisam entender o que est� acontecendo em v�rios estados, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais. Daqui a pouco n�o haver� recursos para aposentadoria.”
Reforma tribut�ria
“Assim que aprovarmos a reforma da Previd�ncia, vamos fechar o ciclo aprovando a reforma tribut�ria, simplificando o pagamento dos tributos. Veja, voc� tem que conversar com Receita, estados, munic�pios, s�o tantos entes envolvidos que, cada vez que mexe nisso, � uma dificuldade. Por isso, o melhor � a simplifica��o. A�, fechamos o ciclo.”
Conversa entre os poderes
“� preciso reinstitucionalizar o Brasil. Os poderes da Uni�o precisam conversar entre si. Dizer que o presidente da Rep�blica n�o pode falar com integrantes do Judici�rio, porque poderia exercer influ�ncia � um desrespeito a quem est� institu�do no cargo. Se uma palavra do presidente da Rep�blica pode influenciar a vis�o de um juiz, ent�o, o juiz n�o est� preparado para o cargo que ocupa. Na verdade, quem pensa que pode influenciar, tem um desprezo por aquele com quem conversa.”
Joesley Batista e a grava��o
“Eu n�o tinha a menor ideia de que estivesse sendo gravado, at� porque j� t�nhamos conversado outras vezes, quando eu era vice-presidente. Eu sempre recebo as pessoas. Ele estava pedindo pela quinta vez. Naquele dia, sugeri por interm�dio do pessoal que cuida da agenda, que ele fosse ao Planalto na hora do almo�o. Mas ele disse que estava em S�o Paulo e chegaria � noite. Ent�o, ficou para as 22h, no Jaburu. Uma vez, o Joesley levou um empres�rio ligado ao presidente (da Venezuela) Hugo Ch�vez, outra vez levou um empres�rio chin�s.”
Janot e Marcelo Miller
“Tenho pena dele (Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da Rep�blica). Li as conclus�es do relat�rio da CPMI da JBS. Est� l� que Marcelo Miller j� trabalhava para a JBS em fevereiro e s� saiu da Procuradoria em abril. Mas Deus � t�o bom que depois veio a p�blico a troca de mensagens e as conversas. Eu n�o renunciei porque sabia que n�o tinha feito nada de errado.”
A��o de Lewandowski
“Vamos ver quais os efeitos da decis�o (de cancelar a medida provis�ria que adiou o pagamento da parcela de janeiro de 2018 e aumenta a contribui��o previdenci�ria dos servidores), o governo vai recorrer. Foi no �ltimo dia de funcionamento do Judici�rio antes do recesso. Isso � muito ruim, sempre que come�amos a avan�ar vem uma decis�o e o pa�s recua.”
Semipresidencialismo e a governabilidade
“Voc� sabe que eu, de uma certa forma, j� exer�o o semipresidencialismo. Mas, 20 partidos na base, � dif�cil. N�o � poss�vel governar assim. Acho que o modelo portugu�s � um bom exemplo.”
Cirurgias e sa�de
“Voc�s sabem, antes eu tinha dor de cabe�a, tomava rem�dio todos os dias, tomava Neosaldina. Agora, depois dos dois stents, acabou. A circula��o melhorou e a dor de cabe�a passou. Eu me sinto renascido, revigorado. Quando fiz a ultrassonografia, havia 65% de obstru��o numa art�ria e o m�dico pediu que eu voltasse em dois meses. Voltei e o cateterismo indicou que havia duas art�rias 90% entupidas. Se eu tivesse me pautado pelo primeiro exame, o de imagem, n�o sei o que teria sido. N�o basta fazer exames superficiais nessas horas, � preciso aprofundar.”