
Rio, 21 - O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) foi libertado da cadeia na noite desta quinta-feira, 21, e ir� passar o Natal em casa. Ele estava preso havia um m�s, acusado de crimes eleitorais, de liderar uma organiza��o criminosa que extorquia empres�rios, e de receber dinheiro da JBS. Garotinho estava em Bangu 8 e foi solto por ordem do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, que suspendeu na quarta-feira, 20, a pris�o preventiva.
A mulher de Garotinho, a ex-governadora Rosinha Garotinho (PR), presa no dia 22 de novembro com ele, j� havia sido solta no dia 29, e est� em casa, com tornozeleira eletr�nica. Nesta quinta-feira, na entrada do complexo de pres�dios de Bangu, antes da soltura do ex-governador, a secret�ria municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inova��o do Rio, Clarissa Garotinho, filha do casal, afirmou que "nada vai reparar" o que o pai passou na pris�o. Garotinho alega ter sido agredido em sua cela, e estava em greve de fome havia seis dias.
"� isso que as pessoas precisam levar em considera��o, que ele foi humilhado, agredido dentro da cadeia, por causa de uma pris�o ilegal (a mando) de um juiz eleitoral de Campos, que tem praticado v�rios atos arbitr�rios contra ele", afirmou Clarissa, emocionada. "Est�vamos tristes achando que ele n�o ia poder passar o Natal com a gente."
Em sua decis�o, Gilmar argumentou que n�o existiam pr�-requisitos que justificassem a pris�o preventiva. O ministro alegou que o Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) n�o indicou nenhuma conduta de Garotinho que revelasse "minimamente" tentativa de afrontar a garantia da ordem p�blica ou econ�mica.
Garotinho enviara no dia 15 uma carta endere�ada � dire��o de Bangu 8 informando que permaneceria em "jejum por tempo indeterminado" por ter sido preso injustamente e por estar no "limite do sofrimento". Ele j� havia feito o mesmo em 2006, quando era pr�-candidato � Presid�ncia da Rep�blica e ficou onze dias sem comer.
"Minha atitude � um grito de desespero contra a injusti�a que venho sofrendo, abalando fortemente minha fam�lia, como visto durante a visita da �ltima quarta-feira. Rosinha est� com s�ndrome do p�nico e meus filhos est�o traumatizados. Tenho sido covardemente perseguido por ju�zes e promotores da cidade de Campos, que agem para proteger um desembargador que denunciei junto com a quadrilha do ex-governador Sergio Cabral. Em um ano, fui preso tr�s vezes pela Justi�a Eleitoral de Campos, por crimes que n�o cometi", escreveu ent�o, referindo-se � divulga��o de informa��es, em seu blog, sobre o grupo de aliados de Cabral, que teria liderado um esquema de corrup��o no governo com movimenta��o de R$ 1 bilh�o. Cabral est� preso h� um ano.
Garotinho afirmou ter sido agredido quando estava em outro pres�dio, a Cadeia P�blica de Benfica. Disse ter recebido golpes de porrete, e machucado no p� e joelho direitos por um homem que invadiu sua cela. Agentes penitenci�rios disseram na ocasi�o que ele se autolesionou. O caso ainda est� sendo investigado. Ele fora transferido para Bangu 8 dois dias depois de chegar a Benfica.
Acusa��o
O ex-governador � acusado pela 98ª Zona Eleitoral, de Campos, munic�pio do Norte Fluminense onde mora, de receber uma doa��o simulada ilegal de R$ 3 milh�es da JBS para sua campanha eleitoral ao governo do Estado em 2014. Rosinha foi presa pelos mesmos motivos. Ao casal s�o atribu�dos crimes como corrup��o, participa��o em organiza��o criminosa e falsidade na presta��o de contas eleitorais.
Den�ncia do Minist�rio P�blico Eleitoral mostra que a JBS fez a doa��o ilegal de R$ 3 milh�es por meio de contrato com uma empresa indicada por Garotinho para financiar sua campanha em 2014, quando foi derrotado por Luiz Fernando Pez�o (PMDB). O dinheiro n�o teria sido declarado em sua declara��o de contas. O casal Garotinho nega as acusa��es.
Em abril de 2006, o ex-governador lan�ou m�o do artif�cio da greve de fome ap�s den�ncias de irregularidades em sua pr�-campanha � Presid�ncia da Rep�blica. Disse estar reagindo, "em defesa de sua honra", a reportagens que diziam que parte do dinheiro de sua campanha vinha de ONGs ligadas ao ent�o governo de sua mulher, via empresas de fachada. Foram onze dias de alegado jejum, per�odo em que disse ter perdido 6,7 quilos e permaneceu na sede fluminense do PMDB, seu partido � �poca.
(Roberta Pennafort e Constan�a Rezende)