
Segundo colocado em todas as pesquisas eleitorais para a Presid�ncia da Rep�blica, com cerca de 20% das inten��es de votos, e com uma milit�ncia aguerrida, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP) — oficialmente ligado ao PSC — fechou parceria com o Partido Social Liberal (PSL) para concretizar o projeto de comandar o Pal�cio do Planalto a partir de 2019. O compromisso era com o Patriotas (PEN), mas, alegando falta de espa�o na sigla, abriu brecha para contato com o PSL e anunciou o acordo ontem. O documento oficial ser� assinado durante a janela partid�ria, de 7 de mar�o a 7 de abril.
Desde o in�cio do ano passado, quando j� anunciava que seria candidato � Presid�ncia da Rep�blica, Bolsonaro foi escanteado pelo PSC, partido que o abrigou em mar�o de 2016, quando ele deixou o PP. Representantes da sigla afirmam que o deputado n�o representa a ideologia da legenda e lideran�as n�o estavam dispostas a bancar o projeto presidencial. Desde ent�o, ele vinha procurando um lugar que o abra�asse por inteiro — ser o personagem principal da legenda � uma das exig�ncias de que n�o abre m�o.
Depois de conversar com muitas siglas consideradas nanicas, entre elas o PSDC, de Jos� Maria Eymael, e a que nem chegou a ser formada, Muda Brasil, assinou um compromisso de filia��o com o Patriotas (PEN), em 23 de novembro do ano passado. O deputado alega que quem descumpriu o acordo foi o Patriotas. “Eles prometeram um jantar em um restaurante refinado e o levaram a um p�-sujo”, afirma um assessor. Um dos principais conflitos foi por causa do comando do diret�rio estadual de S�o Paulo. O deputado exige pessoas da sua confian�a em unidades da Federa��o estrat�gicas como S�o Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. “Se for pra ser mais do mesmo, a gente n�o tem interesse”, acrescenta.
J� o presidente nacional do PEN, Adilson Barroso, conta que tinha entregado, praticamente, todo o partido ao grupo de Bolsonaro: a presid�ncia, 23 diret�rios estaduais, cinco vagas na executiva nacional. “Nada disso bastava. Eles queriam o partido inteiro.” Barroso explica que perdeu 11 deputados estaduais por causa dos conflitos e estava prestes a ficar ainda menor. E, por isso, os advogados de Bolsonaro reclamaram que a legenda estava enfraquecida e poderia n�o alcan�ar o coeficiente eleitoral nas urnas.
“Coloquei a m�o na consci�ncia e percebi o que estava fazendo. Eles estavam destruindo o nosso partido. Ent�o, retomei tudo e disse, ‘agora voc� tem comigo 100% da candidatura’, que � o que prometi. Se eles querem um partido, que fundem um ou tomem de outro”, reclama o presidente do Patriotas. Ainda assim, Barroso afirma que deixar� a vaga para disputar a Presid�ncia aberta a Bolsonaro: “Ele vai dar umas voltas por a�, vai se arrepender e vai voltar. E eu, como filho pr�digo, vou perdoar e aceit�-lo de volta”, projeta Adilson Barroso.
Crise
O namoro com o PSL foi muito celebrado pelo presidente da legenda, Luciano Bivar, que n�o teria demonstrado nenhum empecilho �s exig�ncias do pol�tico. Em carta divulgada � imprensa, no in�cio da noite de ontem, Bivar ressaltou a parceria. “� com muito orgulho que o PSL recebe o deputado Jair Bolsonaro e sua pr�-candidatura � Presid�ncia da Rep�blica. Outrossim, � com muita honra que o deputado se sente abrigado pela legenda, e muito � vontade em um partido onde existe total comunh�o de pensamentos”, destaca trecho do documento.
Entretanto, a rea��o foi imediata. Ligado ao movimento Livres desde dezembro de 2015, o partido perdeu parte dos aliados. Liderado por um dos filhos de Luciano, S�rgio Bivar, o movimento estava no comando de 12 diret�rios estaduais e trabalhava focado em tr�s diretrizes, liberdade, participa��o e transpar�ncia. “A chegada do deputado Jair Bolsonaro, negociada � revelia dos nossos acordos, � inteiramente incompat�vel com o projeto do Livres de construir no Brasil uma for�a partid�ria moderna, transparente e limpa”, destaca trecho da nota de rep�dio divulgada pelo movimento, que tem entre os integrantes a economista e ex-tucana Elena Landau, que foi diretora do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) na �poca do governo Fernando Henrique Cardoso.
Migra��o partid�ria
Desde que ingressou na vida pol�tica, em 1988, o deputado federal Jair Bolsonaro j� integrou sete partidos. Confira o hist�rico:
» 1988 a 1993: PDC
» 1993 a 1995: PPR
» 1995 a 2003: PPB
» 2003 a 2005: PTB
» 2005: PFL
» 2005 a 2016: PP
» 2016 � atualidade: PSC
» 2017: firmou compromisso com o Patriotas (PEN)
» 2018: PSL