Rocha Loures diz � PF que rela��o com Temer era profissional, n�o de amizade

Bras�lia, 08 - O ex-assessor da Presid�ncia da Rep�blica Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR), atualmente em pris�o domiciliar, afirmou em depoimento � Pol�cia Federal (PF) que, apesar de amistosa, sua rela��o com Michel Temer n�o � de amizade, mas foi "sempre profissional, respeitosa, administrativa e funcional". No depoimento, prestado por Loures nos dias 24 e 27 de novembro do ano passado, o ex-assessor afirma que n�o recebeu dinheiro para trabalhar por interesses privados na aprova��o do Decreto dos Portos (9048/2017).

O ex-assessor foi ouvido no �mbito do inqu�rito que apura suposto pagamento de propina da empresa Rodrimar para o presidente Temer. Sob relatoria do ministro Lu�s Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), o inqu�rito investiga se a Rodrimar, empresa que opera no Porto de Santos, foi beneficiada pelo decreto assinado pelo presidente em maio do ano passado, que ampliou de 25 para 35 anos as concess�es do setor, prorrog�veis por at� 70 anos.

Al�m do presidente, s�o investigados Loures, que tamb�m � ex-deputado federal, Ant�nio Celso Grecco e Ricardo Conrado Mesquita, respectivamente, dono e diretor da Rodrimar.

No depoimento, Loures nega que tenha recebido qualquer recurso em doa��o eleitoral da empresa Rodrimar, nem de qualquer outra empresa ligada ao setor portu�rio. O ex-assessor de Temer disse n�o saber se o Presidente da Rep�blica possui vincula��o com o setor portu�rio, em especial com os neg�cios do Grupo Rodrimar ou das outras concession�rias baseadas no Porto de Santos.

Loures ainda declarou que conhece Ricardo Mesquita, diretor da Rodrimar, porque em 2013, quando acompanhava a edi��o da ent�o nova Lei dos Portos, relacionou-se com representantes de empresas e associa��es portu�rias. "Mesquita representava na �poca a Associa��o Brasileira de Terminais Portu�rios, ABTP, e n�o exclusivamente o grupo Rodrimar", disse Loures no depoimento.

Loures afirma que conheceu Grecco, dono da Rodrimar, tamb�m nessa ocasi�o, e que quando, em 2016, o reencontrou durante a transi��o dos governos Dilma e Temer, eles n�o conversaram sobre o setor portu�rio.

Homem da mala

Nas 50 perguntas elaboradas pela PF ao presidente Michel Temer sobre a investiga��o do decreto, Loures � citado 38 vezes. Entre os seis t�picos do question�rio ao Presidente, um deles � dedicado especialmente a Rocha Loures, abordando os "v�nculos e confian�a em rela��o aos atos praticados" pelo ex-assessor. Em abril de 2017, Loures foi flagrado carregando R$ 500 mil em dinheiro vivo. Os outros temas dizem respeito ao hist�rico profissional de Temer, ao acompanhamento das quest�es portu�rias a partir de 2013, ao conhecimento dos fatos praticados pelos investigados no inqu�rito e ao suposto favorecimento de algumas empresas pelo decreto.

No trecho sobre Loures, a PF pergunta se foi Temer quem determinou que o ent�o deputado acompanhasse as quest�es relacionadas ao novo decreto dos Portos e por qual motivo os dois conversaram por telefone sobre o processo de edi��o do decreto.

A pergunta faz refer�ncia a liga��o interceptada no dia 4 de maio de 2017 pela PF. Nela, o ent�o deputado buscava saber sobre a assinatura do decreto. O presidente da Rep�blica informou o parlamentar que iria assinar o decreto na outra semana. Depois de falar com Temer, Loures passou informa��es tamb�m por telefone a Ricardo Conrado Mesquita, membro do Conselho Deliberativo da Associa��o Brasileira dos Terminais Portu�rios e diretor da Rodrimar.

Ap�s Loures comentar que teve informa��o de que j� teria sido assinado o decreto, Temer responde: "N�o. Vai ser assinado na quarta-feira � tarde. Vai ser numa solenidade at�, viu?". Em outro trecho da conversa, o presidente diz que "Aquela coisa dos 70 anos l� para todo mundo parece que est� acertando aquilo l�".

No depoimento prestado em novembro, ainda sobre sua rela��o com Temer, Loures afirmou que n�o tinha h�bito de ligar diretamente ao presidente, nem de trocar mensagens, com exce��o de assuntos urgentes.

(Amanda Pupo e Fabio Serapi�o)