
Rio - Processada na Justi�a do Trabalho por dois motoristas que foram seus empregados, a nova ministra do Trabalho, Cristiane Brasil (PTB-RJ), tamb�m � acusada por outra ex-auxiliar, Aline Lucia de Pinho, de supostas irregularidades trabalhistas.
Aline foi contratada pela prefeitura do Rio, mas disse ter trabalhado como motorista e prestado servi�os particulares para Cristiane. A posse da deputada federal no cargo, marcada para esta ter�a-feira, 9, foi suspensa pela Justi�a.
Aline estava lotada em cargo comissionado como assessora (DAS-7) na Secretaria Especial do Envelhecimento Saud�vel e Qualidade de Vida do Rio durante a gest�o Eduardo Paes (MDB), quando a petebista comandou a pasta. No in�cio do ano passado, Aline foi exonerada pelo governo Marcelo Crivella (PRB), enquanto estava licenciada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), por acidente de trabalho - ocorrido, segundo ela, quando prestava servi�os particulares para Cristiane.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), que absorveu as fun��es da Secretaria Especial do Envelhecimento Saud�vel, extinta por Crivella, informou na segunda-feira, 8, que s� poderia responder sobre o caso nesta ter�a. A reportagem procurou a assessoria da nova ministra e n�o obteve resposta at� a conclus�o desta mat�ria.
Segundo Aline, em novembro de 2016, ela torceu o joelho esquerdo em uma queda, quando levava os c�es de Cristiane a um veterin�rio para serem castrados. "Eu cheguei para a Cristiane e disse que tinha escorregado descendo a escada, fazendo esse servi�o particular para ela. Ela n�o acreditou. A minha sorte � que tinha uma funcion�ria dela comigo e viu tudo", disse Aline. "Mesmo eu levando tudo para ela, a resson�ncia (magn�tica), ela n�o acreditou e me mandou ir a um m�dico da confian�a dela. Ele tamb�m disse que eu teria que operar."
Um m�s depois do acidente, em dezembro de 2016, Aline foi licenciada pelo INSS. Em janeiro de 2017, ela soube que fora exonerada pela nova gest�o na prefeitura carioca, mas, naquele mesmo m�s, a Previd�ncia Social havia concedido a licen�a � motorista at� abril de 2017. Depois, a institui��o a prorrogou o benef�cio at� agosto de 2017, "tendo em vista que foi constatada incapacidade para o trabalho", segundo documento do INSS.
Sem o sal�rio da secretaria, Aline ainda continuou a receber informalmente de Cristiane o valor de R$ 1,5 mil por m�s (metade do que recebia na pasta). Foi novamente demitida, agora pela deputada federal e nova ministra do Trabalho, em mar�o do ano passado.
Hist�rico
Aline disse que trabalhou por cerca de dez anos para Cristiane, desde a �poca em que a parlamentar era vereadora. Desde 2009, quando a hoje ministra assumiu a Secretaria Especial do Envelhecimento Saud�vel e Qualidade de Vida da capital fluminense, h� no Di�rio Oficial do Munic�pio do Rio registros de nomea��es da motorista para cargos de confian�a (sem necessidade de concurso) na pasta.
Segundo Aline, quatro motoristas atuavam em rod�zio para atender �s agendas de Cristiane e de seus dois filhos. Dois dos profissionais j� processaram a nova ministra do Trabalho na Justi�a do Trabalho reivindicando indeniza��es decorrentes de carteira assinada e controle de jornada.
Para o advogado de Aline, Norberto Gava Alvite, o caso da ex-funcion�ria � semelhante aos dos outros dois motoristas. Alvite disse que tem entrado em contato com assessores de Cristiane para tentar uma solu��o de concilia��o, antes de mover um processo contra a futura ministra. Ainda n�o obteve resposta. Afirmou tamb�m que avalia se processar� a prefeitura do Rio.
"Aline sofreu o que chamamos de acidente de trabalho. Em tese, nessas condi��es, ela n�o poderia ter sido demitida. Al�m disso, Cristiane n�o quis reconhecer nenhum v�nculo trabalhista com Aline. O que ela fazia era usar funcion�rios lotados na secretaria, n�o para atender ao interesse p�blico, mas aos interesses dela", afirmou.