
O cen�rio pol�tico conturbado desde o in�cio da Lava-Jato, em 2014, o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, em 2016, e a indefini��o jur�dica sobre a candidatura do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva provocaram atraso no cronograma eleitoral do PT. Em elei��es passadas, nesta altura da disputa, o partido j� tinha definido os nomes da coordena��o da campanha respons�veis pelas articula��es pol�ticas, mesmo que informalmente.
At� agora, o �nico setor cujos integrantes j� foram confirmados � o de programa de governo, a cargo do ex-prefeito de S�o Paulo Fernando Haddad.
Embora o partido n�o confirme publicamente, dirigentes admitem em conversas reservadas que a situa��o jur�dica de Lula tamb�m tem atrapalhado. L�der nas pesquisas de inten��o de voto, ele foi condenado em primeira inst�ncia a 9 anos e 6 de pris�o por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guaruj� (SP). Se a senten�a for confirmada no dia 24 pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Regi�o (TRF-4), o petista pode ficar ineleg�vel com base na Lei da Ficha Limpa.
"A partir do dia 25, quando o partido vai reafirmar a candidatura de Lula, vamos acelerar este processo”, disse o ex-ministro da Sa�de Alexandre Padilha, um dos vice-presidentes do PT. "Estamos em uma situa��o excepcional em rela��o a anos anteriores. Agora � uma disputa com grande instabilidade institucional, temos a situa��o de enfrentamento pelo direito de Lula ser candidato, desde 2003, pela primeira vez, n�o estamos no governo federal. � natural. N�o � s� no PT, o ambiente pol�tico est� muito diferente”, afirmou.
Segundo dirigentes petistas, embora o partido tenha descartado plano B e decidido insistir na candidatura de Lula, o julgamento do ex-presidente ganhou prioridade na agenda da sigla, tirando espa�o, tempo e recursos das articula��es pol�ticas.
Na condi��o de presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) deve assumir a coordena��o-geral da campanha - hoje ela comanda o Grupo de Trabalho Eleitoral criado em dezembro do ano passado -, mas alguns petistas gra�dos questionam a viabilidade de ela acumular a fun��o com a campanha � reelei��o ao Senado. Pela primeira vez um coordenador de campanha presidencial deve ser candidato a cargo majorit�rio - Jos� Dirceu, em 2002, e Ricardo Berzoini, em 2006, disputaram a C�mara.
Al�m disso, petistas apontam a falta de articuladores com experi�ncia eleitoral no entorno do ex-presidente. Dirceu e Antonio Palocci foram abatidos pela Lava Jato. Marco Aur�lio Garcia morreu em julho do ano passado. Berzoini est� afastado da pol�tica, os velhos colaboradores que integravam a dire��o do Instituto Lula foram substitu�dos por jovens sem experi�ncia e apenas dois dos cinco vice-presidentes do PT n�o s�o candidatos a deputado - Luiz Dulci e Alberto Cantalice.
A Secretaria de Organiza��o do PT destacou um funcion�rio para atualizar diariamente a situa��o eleitoral nos Estados, mas o partido e Lula ainda n�o t�m nomes com estofo e mandato partid�rio para negociar a montagem dos palanques regionais para o ex-presidente.
Sem marqueteiro
Com pouco dinheiro em caixa depois dos esc�ndalos revelados pela Lava Jato, a campanha de 2018 n�o ter� a figura do marqueteiro, desde 2002 ocupada por estrelas como Duda Mendon�a e Jo�o Santana, e a comunica��o vai ficar a cargo de um colegiado. Os �ltimos programas de TV do PT foram realizados por uma produtora independente com ajuda de Sid�nio Palmeira, e palpites da dire��o. A comunica��o do PT hoje � feita por uma empresa criada por militantes.A equipe do programa de governo tamb�m vai sofrer mudan�as. Alas petistas rejeitaram a escolha de "tr�s homens, brancos, paulistas” (Haddad, Renato Sim�es e M�rcio Pochmann) e, agora, cobram a inclus�o de negros e mulheres.
Desde 2016, Lula se re�ne semanalmente com grupo de economistas antes liderados por Marco Aur�lio Garcia. Ap�s a morte do ex-assessor especial da Presid�ncia, a coordena��o ficou com Pochmann, cujo perfil acad�mico e discreto permitiu a ascens�o do ex-ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante.