PSOL n�o pode se limitar a ser 'anti-Bolsonaro', diz Juliano Medeiros

Bras�lia, 15 - Ex-dirigente da Uni�o Nacional dos Estudantes (UNE), Juliano Medeiros, de 34 anos, foi eleito novo presidente nacional do PSOL no fim de 2017 e dever� conduzir o partido durante as elei��es deste ano. � frente da legenda, Medeiros defende que os socialistas n�o podem se limitar a ser um partido anti-Bolsonaro e devem propor "sa�das mais radicais".

Em entrevista ao

Estado/Broadcast

, ele avaliou que o novo projeto pol�tico do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva � inaplic�vel diante da crise econ�mica e defendeu que, com a ajuda do l�der sem teto Guilherme Boulos, a sigla tem condi��es de liderar a reorganiza��o da esquerda.

Como est� a negocia��o para que o Guilherme Boulos seja candidato � Presid�ncia pelo PSOL?

Tem um di�logo em curso, muito franco e honesto. No caso de Guilherme Boulos, ele demonstra uma disposi��o sincera quando discutimos essa hip�tese: a tarefa de ser candidato n�o s� do PSOL, mas de um campo pol�tico, � esquerda do PT, mas que n�o recha�a conquistas sociais ineg�veis dos �ltimos 15 anos. Ent�o n�o � uma candidatura anti- PT, mas, sim, um projeto pol�tico com sa�das mais radicais.

Ele pode vir a ser para o PSOL o que o ex-presidente Lula foi para o PT?

O PSOL n�o � o PT. A hist�ria do PSOL n�o � a hist�ria do PT e o Brasil de hoje n�o � o mesmo dos anos 1980. A nossa expectativa n�o � que a hist�ria se repita, pelo contr�rio. Estamos pensando em termos de uma composi��o mais aberta que foi a composi��o do PT. H� a expectativa de que o PSOL possa fazer parte de um processo de reorganiza��o da esquerda.

Como o PSOL enxerga a possibilidade de a Justi�a barrar a candidatura de Lula?

Consideramos que as acusa��es que foram formuladas e a conclus�o a qual a Justi�a chegou em rela��o a este processo no qual o Lula vai ser julgado n�o s�o suficientes pra justificar uma condena��o criminal e a pris�o do ex-presidente. A gente n�o vai apoiar o Lula em 2018, mas fazemos parte desse amplo espectro social e pol�tico que acha question�vel a condena��o. Lula tem o direito de concorrer.

Lula pode ser um obst�culo?

O projeto pol�tico que o Lula representa hoje no Brasil n�o tem viabilidade, n�o s� porque ele est� interditado pelos interesses da elite brasileira, que n�o quer recompor um pacto de concilia��o, mas tamb�m pelas pr�prias condi��es materiais da economia e sociedade. Outras candidaturas do campo da esquerda que est�o se apresentando incorrem no mesmo erro. S�o leg�timas, mas padecem do mesmo problema, que � se limitar a um programa de composi��o com a din�mica do capitalismo brasileiro tal como ele �.

A crise pol�tica e econ�mica no Brasil levou ao fortalecimento de nomes como o do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Como o PSOL avalia isso?

Esse � um per�odo de transi��o. Quando voc� tem um ciclo se encerrando, se abre uma disputa sobre o car�ter do ciclo que se iniciar�. N�o chega a surpreender que se organize politicamente uma op��o de extrema-direita no Brasil porque esses processos tamb�m estimulam a intoler�ncia, o preconceito, o �dio. Temos que fazer o debate p�blico sobre isso. Mas isso n�o significa que queremos ser o partido �anti-Bolsonaro�. Seria limitar o nosso papel hist�rico, limitar nosso papel a um mero combatente de posi��es de extrema-direita. Queremos mais do que isso, queremos fazer parte de um projeto de futuro para o Pa�s, com um governo de car�ter democr�tico, popular, e que aponte o socialismo. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.

(Renan Truffi e Thiago Faria)