Porto Alegre - Um desassossego quebrou a ordem no Parque Maur�cio Sirotsky Sobrinho, que de t�o calmo a maioria nem conhece pelo nome, mas sim pelo apelido, Parque Harmonia. No Praia das Belas - assim no masculino mesmo, porque � um bairro e as �guas que o banham s�o do Rio Gua�ba, n�o do mar - quatro policiais a cavalo passam ao lado do taxista Cledir Teixeira, de 48 anos, que estranha. "Aqui sempre tem um ou outro policial, mas hoje tem bastante. Deve ter acontecido alguma coisa...", diz intrigado o taxista, em frente ao pr�dio do Tribunal Regional Federal da 4ª Regi�o (TRF-4), em Porto Alegre.
Todos vigiam o pr�dio onde os tr�s desembargadores da 8ª Turma do TRF-4 - a segunda inst�ncia da Opera��o Lava Jato de Curitiba - julgar�o na pr�xima quarta-feira, 24, recurso contra a condena��o do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva no processo do tr�plex do Guaruj� (SP).
A uma semana do julgamento, o esquema de seguran�a foi refor�ado nesta ter�a-feira, 16, na capital ga�cha. O efetivo de policiais da Brigada Militar foi aumentado na �rea da sede do tribunal. Desde o in�cio do ano foi criado um Grupo de Gest�o Integrado entre as for�as de seguran�a p�blica do Rio Grande do Sul, em parceria com a Uni�o e munic�pio.
"A democracia pressup�e a conviv�ncia de contr�rios, respeito � diverg�ncias, ent�o os contras e os � favor querem se manifestar, v�o se manifestar democraticamente. Queremos proteg�-los e proteger a popula��o de Porto Alegre. N�o queremos nenhum incidente violento, queremos respeito � ordem p�blica e � lei", afirmou o secret�rio da seguran�a p�blica do Rio Grande do Sul, Cezar Schirmer.
Isolamento
O secret�rio afirmou que a defini��o do per�metro em torno do TRF-4 foi uma das primeiras preocupa��es do GGI. "N�s definimos uma per�metro em torno do Tribunal. A �rea dificulta a a��o operacional por ser um parque. Se fosse s� uma rua facilitaria, porque se fecha ela e pronto", afirmou Schirmer.
A Secretaria da Seguran�a P�blica pediu o fechamento de todos os pr�dios p�blicos do Parque Harmonia no entorno da sede do TRF-4. O secret�rio encaminhou o pedido formal para os �rg�os do governo e disse ter recebido um "ok" informal. "Acho que n�o haver� problemas", disse.
Segundo ele, a C�mara de Vereadores que est� nesse per�metro j� concordou em suspender as atividades no dia anterior, ao meio-dia, como acontecer no TRF-4. "Tem o Minist�rio P�blico Federal que j� decidiu isso, pedi ao ministro da Justi�a e ao Gabinete de Seguran�a Institucional que tamb�m suspendam o expediente no dia anterior ao meio-dia do Minist�rio da Fazenda, Receita Federal, Minist�rio da Agricultura e Incra, IBGE e Serpro que s�o os �rg�os que t�m ali."
O secret�rio explicou que mesmo fechados e dentro da �rea do per�metro de isolamento, esses pr�dios ficar�o sob seguran�a. "Tamb�m pedi ao ministro da Justi�a para que a For�a Nacional, que est� aqui para nos ajudar no policiamento de Porto Alegre, s�o cerca de 150 pessoas, para que fossem autorizados a ajudar na prote��o a esses pr�dios federais."
O secret�rio lembrou ainda que existe um restaurante e uma loja de tradi��es ga�chas, privados, no Parque Harmonia que j� foram procurados pelo GGI e concordaram em manter as portas fechadas no dia do julgamento.
Refor�o
Para evitar conflitos, a Secretaria de Seguran�a e os demais �rg�os criaram o GGI, que une Brigada Militar do Estado, Pol�cia Civil, Pol�cia Federal, Pol�cia Rodovi�ria (estadual e federal), Abin, Ex�rcito, Bombeiros e Defesa Civil. O objetivo � cuidar do isolamento da �rea do pr�dio do TRF-4 e garantir que n�o haja conflitos e depreda��es na cidade.
Com mobiliza��o de petistas, centrais sindicais e movimentos de trabalhadores sem-terra para realizar protestos e manifesta��es em defesa de Lula na data do julgamento e nos dias que o antecedem, o grupo vai impedir o acesso dos manifestantes ao local e definir �reas espec�ficas para as concentra��es.
As pol�cias rodovi�rias far�o o controle das entradas da cidade e a PF far� a seguran�a da �rea interna do TRF-4. Nesta quinta-feira, 18, uma reuni�o operacional do GGI definir� o papel de cada �rg�o e os acertos finais da opera��o.