
Um ano depois da queda do avi�o no mar, em Paraty, no sul do Rio de Janeiro, matando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, as causas do acidente ainda est�o sob investiga��o.
Foram abertas tr�s frentes de investiga��o - da For�a A�rea Brasileira (FAB), do Minist�rio P�blico Federal (MPF) e da Pol�cia Federal (PF). O relat�rio final de investiga��o do Centro de Investiga��o e Preven��o de Acidentes Aeron�uticos (Cenipa), ligado � For�a A�rea Brasileira (FAB), ser� divulgado na pr�xima segunda-feira (22/1), em Bras�lia.
O documento ser� apresentado pelo chefe do centro, brigadeiro Frederico Alberto Marcondes Felipe, e pelo investigador encarregado, coronel Marcelo Moreno.
Em geral, as investiga��es do Cenipa apontam fatores que contribu�ram para o acidente e o que fazer para evitar novos casos. “O Cenipa � o �rg�o da For�a A�rea Brasileira que investiga, n�o julga. N�o � um �rg�o de investiga��o penal. � um �rg�o t�cnico, que tem como fun��o encontrar causas do acidente, inclusive para reduzir a possibilidade de acidentes futuros. O relat�rio da Pol�cia Federal � mais relacionado a aspectos jur�dicos penais de investiga��o”, disse o ministro da Defesa, Raul Jungmann, em entrevista � Ag�ncia Brasil.
No �ltimo dia 10, a Pol�cia Federal informou que sua principal linha de investiga��o aponta para falha humana nas manobras de aproxima��o da aeronave da pista de pouso em Paraty. A investiga��o ainda n�o foi conclu�da.
Raul Jungmann acredita que as informa��es parciais divulgadas pela PF afastam a tese de atentado. “Espero que sim. Em um acidente como este, muita gente fez teses conspirat�rias, isso ajuda, mas o relat�rio t�cnico definitivo, que n�o est� na esfera policial, sobre as causas de como se deu e porque se deu com excelente n�vel de profissionalismo da FAB, por meio do Cenipa, teremos enfim um ju�zo definitivo, n�o que eu esteja colocando em d�vida a Pol�cia Federal, longe disso”, disse.
Teori Zavascki era relator dos processos da Opera��o Lava Jato no Supremo e iria homologar a dela��o premiada dos executivos da Odebrecht assim que o Judici�rio retomasse os trabalhos.
Mem�ria
Mesmo ap�s um ano, as imagens do acidente ainda est�o fortes na mem�ria de quem participou dos resgates dos corpos e dos restos do bimotor, que levava Teori e mais quatro pessoas.
O comandante do Grupamento de Buscas e Salvamento do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Luciano Sarmento, estava na equipe de resgate. Ele lembra que por causa das p�ssimas condi��es clim�ticas, que impediam a visibilidade do piloto do helic�ptero dos bombeiros, precisou se dirigir com a equipe ao local por terra. A equipe de mergulho chegou � noite em Paraty, e, embora n�o seja comum fazer resgates nesse hor�rio por causa da pouca visibilidade, o trabalho come�ou no mesmo dia, uma vez que o mar estava mais calmo.
“O corpo do ministro Teori Zavascki e de uma senhora foram os primeiros a serem resgatados. Na condi��o da aeronave, eles n�o estavam t�o presos �s ferragens. Com equipamentos leves, conseguimos retirar os dois e levar � superf�cie, colocamos na embarca��o e nos dirigimos � marina. A gente j� tinha localizado os outros corpos, mas havia necessidade do emprego de equipamento mais espec�fico”.
No fim da madrugada come�ou o trabalho para a retirada das outras v�timas. Foi utilizado um equipamento que � usado em acidentes automobil�sticos, para o corte da fuselagem. "Esse equipamento nos permite realizar atividades de cortes e foi o que fizemos durante quase toda a manh� para resgatar os outros tr�s corpos", contou.
De acordo com o coronel, o trabalho conjunto com a Marinha para a flutua��o dos restos do avi�o permitiu que as partes fossem preservadas para as investiga��es sobre as causas do acidente. “N�s tivemos a preocupa��o de onde cortar [a fuselagem] e evitar o m�ximo de dano do que a aeronave j� tinha tido. Tivemos sempre este cuidado”.
Apesar de ter atuado em diversos salvamentos e buscas de grande n�mero de v�timas nos mais de 20 anos na corpora��o, Sarmento conta que o resgate foi um marco em sua carreira e a responsabilidade era grande por causa da posi��o ocupada por Teori naquele momento no pa�s. “Como brasileiro e com o objetivo de cumprir a miss�o, me senti muito honrado em poder participar desta miss�o e ter tido a oportunidade de dar � fam�lia [a condi��o de] poder enterrar o seu ente querido”.
O jornalista e presidente da Associa��o Comercial de Paraty, Anderson Terra, foi um dos primeiros a noticiar a queda de um avi�o na regi�o. Assim que soube do acidente, pegou uma embarca��o no cais e seguiu para um local pr�ximo da queda. At� ent�o, n�o sabia quem estava no bimotor.
Terra chegou a publicar um v�deo da chegada da equipe da Capitania dos Portos ao local para a rede de comunica��o brit�nica BBC, uma das mais importantes do mundo.
“Da �rea em que ocorreu o acidente at� o cais leva menos de 10 minutos e a propaga��o do acidente foi muito r�pida. A�, peguei a embarca��o no cais e fui ver. Chegando l� � que fui informado que era o Teori Zavascki, porque at�, ent�o, sabia apenas da aeronave que a gente conhecia”, disse. “Fiquei at� mais tarde l� e eles [equipes de resgate] come�aram a isolar a �rea e s� ficou a minha embarca��o no local”, acrescentou.
Anderson Terra relata que a dificuldade inicial de quem se juntou para tentar ajudar no resgate era a falta de um equipamento para romper a escotilha do avi�o e passar um tubo que permitiria a �nica passageira, que ainda estava viva ap�s queda, pudesse respirar. “Ela morreu provavelmente por asfixia ou por afogamento, porque come�ou a entrar �gua na aeronave. Foi um momento de agonia tamb�m das pessoas que tentavam resgatar. Muitas pessoas presenciaram”.
O ministro Jungmann, relembra que estava em Dourados, no Mato Grosso do Sul, quando recebeu a not�cia, ao lado dos comandantes militares para apresenta��o do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron). Segundo o ministro, ele fez um telefonema para informar o presidente Michel Temer sobre a queda do avi�o.
A partir da�, todos voltaram para Bras�lia e profissionais do Cenipa foram mandados a Paraty para iniciarem a investiga��o t�cnica.
O ministro disse que a not�cia foi um choque. “Choque porque o Teori tinha nas suas m�os algumas das decis�es mais importantes da vida pol�tica e, obviamente, como relator da Lava Jato era uma pe�a central em todo esse processo que todo o Brasil acompanha. Al�m de ser uma pessoa, que comigo, sempre foi muito gentil”, disse.
Jungmann destaca que Teori estava lidando com “serenidade e a imparcialidade" a tarefa. "Ele passava tudo isso, a serenidade t�o necess�ria em um processo que mexia com os nervos n�o s� de pol�ticos como de todo o pa�s”. ( Com Ag�ncia Brasil)