Odebrecht desviou funcion�rios de obra para reformar s�tio, diz engenheiro

S�o Paulo, 06 - O engenheiro Frederico Prado, subcontratado pela Odebrecht, afirmou ter desviado parte de seus funcion�rios de uma obra na regi�o de Heli�polis, uma das maiores favelas de S�o Paulo, para a reforma do s�tio Santa B�rbara, atribu�do pela Opera��o Lava Jato ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. O v�deo com o depoimento de Prado - prestado em fevereiro de 2017 - foi anexado pela for�a-tarefa nesta ter�a-feira, 6, aos autos da a��o penal contra o petista por supostas vantagens indevidas da empreiteira referentes �s benfeitorias no im�vel, em Atibaia.

Prado diz ter trabalhado em uma obra em Heli�polis, contratado pela Odebrecht. O engenheiro alega ter sido orientado por seus superiores a atender um pedido de Rog�rio Aur�lio Pimentel, ent�o assessor da Presid�ncia da Rep�blica em 2010. Ele relata que, inicialmente, teria apenas indicado uma empresa para reparar um vazamento no apartamento de Lula em S�o Bernardo do Campo, mas que, em seguida, foi chamado para as obras do S�tio.

De acordo com o engenheiro, seu superior, Emyr Diniz, ent�o respons�vel pelas obras do Aquapolo um contrato da Odebrecht com a Sabesp para saneamento na regi�o de S�o Caetano e Santo Andr�, teria pedido para que desviasse funcion�rios da obra pela qual era respons�vel para o s�tio.

"O Emyr me questionou como estava o andamento dessa obra em Heli�polis e se haveria equipe para fazer essa obra porque ela tinha certa urg�ncia e import�ncia para ser executada. A nossa obra estava com cronograma dentro do previsto, era final de ano, haveria recesso onde funcion�rios sairiam de f�rias, haveria redu��o de produ��o naquele per�odo. Ele disse tamb�m se n�o prejudicaria, se poderia desviar essa equipe para l� e eu afirmei positivamente que sim. A�, veio a autoriza��o dele e a ordem para que eu destacasse uma equipe que tivesse condi��es de produzir e entregar a obra nesse prazo".

Segundo Prado, ele teria "mais de 600 funcion�rios na obra naquele per�odo" elencou "uma equipe b�sica com um engenheiro novo, um administrativo, um auxiliar, um encarregado e mais umas 15 pessoas que tinham aptid�o para fazer a obra".

Prado ainda confirmou ter ouvido que a obra era para o ex-presidente Lula e que funcion�rios da Odebrecht n�o poderiam usar uniformes da empresa j� que obra "n�o poderia ser vista" como da empreiteira. O engenheiro diz ter sido pago com valores em esp�cie.

O engenheiro Emyr Diniz chegou a entregar �s autoridades uma planilha do sistema Drousys, do departamento de propinas da Odebrecht, constando repasses de R$ 700 mil ao Aquapolo. Segundo Emyr, o dinheiro, em esp�cie, foi destinado �s obras do s�tio. Ele chegou a dizer que comprou um cofre para manter os valores em seu escrit�rio.

O caso envolvendo o s�tio representa a terceira den�ncia contra Lula no �mbito da Opera��o Lava Jato. Segundo a acusa��o, a Odebrecht, a OAS e tamb�m a empreiteira Schahin, com o pecuarista Jos� Carlos Bumlai, gastaram R$ 1,02 milh�o em obras de melhorias no s�tio em troca de contratos com a Petrobras. A den�ncia inclui ao todo 13 acusados, entre eles executivos da empreiteira e aliados do ex-presidente, at� seu compadre, o advogado Roberto Teixeira.

O im�vel foi comprado no final de 2010, quando Lula deixava a Presid�ncia, e est� registrado em nome de dois s�cios dos filhos do ex-presidente, Fernando Bittar - filho do amigo e ex-prefeito petista de Campinas Jac� Bittar - e Jonas Suassuna. A Lava Jato sustenta que o s�tio � de Lula, que nega.

Defesa

Os advogados do ex-presidente Lula afirmam que n�o tiveram acesso ao depoimento de Prado. Eles t�m negado vantagens indevidas ao petista.

(Luiz Vassallo, Julia Affonso e Ricardo Brandt)