S�o Paulo, 10 - O ex-ministro da Fazenda e do Planejamento no regime militar e ex-deputado federal Delfim Netto, de 89 anos, foi o principal alvo da 49.� fase da Opera��o Lava Jato, deflagrada na sexta-feira (9). Denominada Buona Fortuna, a investiga��o apura suspeita de pagamento de propina a pol�ticos e agentes p�blicos pelo cons�rcio de empreiteiras respons�vel pela constru��o da Usina Hidrel�trica de Belo Monte, no Par�. A for�a-tarefa da Lava Jato afirma que o ex-ministro Antonio Palocci operou o repasse de R$ 15 milh�es a Delfim.
Segundo os investigadores, ficou comprovado que pelo menos R$ 4,4 milh�es das empresas vencedoras da licita��o foram pagos ao ex-ministro. Os recursos foram repassados por meio de contratos fict�cios de consultoria a empresas que t�m como s�cios Delfim e um sobrinho. O ex-ministro nega e afirma que os servi�os foram prestados.
De acordo com o Minist�rio P�blico Federal, Delfim ajudou a estruturar um cons�rcio, em conjunto com o pecuarista Jos� Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, para participar da licita��o das obras de Belo Monte. Os contratos teriam sido direcionados pelo governo federal ao cons�rcio Norte Energia com o objetivo de gerar propinas a membros do PT e do MDB. A participa��o do ex-ministro no esquema foi apontada por executivos das construtoras Andrade Gutierrez e Odebrecht que, em dela��o, confirmaram o pagamento a ele.
�Em virtude dessa ajuda que, na verdade, constituiu uma fraude ao leil�o, Delfim Netto foi angariado com o direcionamento das vantagens indevidas que (Antonio) Palocci (ex-ministro dos governos Lula e Dilma) havia pedido ao PT e ao MDB�, afirmou o procurador da Rep�blica Athayde Ribeiro.
Bumlai tamb�m citou Delfim como participante do suposto esquema. Em depoimento � Pol�cia Federal, o pecuarista afirmou que o cons�rcio vencedor foi acertado em 2010, durante reuni�o no Hotel Maksoud Plaza, em S�o Paulo. Por enquanto, os procuradores n�o encontraram ind�cios de pagamento de vantagens indevidas a Bumlai.
A casa, o escrit�rio e empresas de Delfim foram alvo de mandados de busca e apreens�o. No total, foram cumpridos nove mandados em S�o Paulo e no Paran�.
Conforme as investiga��es, PT e MDB receberam 1% do total dos contratos de Belo Monte - R$ 14,5 bilh�es -, o que daria R$ 60 milh�es para cada partido. A for�a-tarefa afirma que do montante pago aos partidos, R$ 15 milh�es foram repassados a Delfim pelas empresas Camargo Corr�a, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e J. Malucelli, todas integrantes do cons�rcio Norte Energia.
Segundo os investigadores, as falsas consultorias foram firmadas com as empresas Aspen Consultoria e LS Consultoria, que est�o em nome do ex-ministro e de seu sobrinho, Luiz Appolonio Neto. A rela��o entre as empresas e o ex-ministro eram feitas por Palocci, apontado pelo MPF como o �porta-voz� de Delfim.
Athayde Ribeiro afirmou que Delfim Netto mentiu � PF ao prestar depoimento em 2016. O ex-ministro foi questionado sobre um repasse de R$ 240 mil pago pela Odebrecht atrav�s do setor de Opera��es Estruturadas, o chamado departamento da propina da empreiteira. �Ele n�o falou a verdade. Ele tentou mascarar o recebimento da vantagem indevida em supostos contratos de consultoria cujos servi�os jamais foram prestados�, disse o procurador.
No caso da Odebrecht, os pagamentos foram registrados no sistema com o codinome �Professor�. Os delatores da empreiteira afirmaram que n�o foi prestado nenhum servi�o pelo ex-ministro. Em abril de 2016, Fl�vio Barra, da Andrade, tamb�m confirmou em depoimento repasse ao ex-ministro na fase final das negocia��es para a constru��o da usina.
Em sua decis�o, o juiz S�rgio Moro determinou o bloqueio de R$ 4,4 milh�es das empresas e das contas do ex-ministro e de seu sobrinho. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo
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(Julia Affonso, Ricardo Brandt, Luiz Vassallo e Fausto Macedo)