S�o Paulo, 19 - Ele s� tinha 3 anos quando o av�, Mario Covas, ocupou a cadeira de prefeito de S�o Paulo. Era maio de 1983. De l� pra c�, Bruno Covas n�o sabe o que � viver longe da pol�tica. Morou no Pal�cio dos Bandeirantes quando o av� virou governador e ap�s a morte dele, em 2001, elegeu-se deputado estadual, federal, foi secret�rio da gest�o Geraldo Alckmin e agora se prepara para trocar o gabinete de vice pelo de prefeito da capital. O maior pulo na carreira pol�tica vai acontecer exatamente no dia em que completar� 38 anos, em 7 de abril. A partir da�, Bruno planeja seguir com uma gest�o de continuidade, mas com outro estilo.
O combinado com Doria � manter o secretariado, os projetos e o ritmo acelerado de trabalho, j� de olho na reelei��o, em 2020. Mas, agora, ao estilo Bruno Covas e na "vers�o 2018": 18 quilos mais magro, assumidamente baladeiro e adepto de uma vida mais simples e, segundo aliados, mais pr�xima poss�vel da de qualquer cidad�o paulistano. Mora em um flat na Barra Funda, na zona oeste, e, quando pode, vai trabalhar de metr� e correr pela manh� no Parque do Ibirapuera. Rec�m-convertido � pr�tica de esportes, faz exerc�cios ao menos tr�s dias por semana e chega � Prefeitura por volta das 8h.
Ao se tornar o prefeito paulistano mais jovem desde a redemocratiza��o, Bruno vai encarar o desafio de provar que est� � altura do cargo para n�o perder o respeito da equipe nem do eleitor. O plano � sair da sombra de Doria de forma discreta e gradual, fazendo jus ao sobrenome, que ajuda, mas tamb�m atrapalha.
Ao contr�rio do av� e tamb�m de Doria, Bruno � mais comedido. N�o tem o costume de elevar a voz, xingar advers�rios nem se expor em consecutivas agendas p�blicas ao longo do dia ou reuni�es avan�ando a madrugada.
Essa talvez seja a mudan�a de estilo mais aparente a partir de abril - e mais comemorada por secret�rios e assessores, que, apesar de posarem felizes nas fotos e v�deos que Doria publica nas redes sociais, reclamam do ritmo exagerado de reuni�es.
Marca
A previs�o � de que at� o meio do ano nenhum auxiliar mais direto seja trocado, com exce��o do chefe de gabinete de Doria, Wilson Pedroso, que sai para coordenar a campanha ao governo do Estado. A fim de n�o ofuscar seu antecessor, nenhum novo programa tamb�m deve ser lan�ado nesses primeiros meses de gest�o, apesar de o pr�prio Bruno saber que precisa de uma marca pr�pria para dar for�a aos planos de se apresentar como candidato competitivo nas pr�ximas elei��es municipais.
H� uma preocupa��o espec�fica em rela��o � zeladoria da cidade, �rea de sua responsabilidade at� novembro do ano passado, quando perdeu o comando das Prefeituras Regionais.
Desgastado por cr�ticas na limpeza das ruas, Doria tirou Bruno da secretaria e o colocou na articula��o direta com a C�mara Municipal, nomeando-o como secret�rio de Governo.
Clima ruim
O recado p�blico foi de que Bruno n�o seria capaz de resolver os problemas de manuten��o da capital, campe�es de reclama��o nos canais de atendimento da Prefeitura. Foi o momento mais conturbado da rela��o prefeito e vice. O clima ficou t�o ruim que Bruno come�ou a mandar recados de que poderia colocar seu nome para disputar o Estado - naquela �poca, Doria j� havia perdido f�lego em sua corrida pessoal pelo Pal�cio do Planalto.
Quando Alckmin virou presidente nacional do PSDB, no entanto, os planos de Doria e Bruno voltaram a se convergir e os dois afinaram o discurso e a rela��o em busca do mesmo objetivo: lan�ar Doria ao governo e devolver a cadeira de prefeito a um Covas, 35 anos depois.
Mas, tratando-se de PSDB, nada ocorre de forma t�o pac�fica. Os planos do prefeito e do vice da capital resultaram n�o apenas em uma pol�mica pr�via estadual, com direito a acusa��es de fraude pelos demais candidatos, mas tamb�m na sa�da de um dos fundadores do partido. Mario Covas Neto, filho do ex-prefeito e ex-governador de S�o Paulo e tio de Bruno, deixou a legenda no in�cio do m�s. "O PSDB n�o representa mais os ideais do meu pai. O partido virou um trampolim para chegar � m�quina partid�ria", afirmou.
Problemas
Ao assumir a Prefeitura, Bruno vai herdar um pacote de obras para iniciar ou entregar - boa parte delas fruto da gest�o Fernando Haddad -, mas tamb�m um s�rie de problemas a enfrentar. Os mais dif�ceis ainda neste ano: a aprova��o da nova Previd�ncia Municipal, que j� motivou uma greve entre os professores municipais, e o fechamento de mais de cem unidades de sa�de, em um suposto projeto de otimiza��o da rede. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Adriana Ferraz e Pedro Venceslau)