Bras�lia, 28 - A Procuradora-Geral da Rep�blica, Raquel Dodge, determinou que seja apurado se houve algum obst�culo �s investiga��es contra a deputada federal Cristiane Brasil (PTB), na den�ncia por suposta associa��o ao tr�fico de drogas. Conforme o jornal O Estado de S. Paulo publicou no dia 3 de fevereiro, um inqu�rito criminal foi aberto contra a deputada na Pol�cia Civil do Rio, depois que o �rg�o e o Minist�rio P�blico do Rio receberam den�ncias de que Cristiane teria se associado a traficantes de Cavalcanti, bairro pobre da zona norte da cidade e uma das bases eleitorais da deputada, em troca de votos para aliados. A den�ncia, no entanto, ficou paralisada por oito anos.
Dodge encaminhou os of�cios, nesta ter�a-feira, 27, para as corregedorias do Minist�rio P�blico Estadual do Rio e da Pol�cia Civil. Para ela, o fato de a den�ncia ter ficado parada tanto tempo prejudicou as investiga��es sobre o caso.
"� inadmiss�vel que uma investiga��o se protraia por quase oito anos, com a realiza��o de apenas uma dilig�ncia. Durante todo este per�odo, o respons�vel pelo caso n�o tomou provid�ncia, mesmo tendo acesso aos autos por 11 vezes, tendo se limitado apenas a conceder prazo para continuidade das investiga��es, sem indica��o de dilig�ncias", escreveu a procuradora, na decis�o. "Neste cen�rio, deve ser real�ado que passaram-se quase oito anos desde a apresenta��o da notitia criminis, sem nenhuma linha investigativa definida ou de elementos probat�rios a direcionarem a apura��o de um crime cuja din�mica � de constante muta��o, como o de associa��o para o tr�fico", completou.
As den�ncias tamb�m acusavam o ex-cunhado de Cristiane, o deputado estadual Marcus Vinicius (PTB), e tr�s assessores da deputada na �poca de envolvimento no caso. O inqu�rito ficou parado na Pol�cia Civil e s� foi remetido pelo delegado titular da Delegacia de Combate �s Drogas, Felipe Curi, e pelo Minist�rio P�blico Estadual ao Minist�rio P�blico Federal depois que o Estado entrou em contato com as assessorias de imprensa dos dois �rg�os. O inqu�rito chegou ao MPF, no entanto, sem que nenhuma investiga��o tivesse sido feita.
Cristiane nunca foi ouvida e Marcus Vinicius s� foi chamado para depor dois anos ap�s a abertura do inqu�rito, quando negou as acusa��es. Desde ent�o, a Pol�cia Civil n�o promoveu nenhum andamento para investigar o caso. Dodge tamb�m ressaltou que o inqu�rito ficou parado na esfera estadual, mesmo quando Cristiane ganhou foro privilegiado, assim como o seu ex-cunhado, Marcus Vinicius.
"A situa��o � ainda mais injustific�vel, se considerar que havia refer�ncia a dois poss�veis investigados com prerrogativa de foro, um no Tribunal de Justi�a, em 2010, e outra que passou a ser no STF, desde fevereiro de 2015. Ou seja, o respons�vel tardou oito e tr�s anos para, no dom�nio da investiga��o, declinar sua atribui��o". "Em id�ntica situa��o est�o os delegados de pol�cia que atuaram na investiga��o. � injustific�vel que uma autoridade policial, por mais demandas que tenha em sua delegacia, realize apenas uma �nica dilig�ncia durante um lapso temporal t�o extenso", completou.
Por conta disso, ela afirmou que n�o vislumbraria, neste momento, "embasamento m�nimo para deflagrar medidas investigativas para instaurar inqu�rito em desfavor da parlamentar federal" e remeteu o processo ao Minist�rio P�blico do Rio para apurar. "Caso surjam elementos que vinculem a deputada federal Cristiane Brasil aos fatos apurados, dever� ocorrer a imediata comunica��o a esta Procuradoria Geral da Rep�blica", determinou.
Em um �udio enviado para os seus assessores, Cristiane comemorou a decis�o. Ela disse ter sido chamada pelo procurador da Rep�blica, Carlos Vilhena, secret�rio de rela��es institucionais da Procuradoria, "que trabalharia direto com a Raquel Dodge", segundo a parlamentar. "Ele me chamou l� para dizer que a Raquel Dodge considerou a den�ncia contra mim um tremendo de um absurdo e disse que n�o tem nenhum elemento que justifique que o inqu�rito contra mim na procuradoria", comemorou Cristiane, em �udio obtido pela reportagem. No fim da grava��o, enviada por Cristiane por um aplicativo de celular, ela tamb�m cita que Dodge encaminhou o processo para as corregedorias do Minist�rio P�blico do Rio e "dos delegados" para analisarem por que o inqu�rito ficou parado por tanto tempo sem dilig�ncias.
(Constan�a Rezende)