
A pris�o de ex-presidente da Rep�blica por crime de corrup��o � um acontecimento in�dito no Brasil. Apesar de recorrentes den�ncias de desvios envolverem ex-ocupantes do mais alto cargo da na��o, no Brasil, nenhum foi preso por corrup��o e lavagem de dinheiro at� hoje. No entanto, ex-presidentes brasileiros j� foram parar atr�s das grades por outros motivos.
O ga�cho Hermes da Fonseca (oitavo a assumir a Presid�ncia da Rep�blica – de 1910 a 1014) ficou preso entre julho de 1922 e janeiro de 1923. O ex-presidente assumiu a presid�ncia do Clube Militar em 1921 e envolveu-se na campanha pela sucess�o do presidente Epit�cio Pessoa. Os embates entre o Ex�rcito e o governo federal se acirraram na disputa eleitoral e Epit�cio ordenou o fechamento do clube e a deten��o de Hermes. A pris�o deu in�cio a um levante de tenentes que apoiavam o ex-presidente – o epis�dio que ficou conhecido como “18 do Forte de Copacabana” foi a primeira revolta tenentista que agitaria o pa�s ao longo da d�cada de 1920.

O mineiro Artur Bernardes (presidente da Rep�blica entre 1922 e 1926) tamb�m foi preso depois de apoiar a Revolu��o Constitucionalista deflagrada em S�o Paulo, em 1932, contra o governo de Get�lio Vargas. Ele tentou sublevar a for�a p�blica em Minas em apoio ao movimento paulista, mas n�o contou com apoio de outras lideran�as mineiras. Em setembro de 1932, foi preso em sua fazenda, em Vi�osa, e enviado para o ex�lio em Portugal, onde permaneceu por um ano e meio.

Outro mineiro que viveu dias no c�rcere foi o ex-presidente Juscelino Kubitschek (presidente entre 1956 e 1961). Opositor do regime militar desde o golpe de 1964, JK passou v�rios per�odos fora do pa�s ap�s ter os direitos pol�ticos cassados. Ao voltar para o Brasil, em 1967, enfrentou amea�as de apoiadores do regime e passou a ter seus passos monitorados. Em 13 de dezembro de 1968, enquanto o governo de Costa e Silva anunciava o Ato Institucional n�mero 5 (AI-5) – considerado o ato mais duro do regime militar –, Juscelino era paraninfo de uma turma de engenharia que celebrava a formatura no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Ao deixar o pr�dio, o pol�tico mineiro foi preso por um oficial e levado para um quartel em Niter�i. L� ele permaneceu preso por 27 dias, at� ser liberado para viver em regime de pris�o domiciliar.
Pelo mundo
J� em outros pa�ses a hist�ria � bem diferente. Ao redor do mundo, s�o v�rios os casos de ex-chefes de Estado presos ap�s virem � tona esc�ndalos de malfeitos com o dinheiro p�blico. S� no ano passado, tr�s ex-presidentes foram parar atr�s das grades: Park Geun-hye (Coreia do Sul), Ollanta Humala (Peru) e Ricardo Martinelli (Panam�).

Primeira mulher eleita democraticamente para comandar um pa�s no extremo Oriente, a ex-presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, teve uma queda r�pida e estrondosa. Ela chegou � Presid�ncia em 2013 como uma das pol�ticas mais populares do pa�s. Ap�s seu primeiro ano de governo, em que apostou em um programa de corte de impostos ela atingiu recordes de popularidade e entrou na lista da Forbes como uma das mulheres mais influentes do mundo.
A hist�ria come�ou a mudar completamente em meados de 2016, quando foi revelado que uma de suas melhores amigas, sem ocupar nenhum cargo oficial, usou da influ�ncia da presidente para conseguir milh�es de d�lares de empresas sul-coreanas. Ela foi acusada de compartilhar segredos de Estado, de abuso de poder, coer��o e suborno. Com a popularidade despencando para 4%, ela sofreu impeachment no final de 2016 e foi presa em 31 de mar�o. Ontem, Park Geun-hye, foi condenada a 24 anos de pris�o por um tribunal de Seul. (Leia mais na pag. 9)
Ex-presidente do Panam� entre 2009 e 2014, Ricardo Martinelli foi preso em junho do ano passado em sua casa em Miami, nos Estados Unidos. Ele � investigado em v�rios casos de corrup��o durante seu governo, e desde o in�cio de 2017 a Interpol havia emitido uma ordem de pris�o ap�s ele ser denunciado por usar dinheiro p�blico para espionar ilegalmente mais de 150 pessoas em seu pa�s durante sua gest�o.
Martinelli foi citado nas investiga��es da Opera��o Lava-Jato e a Suprema Corte panamenha apura um suposto superfaturamento de US$ 45 milh�es para a compra de comida para escolas p�blicas e contratos superfaturados com a Odebrecht. O pol�tico continua preso nos Estados Unidos, mas pode ser extraditado para o Panam�.
Ollanta Humala, ex-presidente do Peru, foi outro pol�tico que deixou o cargo mais alto de seu pa�s e foi parar na cadeia, em 2017. Presidente entre 2011 e 2016, ele e sua esposa, a ex-primeira-dama Nadine Heredia, foram presos em julho do ano passado e respondem por lavagem de dinheiro e recebimento de caixa dois da empreiteira brasileira Odebrecht. A construtora teria pago cerca de US$ 3 milh�es n�o declarados para apoiar sua campanha eleitoral.
