PDT de Ciro usar� visita a Lula para se reaproximar do PT

Bras�lia, 13 - Diante do mal-estar causado pela aus�ncia dos pedetistas no ato pol�tico do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva antes da rendi��o � Pol�cia Federal, o PDT tentar� um gesto de aproxima��o com o PT na pr�xima quarta-feira, 18. O presidenci�vel Ciro Gomes, o presidente da sigla, Carlos Lupi, e o l�der da bancada na C�mara, Andr� Figueiredo, aguardam apenas a autoriza��o da 12� Vara Federal de Curitiba para visitar o petista na pris�o em Curitiba, o que deve ser deliberado ainda hoje.

Para dirimir a repercuss�o negativa do distanciamento de Ciro no momento pol�tico mais delicado para os petistas, Ciro, Lupi e Figueiredo v�o prestar "solidariedade humana" ao ex-presidente. At� o momento, os dirigentes t�m se manifestado por meio de notas e entrevistas criticando a pris�o do petista. "O PDT tem demonstrado a todo momento solidariedade. O PDT sempre foi parceiro dele", disse Figueiredo, que tamb�m acumula o posto de vice-presidente da sigla.

Os pedetistas negam a inten��o de pedir o apoio formal de Lula � candidatura de Ciro e dizem que seria "anti�tico" tratar de palanque eleitoral na situa��o em que o ex-presidente se encontra. "N�s fizemos gestos (ao PT) a vida toda", refor�ou Lupi.

Desde que Lula foi preso, o PT ainda n�o procurou o PDT de Ciro para discutir o cen�rio eleitoral. Sabendo que os petistas n�o t�m condi��es de fazer qualquer movimenta��o sem a anu�ncia de Lula, os pedetistas decidiram dar o primeiro passo em dire��o ao PT. A visita a Lula ser� na condi��o de "amigos" do ex-presidente.

"Tra�ra"

A visita de Ciro � vista com desconfian�a por integrantes do PT. A avalia��o no partido � de que ainda h� uma resist�ncia grande em rela��o ao nome do Ciro, o que j� foi captado pelos pedetistas. O recente discurso do ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) foi assimilado pelos petistas como uma posi��o isolada, j� que em outras situa��es Wagner tamb�m defendeu que o PT apoiasse candidatos de fora do partido como forma de manuten��o da esquerda no poder.

A ala contr�ria ao apoio a Ciro o chama de "tra�ra" e "oportunista" porque ele sinaliza que "quer voto do PT e de Lula, mas sem o Lula e sem o PT". A cr�tica se deve ao fato de Ciro n�o fazer defesas ostensivas do ex-presidente para n�o perder votos na classe m�dia e ao mesmo tempo evitar um confronto com o PT porque quer ser o candidato dos eleitores de esquerda que veem nele um nome combativo. Parlamentares do PT alegam que quando � da conveni�ncia, Ciro bate em Lula, mas com a pris�o passou a ado�ar discurso.

Nos bastidores, os petistas admitem que Ciro poderia ter apoio do PT se receber a "b�n��o de Lula". At� o momento, o �nico gesto de apoio de Lula foi em dire��o a Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D'�vila, que estiveram com ele no palanque de S�o Bernardo do Campo no �ltimo s�bado, 7. "� leg�timo Ciro tentar ser o herdeiro dos votos de Lula", rebateu Figueiredo.

Em meio � "como��o" causada pela pris�o de Lula, os petistas reclamam que Ciro disse que ele n�o era "puxadinho" do PT. O gesto foi visto como "pouco caso" por petistas.

Se por um lado Ciro tem boa rela��o com o ex-prefeito de S�o Paulo Fernando Haddad por outro tem dificuldades com outros dirigentes do PT, como a presidente Gleisi Hoffmann, que costuma falar com Carlos Lupi. Segundo Lupi, h� um contato permanente do PDT com Gleisi, com os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Humberto Costa (PT-PE) e com o l�der da oposi��o na C�mara, Jos� Guimar�es (PT-CE). Lupi diz que em nenhum momento os dirigentes petistas deram sinais de que est�o dispostos a negociar uma alian�a j� no primeiro turno.

Bloco

PT, PDT, PSB, PCdoB e PSOL voltaram a conversar nesta semana para discutir a elabora��o de uma nota conjunta de solidariedade a Lula. A mensagem tamb�m deve trazer cr�ticas ao recrudescimento do cen�rio pol�tico e � "intoler�ncia da direita".

As conversas do bloco formado por partidos de esquerda come�aram h� meses com o intuito de formar uma frente com bandeiras unificadas, ainda que com candidatos pr�prios. Os partidos j� lan�aram um manifesto defendendo pol�ticas em comum, mas n�o houve uma manifesta��o expl�cita de apoio a Lula na ocasi�o. Os petistas reclamam que o texto n�o tratou da situa��o de Lula por imposi��o de Ciro.

(Daiene Cardoso e Julia Lindner)