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Estado de Minas

'Geraldo � um corredor de maratona', afirma FHC


postado em 20/04/2018 12:54

S�o Paulo, 20 - A seis meses das elei��es, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) minimiza o fato de o pr�-candidato de seu partido ao Pal�cio do Planalto, o ex-governador de S�o Paulo Geraldo Alckmin, aparecer estagnado nas mais recentes pesquisas de inten��o de voto, na faixa dos 8%. "Geraldo � um corredor de maratona, n�o de 100 metros", disse FHC nesta quarta-feira, 18, ao jornal

O Estado de S. Paulo

, em seu escrit�rio na capital paulista.

O tucano, de 86 anos, cita como exemplo sua pr�pria campanha em 1994, quando s� decolou em junho na esteira do Plano Real. Sobre uma eventual candidatura do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, Fernando Henrique afirma: "Foi um juiz competente, teve coragem, mas isso qualifica voc� para presidente? Por isso s�, n�o". "N�o sei o que ele pensa."

Questionado se o fato de o senador A�cio Neves (PSDB) ter se tornado r�u pode contaminar a campanha tucana, Fernando Henrique cita o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva: "Qual foi o impacto na inclina��o pelo Lula? At� agora nenhum". Ao comentar a pris�o do petista, condenado na Lava Jato, ele rebate a tese do partido advers�rio, dizendo que n�o se trata de um preso pol�tico. "� um pol�tico preso."

Fernando Henrique lan�a nesta sexta-feira, 20, o livro "Crise e reinven��o da pol�tica no Brasil", pela Companhia das Letras. Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

No seu livro, o sr. fala que um l�der deve ser capaz de explicar, passar uma mensagem. Que mensagem � essa e quem seria capaz de transmiti-la hoje?

Sempre fomos um Pa�s que ach�vamos que daria certo, grande pela pr�pria natureza. Somos, mas n�o basta. Temos que ser grandes pela criatividade, tecnologia, capacidade. Tem que ter um rumo, essa � a mensagem. Para melhorar a vida das pessoas, com seguran�a, garantida a liberdade, crescendo a economia, emprego e bem-estar. Para isso, � preciso um governo que funcione. � simples, mas � preciso que quem emita a mensagem, tenha chama, toque no outro. O povo, por enquanto, n�o est� nem a�. Pol�tica � assim, estamos aquecendo os motores.

O livro fala ainda em uma "nova onda de direita". Quem representa esse movimento?

No Brasil, temos gente que n�o � nem de direita nem de esquerda, � atrasada. O nome mais falado agora � o de (Jair) Bolsonaro. N�o sei o que ele representa. Um sentimento de 'quero ordem, mata bandido?' � um sentimento que n�o tem express�o pol�tica. O que significa na economia, na vida social? � s� uma explos�o.

Sobre o Judici�rio, o sr. diz que teria se tornado mais consciente da sua autoridade e mais "perme�vel" � sociedade. O STF tem sido alvo de cr�ticas por isso.

Fomos n�s da Assembleia Constituinte que demos esse poder ao Supremo. Voc� pode requerer ao tribunal que, no v�cuo da lei, ele legisle. Ele tem abusado? N�o creio. Nas �reas comportamentais, como o Congresso fica receoso de avan�ar, �s vezes o Supremo avan�a.

E nos casos da Lava Jato?

A Lava Jato fez simplesmente o que todo mundo queria que se fizesse, pegou poderosos e ricos. O Supremo �s vezes d� um habeas corpus e a popula��o reclama, mas � que a lei permite liberar. N�o acho que a Lava Jato tenha, no geral, extrapolado. E muito menos que ela seja facciosa, pegue um s� partido. Estamos vendo agora, pegou os partidos que estavam no poder. Os que n�o estavam � natural que tenham menos foco na Lava Jato, porque n�o estavam metidos na cumbuca. N�o � que a Justi�a favorece os tucanos, favorece porque n�o est�o no poder. Lava Jato foi um fato pol�tico muito importante, mas n�o dota aquele que foi o protagonista de qualidades para ser l�der pol�tico. Mas h� uma tentativa tamb�m de atacar o (juiz S�rgio) Moro. Acho que ele � apenas um juiz correto, tenta aplicar as leis tal qual ele entende.

O STF tornou r�u A�cio Neves e, na pr�xima semana, Eduardo Azeredo, outro ex-presidente do PSDB, pode ser preso. Qual o reflexo disso na imagem do partido do qual � presidente de honra?

Eu n�o posso ficar contente quando vejo personalidades importantes sendo julgadas e presas. O Lula, voc� acha que eu fico satisfeito? N�o, mas n�o vou contra a Justi�a. No caso do A�cio, foi apenas iniciado o processo. Ele disse que vai demonstrar que n�o havia dinheiro p�blico envolvido. Eu n�o sei. Agora, eu n�o posso ser contra o que a Justi�a decidiu. Nem num caso, nem no outro. Tem efeito claro, prejudica os partidos. Mas juiz n�o tem de ver se tem efeito pol�tico, tem de ver os autos. Tem ind�cio de crime, abre o processo. Tem crime, condena. Foi o que eles fizeram.

Isso pode ter algum impacto na candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin?

Digo isso at� com constrangimento, mas qual foi o impacto na inclina��o pelo Lula (nas pesquisas)? At� agora nenhum. Eu acho que devia ter, mas n�o sei se vai. � prov�vel que as lideran�as (tucanas) discutam esse assunto. Como ele (A�cio) tem direitos pol�ticos, ele que vai decidir (se ser� candidato), mas acho que a lideran�a vai ponderar e dizer: 'Presta aten��o, olha as consequ�ncias'.

Joaquim Barbosa se filiou ao PSB. O sr. acha que ele pode ser esse novo na elei��o?

N�o sei o que ele pensa. O que ele pensa sobre economia? Sobre a sociedade? Pode ser que sim, mas eu n�o sei. Um perfil parecido com o dele, no imagin�rio, � o de Moro. Eu n�o sei se o Moro seria um bom presidente. O Joaquim Barbosa foi um juiz competente, teve coragem, mas isso qualifica voc� para ser presidente? Por isso s�, n�o.

Alckmin, entre os nomes colocados, parece ser o candidato de centro que mais tem viabilidade eleitoral, mas n�o decolou. Como isso vai se resolver?

Quando eu fui ministro, deixei o Minist�rio da Fazenda para ser candidato � Presid�ncia da Rep�blica em abril, acho. Quando chegou em maio, eu falei � Ruth (Cardoso, ex-primeira-dama, que morreu em 2008), 'n�o d� mais, vou desistir', porque eu tinha apenas 11%, o Lula tinha 40%. Quem me apoiava? Ningu�m. Que recurso eu tinha? Nenhum. Em junho, comecei a ganhar. Em agosto, estava na frente. Em outubro, ganhei no primeiro turno. O Geraldo � um corredor de maratona, n�o � de 100 metros rasos. �s vezes, voc� vai correr maratona e sai com velocidade de 100 metros e queima na largada. Vamos ver como vai ser, o que vai acontecer nesse jogo, que est� apenas come�ando. H� elementos para (se viabilizar como o candidato), mas precisa ver se vai conseguir.

O que representa a pris�o de Lula para o processo eleitoral?

Lula tem um peso simb�lico, foi l�der sindical, criou um partido. Ele n�o est� sendo processado pelo que fez politicamente. O PT est� dizendo: � um preso pol�tico. N�o �. � um pol�tico preso. A narrativa do PT � de preso pol�tico. Se fosse, eu estaria protestando. � preso por outras raz�es. Voc� pode dizer: decis�o n�o foi correta. Apela. A condi��o (de preso) vai pesar contra (no processo eleitoral), com o passar do tempo. A� na campanha os partidos v�o transformar um fato numa vers�o. Na pol�tica, n�o adianta eu ter raz�o, adianta ter capacidade de convencer, explicar. Melhor que n�o tivesse acontecido, mas aconteceu, e agora vamos ter que explicar � popula��o. A for�a simb�lica de Lula n�o � sobre o que ele faz e diz, mas sobre o que ele fez. E foi capaz de, ao fazer, cantar, cacarejar. Um dos defeitos do PSDB e meu � cacarejar pouco sobre o que se fez, quando se fazia. O Lula tem a virtude de que ele cacareja: eu fiz, eu fiz, agora sou ideia. A ideia pode ser boa ou pode ser m�, n�o sei (risos). Mas foi uma boa sacada.

O que uma eventual 3� den�ncia contra Temer representaria para o Pa�s, �s v�speras da elei��o?

Acho que seria insensato, porque vai ter uma luta de novo. � dif�cil que o Congresso a dois meses da elei��o v� tomar uma posi��o contra o presidente. Acho que deveria ter um pouco de pensamento institucional.

Do Minist�rio P�blico?

Inclusive. Tem de ter uma certa vis�o institucional do Pa�s. Se houve coisa errada, ele vai deixar de ser presidente, vai ser julgado. Por que balan�ar mais ainda a situa��o que j� � em si fr�gil? Tem coisas t�o importantes para fazer, retomar o crescimento, dar emprego, botar seguran�a na rua. Se fosse uma coisa afrontosa... Mas se for come�ar ver pelo em ovo para poder arranjar argumento para fazer um impeachment, processar presidente... Se fosse no come�o do governo, eu entendo. Mas no fim, com elei��o � vista? Tem de ter um pouco de modera��o.

E o que o sr. acha das manifesta��es de militares da ativa e da declara��o do general Villa B�as na v�spera do julgamento do habeas corpus de Lula?

Melhor que os militares n�o falem. Alguns amea�aram, o chefe do Ex�rcito n�o fez isso. Basicamente, foi uma mensagem interna corporis. Ele falou antes que outros falassem coisas mais desabusadas. N�o considero que a declara��o do ministro tenha sido uma amea�a. Ele disse o que todo mundo diz: a impunidade n�o pode prevalecer, a Constitui��o diz isso. Ele n�o disse 'condene fulano e beltrano'. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.

(Marianna Holanda e Eduardo Kattah)


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