Berna, 20 - Novos nomes de pessoas implicadas na Opera��o Lava Jato ainda v�o aparecer. Quem garante isso s�o os investigadores su��os que, tr�s anos depois de iniciar inqu�ritos, apontam que ainda est�o trocando informa��es sobre dezenas de contas envolvendo verdadeiras fortunas com o Brasil. Hoje, mais de cem casos criminais est�o em andamento na Su��a contra eventuais implicados na Lava Jato.
"Do ponto de vista da Su��a, o caso definitivamente n�o terminou", confirmou o procurador-geral da Su��a, Michael Lauber. Questionado se isso significa que novos nomes ainda aparecer�o, seu adjunto em Berna, Jacques Rayroud, deixou claro: "acho que voc�s escutar�o". "Acredito que existam ainda muitas informa��es e muita informa��o a ser fornecida. Mas as trocas de dados (entre Brasil e Su��a) s�o muito boas. Nesse momento, acredito que o Brasil tenha tido acesso a uma grande parte", disse o procurador.
Apesar dos avan�os nos trabalhos e dos amplos elogios dos su��os aos procuradores brasileiros, Lauber insiste que cabe ao Brasil julgar e oferecer provas para que possa recuperar o dinheiro ainda bloqueado.
"N�o trabalhamos para o Brasil. Trabalhamos para a Su��a", disse, ao justificar o fato de que um volume de R$ 2,8 bilh�es continua bloqueado em contas no pa�s europeu, tr�s anos depois do in�cio dos inqu�ritos. "Ainda temos US$ 800 milh�es bloqueados. O objetivo � o de fazer a investiga��o. Isso significa que temos lavagem de dinheiro ou corrup��o internacional. Mas precisamos ter o delito original", disse.
"Liberar o dinheiro n�o depende apenas de n�s. Mas de todos os implicados e isso pode ainda durar", indicou o procurador-geral. Al�m de estabelecer o delito original, a ideia � de que a informa��o prestada pelo Brasil permita que os su��os possam, ent�o, entrar na hist�ria para investigar. "N�o estamos aqui para duplicar o trabalho ou fazer a seu lugar. Mas para ajudar e lutar contra abuso do mercado financeiro su��o", disse.
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O Estado de S. Paulo
antecipou nesta sexta-feira, 20, o MP su��o confirmou em um informe anual que, de uma forma geral, bloqueou mais de US$ 1 bilh�o em ativos relacionados a suspeitos citados na Opera��o Lava Jato. Desse total, pouco mais de US$ 200 milh�es foram repatriados ao Brasil.
"O futuro desse dinheiro � o de dar de volta aos seus donos de direito, seja quem for. Mas, para isso, precisamos com certeza ajuda dos demais", insistiu. "N�o queremos esse dinheiro se ele n�o pertence aqui", garantiu.
Lauber lamentou o fato de que a for�a-tarefa conjunta entre Su��a e Brasil jamais ter sido formada. O ex-procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, havia fechado um entendimento com Berna. Mas, em 2016, o
Estado
revelou que o projeto foi bloqueado no Minist�rio da Justi�a e acabou jamais entrando em vigor.
Segundo Lauber, o mecanismo teria sido importante no in�cio do processo, quando se estabelecia ainda o crime principal. Hoje, a prioridade seria menor. "Mas sempre enfatizamos a import�ncia de um grupo conjunto", disse. "Seria um dos primeiros casos de uso desse instrumentos para corrup��o. Mas aceitamos que, neste momento, n�o � uma prioridade total no Brasil. Anda assim, n�o est� totalmente encerrado", afirmou.
Rayroud, procurador-geral adjunto, destacou o fato de que o volume de informa��o na Lava Jato apenas conseguiu ser lidado diante da cria��o de uma for�a-tarefa dentro do MP su��o, capaz de trazer especialistas de diferentes departamentos dentro da procuradoria. "Tivemos de nos organizar de forma diferente", disse. Segundo ele, o grupo se re�ne uma vez por semana para "gerar prioridades e estabelecer estrat�gias".
Todos em Berna, por�m, insistem que a coopera��o com a procuradora-geral da Rep�blica, Raquel Dodge, continua "excelente". "N�o vemos qualquer tipo de impedimento", disse Lauber, apontando que uma miss�o de seu gabinete foi ao Brasil no in�cio do ano para trocar informa��es e ouvir r�us.
Bancos
Parte do objetivo dos su��os em manter o processo � o de descobrir como suas institui��es poderiam ter colaborado com o esquema no Brasil. Segundo Lauber, o processo est� passando de uma primeira fase das investiga��es para tamb�m olhar para o papel dos intermedi�rios su��os.
Por enquanto, um processo criminal j� foi aberto contra um banco su��o. Mas o MP n�o descarta que outros possam ser alvo de processo.
Outro foco dos su��os � o de ampliar a coopera��o para o restante da Am�rica Latina. "Esse � um caso que tocou todo o continente. Existem muitos pa�ses que est�o interessados (em cooperar com a Su��a)", completou.
Os procuradores insistem que, mesmo depois do acordo de leni�ncia da Odebrecht em dezembro de 2016, os inqu�ritos continuaram e que mais de 50 pedidos de coopera��o foram apresentados por governos estrangeiros para que Berna repasse dados banc�rios de suspeitos. Al�m disso, os su��os buscam informa��es ainda sobre operadores e gestores su��os que tenham participado do esquema.
(Jamil Chade, correspondente)