Bras�lia, 21 - Na semana em que o senador A�cio Neves (PSDB-MG) se tornou r�u no Supremo Tribunal Federal por corrup��o passiva e obstru��o da Justi�a, novos depoimentos de delatores do Grupo J&F e da empreiteira Andrade Gutierrez ampliaram den�ncias contra ele. A�cio, alvo de uma a��o penal e oito inqu�ritos na Corte, foi tamb�m acusado de pressionar o ex-ministro da Justi�a Osmar Serraglio a nomear um delegado da Pol�cia Federal de sua prefer�ncia. Os fatos aumentaram o desgaste do senador mineiro no PSDB e a press�o para que ele fique afastado do processo eleitoral deste ano.
O empres�rio Joesley Batista afirmou em depoimento � PF anteontem ter repassado R$ 110 milh�es ao senador durante a campanha do tucano � Presid�ncia da Rep�blica em 2014 em troca de apoio nos neg�cios do Grupo J&F. A informa��o foi publicada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estado. O empres�rio entregou � PF uma planilha em que listou doa��es, ao lado de notas fiscais e de recibos com informa��es para comprovar o repasse ao senador.
Segundo Joesley, o valor foi dividido entre o PSDB - que teria ficado com R$ 64 milh�es -, o PTB - com R$ 20 milh�es - e o Solidariedade - que teria levado R$ 15 milh�es. Al�m disso, outros R$ 11 milh�es foram repassados, segundo Joesley, para as campanhas de pol�ticos que apoiaram o tucano na disputa pela Presid�ncia em 2014.
Em outro depoimento, o dono da J&F disse que pagou uma esp�cie de �mesada� de R$ 50 mil por m�s ao senador entre 2015 e 2017. No relato, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, o empres�rio afirmou que a �mesada� foi solicitada pelo senador mineiro para custear suas despesas e que o pagamento era feito por meio da R�dio Arco �ris, da qual A�cio era s�cio.
Os dois depoimentos de Joesley reafirmam as informa��es prestadas pelos executivos da J&F durante as negocia��es do acordo de colabora��o com a Procuradoria-Geral da Rep�blica em maio do ano passado.
Os executivos gravaram conversas com A�cio, o presidente Michel Temer e outros pol�ticos. O acordo de dela��o da J&F foi rompido pela Justi�a em setembro do ano passado ap�s �udios que mostravam que Joesley e o executivo da J&F Ricardo Saud omitiram informa��es da Justi�a virem � tona.
Andrade Gutierrez. Na ter�a-feira passada, o acionista da Andrade Gutierrez S�rgio Andrade afirmou que a empreiteira firmou um contrato R$ 35 milh�es com uma empresa de Alexandre Accioly para repassar recursos a A�cio. Accioly � amigo do senador mineiro. H� cerca de seis meses, o delator Fl�vio Barra, ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia, relatou que o repasse a Accioly era referente a uma sociedade que nunca existiu de fato.
S�rgio Andrade prestou depoimento em inqu�rito que apura o pagamento de propina ao tucano em troca de ajuda �s empreiteiras que participaram da constru��o da usina de Santo Ant�nio, no Rio Madeira, em Rond�nia. Ele tamb�m afirmou que um acerto foi feito entre a Andrade Gutierrez e a Odebrecht para o pagamento a A�cio.
Em dela��o premiada, Marcelo Odebrecht relatou a combina��o de um pagamento de R$ 50 milh�es a A�cio, sendo que R$ 30 milh�es seriam repassados pela Odebrecht e R$ 20 milh�es pela Andrade Gutierrez.
Na ter�a-feira passada, a Primeira Turma do Supremo acolheu den�ncia da Procuradoria-Geral da Rep�blica e tornou A�cio r�u em a��o penal. O tucano foi acusado de pedir ilicitamente R$ 2 milh�es a Joesley e de atrapalhar as investiga��es em torno da Lava Jato.
No mesmo dia, o deputado Osmar Serraglio (PP-PR), ex-ministro da Justi�a de Temer, afirmou no plen�rio da C�mara que sofreu press�es de A�cio e do tamb�m senador Renan Calheiros (MDB-AL), quando era ministro, para interferir nas investiga��es. Serraglio disse que trechos das grava��es telef�nicas entre A�cio e Joesley deixam claro que ele se recusou a ceder �s press�es do senador mineiro, que queria emplacar um novo delegado da PF de sua prefer�ncia. No di�logo, o senador mineiro se refere a Serraglio com palavr�es.
Desgaste. No PSDB, A�cio j� � visto como carta fora do baralho eleitoral. Primeiro-vice-l�der do PSDB na C�mara, Betinho Gomes (PE) disse que a situa��o � �muito delicada�. Para ele, o senador precisa �refletir�. �Ele perde a condi��o de disputar um mandato majorit�rio em Minas Gerais, ele est� muito fragilizado. Se insistir nesse movimento, tudo ser� usado contra ele na campanha eleitoral. Precisa considerar que o partido como um todo n�o pode ser sacrificado em fun��o dessas acusa��es�, disse o deputado.
A base mineira do Congresso tamb�m avalia que as condi��es se tornaram �insustent�veis�. Para um deputado ouvido pelo Estado, os novos depoimentos enterram de vez a possibilidade de o mineiro concorrer a um cargo majorit�rio.
Aliado de A�cio, o deputado Domingos S�vio (PSDB-MG) disse que ele vai colocar a decis�o na balan�a. �Ele pode entender que, n�o sendo candidato, pode contribuir com a elei��o do (Antonio) Anastasia (pr�-candidato tucano em Minas) e do Geraldo Alckmin�, afirmou. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Teo Cury, Fabio Serapi�o, Breno Pires, Julia Lindner, Renan Truffi e Daiene Cardoso)