Joesley confirma na PF R$ 500 mil para Ciro Nogueira 'na garagem de casa'

Bras�lia, 25 - O empres�rio Joesley Batista, acionista do grupo J&F, prestou depoimento � Pol�cia Federal no qual confirma ter repassado R$ 500 mil em esp�cie ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do Partido Progressista. As informa��es foram prestadas ao delegado Cleyber Malta Lopes no �ltimo dia 6 de abril, em relato dentro da investiga��o aberta para apurar se o ex-procurador Marcelo Miller auxiliou os delatores da J&F ainda quando estava na Procuradoria-geral da Rep�blica (PGR).

A informa��o sobre o novo depoimento de Joesley foi dada pela rep�rter Camila Bomfim, da TV Globo. O jornal O Estado de S. Paulo confirmou os dados e teve acesso ao relato de Joesley.

Nesta ter�a-feira, 24, Ciro foi alvo da Opera��o Lava Jato. Os agentes da Pol�cia Federal fizeram buscas no gabinete e na resid�ncia do senador, por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo. As buscas se estenderam tamb�m ao deputado Dudu da Fonte (PP/PE). Os dois negam envolvimento em propinas.

O empres�rio revelou os detalhes do repasse ao senador quando explicava ao delegado o conte�do e o motivo de ter feito uma grava��o chamada "Piau� Ricardo 3".

O �udio dessa grava��o � o mesmo que resultou no pedido do ent�o procurador-geral da Rep�blica Rodrigo Janot para que fosse aberta uma apura��o sobre poss�veis omiss�es no acordo dos executivos da J&F.

"Que o objetivo de tais grava��es era registrar os di�logos durante as tratativas e entrega de R$ 500 mil para Ciro Nogueira", disse Joesley no seu depoimento. De acordo com o empres�rio, a entrega dos valores foi efetuada pelo ent�o diretor de rela��es Institucionais da J&F, Ricardo Saud, na garagem da resid�ncia de Batista, na capital paulista, em 17 de mar�o de 2017.

O empres�rio disse ainda que a "grava��o ocorreu por acidente" e que n�o se recorda exatamente em poder de quem estava o gravador. "Que no momento da grava��o Piau� Ricardo 3, o depoente e Ricardo Saud n�o sabiam que o equipamento estava ligado e, somente no dia seguinte, quando Demilton, colaborador e funcion�rio da J&F, percebeu que o arquivo era muito grande e avisou o depoente sobre tal grava��o", disse Joesley.

Na vers�o do empres�rio, embora o conte�do dos �udios tenha "por acidente conversas de cunha pessoal e sobre intimidade de terceiros", a possibilidade de exclus�o o edi��o do material foi descartada.

Inqu�rito

Por conta de cita��es nas dela��es dos executivos da J&F, a PGR j� pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a instaura��o de novo inqu�rito contra o senador Ciro Nogueira (PP-PI) por supostos crimes de corrup��o e lavagem de dinheiro.

As acusa��es giram em torno do suposto recebimento de vantagens indevidas pelo PP para apoiar a reelei��o de Dilma Rousseff (PT) em 2014 e n�o agir contra a ex-presidente no processo de impeachment instaurado no Congresso Nacional.

O pedido de instaura��o de inqu�rito, feito em dezembro de 2017, � baseado na colabora��o premiada feita pela JBS em maio, que, segundo a PGR, revelam o pagamento de vantagens il�citas a Ciro Nogueira.

Defesa

O advogado criminalista Ant�nio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, se manifestou em nota: "O Senador nega peremptoriamente que tenha recebido este dinheiro. Sempre manteve rela��o com v�rios empres�rios, sempre de maneira republicana."

(Fabio Serapi�o e Amanda Pupo)