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Estado de Minas

Henrique Meirelles: 'minha candidatura � uma evolu��o natural'

Pr�-candidato diz que sair� de 1% nas pesquisas para ganhar elei��o


postado em 06/05/2018 06:00 / atualizado em 06/05/2018 08:20

(foto: Marcelo Ferreira/D.A Press)
(foto: Marcelo Ferreira/D.A Press)

Bras�lia –
A semana passada foi um divisor de �guas na vida do engenheiro Henrique Meirelles. Ele chegou de uma viagem internacional na ter�a-feira. Na quarta, mergulhou integralmente na pr�-campanha para a Presid�ncia da Rep�blica. E concedeu ao Correio Braziliense/Estado de Minas a primeira entrevista nesta nova fase. Aos 72 anos, Meirelles j� fez muita coisa na vida. Trabalhou no BankBoston, do qual se tornou o principal executivo mundial. Depois, foi presidente do Banco Central no governo de Lula, voltou ao setor privado, onde atuou para o grupo J&F. E voltou a Bras�lia h� dois anos para comandar a economia. Ele j� fez at� campanha eleitoral — foi o deputado mais votado de Goi�s em 2002 pelo PSDB, mas teve que renunciar ao cargo quando foi para o BC. Nada se compara, por�m, ao pr�ximo desafio, de chegar ao Planalto. Sobretudo quando se leva em conta que apenas 1% dos eleitores ouvidos nas pesquisas dizem que pretendem escolh�-lo. Ele sorri muito mais do que na �poca em que estava na Fazenda e assevera que � poss�vel vencer. Veja os principais pontos da entrevista.

Qual � o diferencial da sua candidatura?

Uma proposta baseada em realiza��es concretas e objetivas, desde a recupera��o da economia, que ocorreu a partir do segundo semestre de 2016 e se consolidou em 2017 e 2018. Isso envolve controle de infla��o, que � fundamental para a economia e tamb�m para o padr�o de vida das pessoas. Temos a menor infla��o desde 1998, e, para as classes mais baixas, a menor da hist�ria do pa�s. A velocidade da recupera��o � uma discuss�o muito t�cnica, porque, na realidade, sa�mos de uma recess�o de -3,5% (de queda do Produto Interno Bruto) e estamos crescendo a 1,17%. S� que esse n�mero � uma m�dia. Se pegarmos, na margem, o �ltimo trimestre de 2017 e compararmos com o �ltimo trimestre de 2016, o crescimento foi acima de 2% e entramos, neste ano, crescendo a um ritmo mais acelerado.

Mas o desemprego atinge 13,7 milh�es de pessoas.
O emprego tem reagido. Existiu um per�odo pior, no come�o de 2017, quando chegamos a ter 89,5 milh�es de pessoas trabalhando. No fim de 2017, eram 91,5 milh�es, um aumento de 2 milh�es de postos de trabalho. Em janeiro e fevereiro, houve cria��o l�quida. Os economistas ainda est�o analisando mar�o e talvez exista ru�do estat�stico, com dados do mercado informal, que n�o s�o precisos. � preciso levar em conta que o desemprego atingiu o maior patamar da hist�ria e n�o se corrige em passe de m�gica algo que levou v�rios anos para ser destru�do. N�o h� recupera��o do dia para a noite.

A explica��o t�cnica � impec�vel. Mas o que o senhor vai falar para quem ainda n�o conseguiu emprego?

� muito simples. O emprego que se destruiu em v�rios anos n�o se reconstr�i rapidamente. O fato � que essa reconstru��o est� em ritmo forte. N�o existe nada melhor, na minha vis�o, para qualquer argumenta��o do que os fatos. Mas estamos vivendo ainda as consequ�ncias de uma recess�o enorme, que foi a maior do pa�s. Vamos colocar assim: Algu�m ficou doente, foi para a UTI, teve melhora e saiu do hospital, mas n�o est� correndo ainda na mesma velocidade em que corria. Est� um pouco fraco, � verdade, mas houve um avan�o extraordin�rio.

Se o pa�s saiu do hospital, por que o presidente Temer tem rejei��o t�o alta e n�o consegue nem sequer circular pelas ruas?
� dif�cil avaliar a quest�o de popularidade. Acho que, no devido tempo, o trabalho dele ser� reconhecido.

Mas d� tempo de ser reconhecido at� a elei��o?
N�o sei. O pa�s j� est� se recuperando e crescendo, as reformas est�o produzindo efeito e o pa�s est� se modernizando. Historicamente, no Brasil, os governos s�o reconhecidos por controle de infla��o, n�o tenha d�vida, e por crescimento. Demora um pouco de tempo para a pessoa absorver, a n�o ser que haja algo como o Plano Real, quando teve queda brusca da hiperinfla��o. A percep��o foi imediata. Mas isso � raro na hist�ria.

O senhor tem de convencer o MDB a aprovar  candidatura em uma conven��o. O senador Renan Calheiros diz que o senhor � a vers�o piorada de Temer.
Ele est� errado. O MDB tem oportunidade hist�rica de ter um presidente, na medida em que o partido est� dirigindo o pa�s em um momento em que ele sai da maior recess�o da hist�ria, de uma crise maior que a de 1929. A popula��o vai reconhecer isso no devido tempo. Testes qualitativos mostram com muita clareza que existe uma possibilidade de, com a devida informa��o, haver mudan�a muito grande da avalia��o dos eleitores. Tenho minha estrutura de pesquisas mais profundas e, no meu caso espec�fico, algumas coisas que s�o vistas, por alguns, como negativas, s�o vistas pela popula��o como positivas.

Por exemplo?

O fato de eu n�o ter um hist�rico pol�tico e ter um bom hist�rico de servi�o p�blico. O fato de ter sido presidente do Banco Central durante os oito anos do governo Lula, de ter controlado a infla��o e o PIB do pa�s ter voltado a crescer. O fato de eu ter sa�do no governo Dilma e o pa�s entrou em recess�o e em crise. E, agora, quando eu voltei ao governo com Temer, estamos fazendo o pa�s voltar a crescer e a infla��o cai de novo.

Como o senhor vai trabalhar o fato de v�rios integrantes do MDB envolvidos em esc�ndalos e investigados?

Existem membros de todos os grandes partidos brasileiros sendo acusados. Isso n�o � uma exclusividade do MDB. Inclusive, o l�der do PT est� detido. O PSDB tem tamb�m acusa��es extensas.

O senhor tamb�m j� trabalhou para a JBS. Como vai responder a isso?
Exatamente como tenho respondido. Com serenidade e tranquilidade. Esse assunto j� est� devidamente esclarecido, j� foi investigado suficientemente. Est� desaparecendo.

Mas o senhor n�o teme que isso seja usado contra o senhor?
A maior parte da minha carreira profissional foi no BankBoston, institui��o internacional, em que trabalhei por 30 anos. Fui presidente mundial. Essa foi a minha principal carreira. Fui primeiro e �ltimo brasileiro numa posi��o dessas. Fui presidente do Banco Central no governo Lula. Sa�, e, depois de cumprir quarentena, fui presidente do conselho do Lazard, um dos maiores bancos internacionais. Al�m disso, prestei servi�o de orienta��o para a montagem da plataforma digital do Banco Original (da holding J&F), que �, ali�s, bem-sucedida. Foi um trabalho essencialmente t�cnico.

O senhor aceitaria ser vice de outra chapa?

O MDB fez uma pesquisa interna e a maioria dos membros do partido, mais de 60%, optou por ter uma candidatura pr�pria. Caso o presidente decida que n�o deve concorrer, nessa hip�tese, deverei ser o candidato do partido. N�o se justifica, portanto, alian�a com outros partidos, na medida em que a grande hist�ria de sucesso no Brasil hoje � do MDB. Nada impede o PSDB aceitar a candidatura de vice-presidente.

O senhor vai financiar a pr�pria campanha?

A princ�pio, sim, eu tenho condi��es para isso. Tenho que analisar os custos da campanha e ver qual a defini��o dos limites de autofinanciamento. Com tudo definido, vou olhar isso, mas n�o � um assunto que me preocupa.

O senhor pretende levar o que fez na economia para outros setores? Nas �reas que mais preocupam os brasileiros, como seguran�a e educa��o, qual � o seu projeto?

Vamos come�ar com seguran�a. Em primeiro lugar, temos que ter um pa�s crescendo, gerando aumento de arrecada��o para os estados, que s�o os respons�veis prim�rios pela seguran�a no pacto federativo. A crise do Rio tem origem prim�ria no estado de calamidade financeira decretada pelo governo estadual. A recupera��o fiscal � fundamental, assim como um plano de integra��o de pol�cias e sistemas de planejamento e informa��o. Depois, temos que ter tamb�m todo um projeto de melhora de prote��o de policiamento de fronteiras terrestres e a�reas. Em resumo, acho que � um plano nacional, que envolve um pa�s em recupera��o econ�mica. Um pa�s com a Uni�o e os estados quebrados n�o enfrenta os problemas nas �reas de seguran�a e de educa��o, nem de sa�de.

E educa��o?
A quest�o da educa��o � principalmente para quem cursa o ensino m�dio: Houve aumento grande de estudantes na escola e no n�mero m�dio de anos de cada estudante nas escolas, mas a qualidade caiu. E isso foi resultado de uma abordagem ideol�gica dos governos anteriores, de n�o priorizar o desempenho. A busca do desempenho � o pr�ximo passo na educa��o. Para isso, a reforma do ensino m�dio � fundamental. Tem que mudar a estrutura, remunera��o, treinamento, e focar o desempenho. J� tive a oportunidade de ir para a Coreia do Sul para estudar esse assunto. � um exemplo clar�ssimo para o Brasil. O segredo do crescimento de longo prazo foi a educa��o.

Precisa de mais verba para a educa��o?
Tamb�m, mas de olho na qualidade e com foco na meritocracia. Sou a favor da escola sem partido. O estudante tem que ter provas que v�o aumentando a exig�ncia ao correr do tempo, com todo um processo voltado para o desempenho. O estudante estar� melhor se ele aprender, e n�o, simplesmente, se passar de ano.

E temas pol�micos como libera��o de aborto e uni�o homoafetiva?
Tenho posi��o liberal, em geral, nos costumes, preservando os valores da fam�lia. Acredito na liberdade individual das pessoas, preservando, no entanto, os valores das diversas religi�es. Respeito o direito daquelas religi�es que s�o contra o aborto e o casamento de homossexuais. Por outro lado, sou liberal e acredito na libera��o de costumes. O Estado n�o deve intervir.

O senhor tem uma trajet�ria bem-sucedida. Por que a Presid�ncia da Rep�blica agora? � um desejo antigo?
� uma evolu��o natural e � uma manifesta��o que comecei a ver em um grande n�mero de pessoas. � normal eu ir, nos mais diversos eventos no Brasil e no exterior, e as pessoas me procurarem dizendo: “Precisamos de um homem como o senhor”, exatamente por toda a minha caracter�stica e trajet�ria. Nos testes qualitativos que fizemos, uma das perguntas �: “Quais s�o as caracter�sticas que voc� acha que deve ter o pr�ximo presidente da Rep�blica?”. “Compet�ncia, seriedade, experi�ncia e honestidade” s�o as quatro caracter�sticas que as pessoas apontam no pa�s inteiro. Depois de contar minha hist�ria, mostrar v�deos e publica��es, essas pessoas atribuem essas caracter�sticas a Henrique Meirelles.


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