
S�o Paulo – A menos de cinco meses da elei��o presidencial, a desist�ncia do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa de disputar o Pal�cio do Planalto alterou o xadrez eleitoral, que j� tem pelo menos 22 pr�-candidatos � ca�a de votos e despertou a aten��o de praticamente todos os concorrentes, seja de direita, centro ou esquerda, inclusive com a possibilidade de ter o magistrado aposentado como vice.
Afinal, o ex-ministro da Suprema Corte apareceu com 10% das inten��es de voto na mais recente pesquisa Datafolha, superando inclusive o ex-governador de S�o Paulo Geraldo Alckmin, que j� concorreu ao Planalto e tem percentual menor. A d�vida � para onde v�o os votos do ex-ministro.
Cogitado h� alguns meses como um dos nomes fortes para a disputa, Barbosa anunciou a desist�ncia em sua conta no Twitter. “Est� decidido. Ap�s v�rias semanas de muita reflex�o, finalmente cheguei a uma conclus�o. N�o pretendo ser candidato a presidente da Rep�blica. Decis�o estritamente pessoal”, escreveu o ex-ministro, que se filiou ao PSB em abril. O recuo de Barbosa abriu uma lacuna no PSB, que decidir� agora se vai mesmo lan�ar outro nome ou partir� para alian�as.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse ser “compreens�vel” a decis�o de Barbosa. “Ele (Barbosa) avisou hoje (ontem). Ligou agradecendo muito ao partido, disse que refletiu muito e que tinha decidido n�o ser candidato.”, afirmou Siqueira. Segundo ele, Barbosa alegou quest�es de foro �ntimo para n�o disputar. “Disse a ele que era compreens�vel, porque � uma decis�o de foro muito �ntimo ser ou n�o candidato numa elei��o”, afirmou, sem explicar quais as raz�es de foro �ntimo.
“Estivemos juntos na semana passada, tomamos uma s�rie de decis�es, mas ele recuou”, declarou o dirigente partid�rio. Siqueira disse que a decis�o de Barbosa “n�o chega a ser completamente uma surpresa”. “Essa d�vida ele sempre teve”, contou. “Nunca asseguramos a legenda para ele, assim como ele nunca assegurou para n�s que seria candidato. Ent�o, estava dentro do combinado”, acrescentou. O presidente disse que o partido vai discutir o que fazer a partir de agora nas pr�ximas semanas.
TUCANOS
O recuo de Joaquim Barbosa teve repercuss�o imediata entre os 10 presidenci�veis que participaram ontem da 73ª Reuni�o da Frente Nacional de Prefeitos, em Niter�i (RJ). Geraldo Alckmin, que preside o PSDB, disse que j� poderia ter feito alian�a com o PSB. “Se dependesse de mim, j� est�vamos juntos com o PSB. Agora, temos que respeitar. � outro partido, tem uma l�gica pr�pria. Vamos aguardar”, afirmou Alckmin, logo ap�s a desist�ncia de Barbosa.
Alckmin, entretanto, preferiu manter cautela. “Voc� s� pode fazer alian�a com quem n�o tem candidato. S� vai saber quem n�o tem em junho. E o Brasil � uma federa��o, n�o tem elei��o s� para presidente da Rep�blica, tem tamb�m para os estados. Tem muitas singularidades”, ponderou. Ele elogiou Barbosa. “Tenho um grande respeito pelo Joaquim Barbosa. Ali�s, tinha declarado isso reiteradamente, por quest�o de valor, esp�rito p�blico, preparado, servi�o prestado ao Brasil. H� de se respeitar a sua decis�o”, afirmou. O tucano sinalizou, entretanto, que Barbosa poder� participar de “alguma forma” de sua campanha ou do seu eventual governo.
REDE A pr�-candidata da Rede, Marina Silva, disse que a decis�o de Barbosa ainda � muito recente e � preciso dar tempo ao PSB para debater a decis�o. “Boa parte da base da nossa proposta para 2018 est� constru�da em cima do programa de 2014, que fizemos juntos”, disse, lembrando que o ent�o candidato do PSB, Eduardo Campos, acolheu a Rede quando a sigla n�o havia ainda conseguido o registro de partido na Justi�a Eleitoral e que ela assumiu a cabe�a de chapa ap�s a morte de Campos em acidente a�reo.
Para o pr�-candidato �lvaro Dias (Podemos), ainda � dif�cil avaliar qual candidatura vai beneficiar� com a decis�o de Barbosa. Questionados sobre a possibilidade de o ex-presidente do STF ocupar a vaga de vice em suas chapas, Alckmin, Dias e Marina foram reticentes e destacaram a import�ncia de respeitar a “decis�o pessoal” de Barbosa.
O pr�-candidato do PRB � Presid�ncia, empres�rio Fl�vio Rocha, tamb�m est� de olho nos eleitores de Barbosa. “Os votos s�o de eleitores que demandam mudan�a e renova��o. Nosso projeto pode ser o escoadouro desses votos”, disse Rocha. Para tanto, elogiou Barbosa: “Joaquim � uma das pessoas mais importantes da hist�ria recente do Brasil. Entendo os motivos dele desistir. Sei dos ataques que ele pode sofrer, como tenho sofrido em rela��o a minha fam�lia e religi�o.”
ESQUERDA
A desist�ncia de Joaquim Barbosa � considerada positiva, principalmente no campo da esquerda. O pr�-candidato do PDT � Presid�ncia, Ciro Gomes, lamentou a sa�da do ex-ministro do STF. Embora Ciro e o PSB desconversem, nos bastidores fala-se em alian�a entre os dois partidos para a disputa presidencial. Para o ex-governador do Cear�, Barbosa representa a �tica.
“Ele passou dois anos no hor�rio nobre na TV (durante o julgamento do mensal�o, em 2012), mas n�o tinha se posicionado ainda sobre economia e desenvolvimento”, afirmou Ciro, que evitou dizer se procurar� o PSB. “O PSB deve ser reconhecido como o partido de grande tradi��o”, limitou-se a dizer.
Aliado de Ciro, o prefeito de Niter�i, Rodrigo Neves, disse que a decis�o abre espa�o para a uni�o dos setores progressistas. “A situa��o do pa�s � dram�tica na economia, com desemprego e aumento da pobreza, na crise de confian�a e da democracia. A desist�ncia de Joaquim Barbosa abre enorme possibilidade de uni�o dos setores progressistas e de centro esquerda”, declarou ele no intervalo da reuni�o de prefeitos.
BOLSONARO
O pr�-candidato � Presid�ncia da Rep�blica pelo PSL, Jair Bolsonaro, que n�o esteve na reuni�o da Frente Nacional de Prefeitos, rebateu declara��es de Joaquim Barbosa em entrevista ao jornal O Globo. Depois de desistir de sua candidatura, o ex-ministro do Supremo disse que tem tr�s preocupa��es com o futuro pr�ximo do pa�s: a poss�vel elei��o de Bolsonaro, a continuidade de Michel Temer no governo e a volta da ditadura militar. “� um atestado de completa ignor�ncia pol�tica. Se ele n�o quer ajudar o Brasil, tudo bem, estou sozinho nessa briga (contra a corrup��o). Ele poderia ser candidato e ajudar”, afirmou Bolsonaro.
O deputado, entretanto, disse que que tem “d�vida de gratid�o” com Barbosa. “N�o quero mal a ele, pois foi o �nico que disse a verdade sobre mim. Quando julgou o mensal�o, disse que eu era um dos �nicos que n�o tinham sido comprados. E agrade�o muito por ter falado isso.”
Bolsonaro acredita pode ganhar espa�o com a sa�da de Barbosa da disputa eleitoral, j� que o perfil do eleitor de ambos � “parecido”. Mas o parlamentar deu a entender que n�o comemora a retirada da candidatura, porque os dois poderiam fazer a campanha presidencial empunhando a bandeira contra a corrup��o.
PR�-CANDIDATOS
Corrida ao Pal�cio do
Planalto j� tem 22 nomes
» Afif Domingos (PSD)
» Aldo Rebelo (Solidariedade)
» �lvaro Dias (Podemos)
» Ciro Gomes (PDT)
» Cristovam Buarque (PPS)
» Eymael (PSDC)
» Fernando Collor (PTC)
» Fl�vio Rocha (PRB)
» Geraldo Alckmin (PSDB)
» Guilherme Boulos (Psol)
» Henrique Meirelles (PSD)
» Jair Bolsonaro (PSL)
» Jo�o Amoedo (Novo)
» Levi Fidelix (PRTB)
» Luiz In�cio Lula da Silva (PT)
» Manuela D’�vila (PCdoB)
» Marina Silva (Rede)
» Michel Temer (MDB)
» Paulo Rabelo de Castro (PSC)
» Rodrigo Maia (DEM)
» Val�ria Monteiro (PMN)
» Vera L�cia (PSTU)