Depois de muito resistir a press�es, o senador Antonio Anastasia (PSDB) ter� a pr�-candidatura ao governo de Minas lan�ada oficialmente pelo partido hoje, em um ato em Contagem, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Visto como o nome mais forte para unir as oposi��es ao governador Fernando Pimentel (PT), o tucano tenta agregar os pr�-candidatos do DEM, Rodrigo Pacheco, do PSB, Marcio Lacerda, e do Solidariedade, Dinis Pinheiro, em um chap�o, para retornar ao Pal�cio da Liberdade.
O sr. afirmou v�rias vezes que n�o seria candidato ao governo e hoje est� lan�ando sua pr�-candidatura oficialmente. O que o fez mudar de ideia?
N�o era minha pretens�o me candidatar, mas as circunst�ncias acabaram me levando a aceitar esse grande clamor de que nosso nome seria capaz de agregar for�as para modificar o panorama do estado. Os outros nomes colocados no campo da oposi��o n�o estavam conseguindo o adensamento necess�rio para fazer esse enfrentamento. � como se particip�ssemos de uma entidade, tiv�ssemos cuidando dela, a� voc� viaja e quando volta v� que ela est� toda desmazelada, n�o est� prestando um bom servi�o. Voc� tem vontade de ajudar a resolver, em raz�o da experi�ncia. Me entusiasmei. Houve apoio de muitas lideran�as e vamos continuar com essa pr�-candidatura.
Quais s�o os tr�s principais gargalos do estado hoje e como resolv�-los?
A pr�pria autoestima do mineiro hoje � muito baixa, em raz�o da situa��o em que Minas se encontra. Um estado que n�o cumpre as determina��es constitucionais de repasse das verbas devidas aos 853 munic�pios. Se o estado n�o consegue cumprir nem aquilo que � obriga��o, que � o repasse autom�tico, j� � uma das principais mazelas. O funcionalismo, recebendo parcelado e, muitas vezes, sem saber quando, tamb�m � um segmento que tem sofrido muito. Conseguimos colocar, em 2004, o sal�rio no quinto dia �til e assim foi por mais de 10 anos. Mas de modo especial, temos o cidad�o, porque n�o h� duvida nenhuma de que temos hoje uma defici�ncia dos servi�os p�blicos em termos do que havia antigamente, na qualidade da seguran�a, da sa�de, da educa��o. O estado precisar� de um conjunto estrat�gico muito firme de a��es para um processo de reconstru��o que o leve de volta ao campo do desenvolvimento.
Se o sr. for eleito, vai acabar com o escalonamento?
Ser� a prioridade n�mero um do governo colocar as contas em dia, o que inclui evidentemente voltar a pagar no quinto dia �til. Acho que qualquer pessoa que assuma o governo dever� ter essa prioridade.
O sr. saberia dizer quando?
Ningu�m poderia afirmar isso, porque depende do fluxo de caixa. Seria n�o s� temer�rio, como irrespons�vel, algu�m (fixar data) a esta altura, sem conhecer as finan�as do estado em detalhes, sem saber o desdobramento da situa��o. Agora, claro que a prioridade ser� essa, porque o funcionalismo conta com isso para a sua vida.
Qual sua avalia��o do governo Pimentel?
Fomos aliados no passado, na elei��o do Marcio Lacerda (� Prefeitura de BH), e sempre tive conv�vio pessoal respeitoso. Como administrador, penso que em um estado que j� atravessava desde 2013 uma situa��o nacional de crise, medidas que deveriam ter vindo para criar mais economia n�o foram feitas e houve um agravamento da situa��o. Uma pol�tica que n�o vejo � a de est�mulo ou incentivo � vinda de ind�strias. V�rios programas importantes foram suspensos, alguns alegadamente sob falta de recursos, outros n�o sei por que motivo. S�o v�rios equ�vocos que na sua soma levam a uma administra��o negativa. A crise n�o foi enfrentada com o rigor devido. Ent�o, a avalia��o que se tem do governo – e n�o � a minha pessoal, � a que se aufere na opini�o p�blica – hoje n�o � positiva.
O sr. acha que Pimentel deve sofrer impeachment?
� mat�ria da Assembleia, n�o conhe�o os termos do processo. At� pela minha forma��o e pelo fato de ter sido relator e muito cuidadoso com as quest�es t�cnicas do impeachment federal (da ex-presidente Dilma Rousseff), seria totalmente irrespons�vel opinar aqui.
Se eleito, vai reativar a Cidade Administrativa ou alugar, como quer o atual governo?
Esse � mais um equ�voco. A cr�tica que se faz � aos pr�dios, mas fico triste porque n�o se deu sequ�ncia ao que � muito mais importante, que � o processo de desenvolvimento do Vetor Norte. N�o vi nenhuma palavra do governo a favor do aeroporto em Confins, que � uma �ncora do desenvolvimento do estado. Acho que toda a Regi�o Norte se ressente dessa esp�cie de abandono. A not�cia que tenho � que o governador teria deixado de frequentar o Pal�cio Tiradentes. Acho um equ�voco, trabalhei l� durante quatro anos, ia e voltava diariamente de autom�vel. Avan�amos muito. Imagine se hoje ainda tiv�ssemos as secretarias onde funciona o circuito cultural (da Pra�a da Liberdade)? Qual foi o grande valor que BH agregou com o circuito cultural? O atual governo critica o custo da Cidade Administrativa, mas se esquece dos bilh�es gastos nas estradas. Ligamos 220 munic�pios por asfalto e ele n�o ligou nenhum, e n�o vejo coment�rio dessas obras. Os bilh�es que foram repassados aos munic�pios para saneamento e sa�de, nada disso se comenta.
O grupo do sr. se esfacelou nessa aus�ncia do sr. e do senador A�cio. Acredita que ainda possa reunir os partidos que formaram seus governos?
Acho que a maioria voltar� durante o processo eleitoral e, certamente, depois, no governo, caso eleito, teremos todos eles na administra��o do estado. Mas tenho confian�a de que muitos j� vir�o agora no processo eleitoral.
Rodrigo Pacheco, Dinis Pinheiro e Marcio Lacerda. Quem estar� na campanha do senhor?
Respeito muito os tr�s, tenho rela��es pessoais de proximidade, s�o lideran�as muito importantes, cada qual com seu estilo e perfil. Gostaria muito de ter a converg�ncia de todos, mas isso ainda � motivo de conversa, at� porque a elei��o estadual em Minas n�o � isolada da nacional, que tamb�m est� muito indefinida, principalmente os candidatos do centro.
Quem ser� seu vice? Pode ser algum desses tr�s?
Tamb�m n�o est� escolhido. Vamos fazer isso dentro de uma converg�ncia dos partidos que nos apoiam. No momento oportuno vamos ver quem tem o melhor perfil para agregar ao meu, porque ningu�m ganha elei��o sozinho. S�o bons nomes, mas vamos conversar com muitas lideran�as para identificar um que seja um bom perfil.
Que avalia��o o senhor faz do ex-prefeito Marcio Lacerda, que pode ser um advers�rio nas urnas?
Foi um bom governo municipal, fez uma administra��o proba, s�ria, competente e bem avaliada. O prefeito teve em 2016 uma op��o pol�tica de afastamento do PSDB e desse grupo nuclear, que inclusive esteve ajudando nas suas elei��es, em 2008 e 2012. Agora, nada impede que nessas conversa��es eventualmente haja o retorno. Isso est� no espectro de conversas.
O senador A�cio Neves vai concorrer ao Senado ou C�mara, e qual ser� a participa��o na campanha?
O senador A�cio tem uma trajet�ria muito significativa, especialmente administrativa em Minas, pelo conjunto da obra que realizou. Neste momento, enfrenta quest�es processuais e est� muito dedicado � sua defesa. Temos que respeitar o tempo para que ele decida e vamos aguardar com muita tranquilidade.
A�cio n�o tem participado de eventos do PSDB ou do grupo e, nos bastidores, dizem que a presen�a dele no partido atrapalharia a forma��o de alian�as. O PSDB est� escondendo o senador?
Isso n�o existe, evidentemente. O A�cio � senador da Rep�blica, no exerc�cio do seu mandato. Tem todas as prerrogativas inerentes a essa fun��o. E ele tem se dedicado muito, � sabido, neste momento a realizar a sua defesa, que tem que ser feita. At� porque, h� uma presun��o da inoc�ncia que muitas vezes esquecemos.
O senhor espera uma elei��o de um ou dois turnos?
A possibilidade maior, tendo hoje o cen�rio atual, sinaliza que teremos um segundo turno. Pode ser que, daqui um m�s e meio ou dois meses, essas for�as se acomodem e haja uma polariza��o. A� pode ser que eventualmente a campanha ser resolva em primeiro turno. Hoje eu n�o acredito nisso.
Qual foi o erro que levou o PSDB a perder o governo para o PT em 2014 e como fazer diferente nessa campanha?
Quando se perde uma elei��o n�o existe um �nico erro. Foi um conjunto equ�vocos que lamentavelmente acabaram ocasionando a derrota e prejudicando, naquele momento, a candidatura presidencial do senador A�cio. Muitas vezes voc� perde uma elei��o e ganha outra. FHC perdeu elei��o de prefeito em SP em 1988 e foi presidente da Rep�blica em 1994. O senador Itamar perdeu a elei��o em MG para governo em 1986 logo depois foi vice-presidente e presidente, depois voltou ao governo de Minas. A decis�o � sempre do eleitor, que vai decidir qual a melhor proposta naquele momento.
Os ex-governadores Geraldo Alckmin e Jos� Serra tamb�m s�o alvo de den�ncias. Teme que isso te prejudique?
Uma coisa � a acusa��o e outra � a condena��o. Hoje, em raz�o das v�rias investiga��es, todas as pessoas que foram candidatas a cargos majorit�rios, de todos os partidos nos �ltimos 20 anos, de uma forma ou de outra, se viram objetos de acusa��o. Acredito que isso n�o vai ter nenhuma repercuss�o, at� porque em Minas as pessoas me conhecem bem, tenho muita tranquilidade quanto a esse aspecto. Lamentavelmente, o quadro atual do Brasil levou a um processo geral de descr�dito e isso acaba vitimizando a classe pol�tica como um todo. Temos que separar os fatos e garantir direito de defesa a todos.
O sr. quer Alckmin em seu palanque?
O governador Alckmin � o candidato do partido e meu candidato, um dos motivos que me levaram � pr�-candidatura � a vincula��o com ele. Acredito que tem o perfil adequado para o Brasil neste momento: um homem de tranquilidade, de concilia��o. A meu ver, neste momento isso � um grande atributo. Sou um entusiasta da candidatura dele, ele vir� muitas vezes a Minas e pretendo apoi�-lo de maneira vigorosa.