Bras�lia, 17 - O ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, minimizou nesta quinta-feira, 17, a descoberta de registros da Ag�ncia Central de Intelig�ncia (CIA) americana, que documentam a participa��o de agentes do Estado brasileiro em opera��es para torturarem ou assassinarem cidad�os brasileiros no per�odo da ditadura militar. Questionado sobre qual seria o procedimento do minist�rio ap�s o governo brasileiro requerer os documentos, Luna disse que este assunto se "esgotou" e � apenas uma quest�o de "historiadores".
"Para o Minist�rio da Defesa, esse tema se esgota na Lei da Anistia. A partir da�, � uma atividade para historiadores e, se tiver demanda, para a Justi�a. Isso passa a ser assunto de historiadores e Justi�a, se houver demanda. Com a Lei da Anistia, do ponto de vista militar, este assunto est� encerrado", disse.
A declara��o de Luna contradiz a postura do pr�prio governo. Nesta semana, em visita � China, o chanceler Aloysio Nunes confirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que vai requisitar os documentos "que ainda n�o foram publicados".
A medida atende a um pedido feito pelo presidente do conselho do Instituto Vladimir Herzog, Ivo Herzog. Na �ltima sexta-feira, ele enviou carta ao Itamaraty solicitando ajuda para obter junto ao governo norte-americano "a libera��o completa dos registros.
A iniciativa do governo brasileiro se segue � revela��o feita na semana passada pelo pesquisador da Funda��o Get�lio Vargas Matias Spektor, sobre um registro da CIA de 1974 informando que o ex-presidente Ernesto Geisel (1974-1979) aprovou uma pol�tica de "execu��es sum�rias" de opositores do regime. A informa��o estava em um documento desclassificado pelo Departamento de Estado dos EUA em 2015.
"Os documentos hist�ricos que narram este terr�vel cap�tulo de nossa hist�ria e que o Estado brasileiro, atrav�s das suas For�as Armadas, proclama estarem destru�dos, foram preservados por outra na��o", diz a carta do Instituto.
Outro memorando, de 11 de fevereiro de 1971, escrito pelo assessor do Conselho Seguran�a Nacional dos Estados Unidos Arnold Nachmanoff, divulgado pelo Estado hoje, mostra que o governo americano acreditava que o presidente brasileiro Emilio Garrastazu M�dici "devia ter consci�ncia da extens�o da viol�ncia usada pelas for�as de seguran�a brasileiras". "E, talvez, dado consentimento t�cito em vez de enfrentar os elementos da linha dura nas For�as Armadas."
(Renan Truffi)